Dom Gilvan
Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge
Beneditino)
Salvador, Bahia – 26 de agosto de 2024
Na imponente e antiga cidade de Czestochowa, na Polônia, encontra-se o Sagrado Ícone da Mãe de Deus, belo e valioso não só para o povo polonês, mas também para o mundo inteiro, o qual, segundo a Tradição da Igreja, este ícone foi pintado pelo Apóstolo São Lucas, o Evangelista que mais escreveu nos Evangelhos sobre a Virgem Maria, a Mãe de Jesus.
O santo ícone de Nossa Senhora de Czestochowa chegou a Polônia na segunda metade do século XIV, precisamente por volta do ano de 1382 e até hoje muitas pessoas do mundo inteiro alcançam numerosas graças e milagres extraordinários sob a proteção e a invocação da mãe de Deus de Czestochowa.
Fiéis de todas as partes do mundo se ajoelham em veneração diante da Sagrada imagem da virgem Maria, a qual também é chamada de Virgem de Monte Claro ou Virgem de Jasna Gora. Ou como também a chamam de a Virgem Negra, por causa da cor escura do santo ícone. Esta sagrada pintura de Nossa Senhora encontra-se atualmente venerado no imponente Santuário na cidade de Czestochowa, na Polônia. Papas e Reis, ricos e pobres, governantes de países, se ajoelharam diante de Maria a Rainha do céu e da terra, colocando em suas mãos as suas vidas e as dos seus familiares, e dela, receberam favores espirituais e materiais. Pois, Nossa Senhora sempre socorre seus amados filhos, assim como nos ensina São Bernardo de Claraval: "Todos aqueles que recorrem a Maria, recebem muitas graças das mãos de Deus".
No século IX a valiosa pintura de Nossa Senhora, foi presenteada pelo Imperador Bizantino, da época, a uma princesa da Grécia que se casara com um nobre da Rutênia, região que compreendia parte dos atuais territórios da Bielorrússia, Rússia, Ucrânia e Polônia. Assim, o Sagrado ícone foi colocado no Palácio de Belz onde aí permaneceu por quase 600 anos.
A rainha Santa Edwiges e o seu esposo o rei Ladislau II, assumiram com grande amor a devoção à Virgem de Czestochowa e deram muitas de suas doações em agradecimento para o Santuário. E, a pedido do rei, o Papa Martinho V enriqueceu o Santuário de Monte Claro com diversas indulgências e com a bênção papal.
Ludovico, por volta do ano de 1380 tornou-se rei da Rutênia e o Príncipe Ladislau, polonês, sobrinho de Ludovico, o qual era muito piedoso, e grande devoto da Santíssima Virgem Maria, ao tomar posse do Castelo de Belz, encontrou nas dependências do Castelo o sagrado ícone, e, assim, tomou-o como objeto da sua devoção. O príncipe rezava todos os dias diante da sagrada imagem da Mãe de Deus.
Quando a cidade foi atacada pelos tártaros, o príncipe, temendo as pilhagens e as depredações dos invasores, resolveu transportar a imagem da Virgem Maria para a cidade de Opole, capital de seu principado na Polônia. É desde esse período que o sagrado ícone de Nossa Senhora, encontra-se nas terras polonesas.
No ano de 1382 o príncipe confiou o santo ícone sob a guarda dos monges Paulinos (Ordem de São Paulo) de cuja ordem ele era o benfeitor. Portanto, o príncipe mandou construir o mosteiro e o santuário de Monte Claro, ou Jasna Gora, próximo da cidade de Czestochowa. Também doou terras e aldeias próximas, a fim de garantir a preservação do centro de devoção à Mãe de Deus e para a subsistência dos monges Paulinos que eram os guardiões do Sagrado ícone.
Segundo os relatos históricos, diante dos numerosos milagres que eram alcançados, às pessoas colocavam grandes doações diante da imagem de Nossa Senhora de Czestochowa em agradecimento. Joias, dinheiro e outros objetos valiosos, etc. Por esse motivo, despertou a cobiça de muitos ladrões. Assim se conta, que, na madrugada do Domingo de Páscoa do ano de 1430 um grupo de assaltantes invadiu o santuário em busca dos valiosos tesouros, mas, não encontrando as riquezas que procuravam, roubaram cálices, cruzes e outros objetos sagrados do Santuário; portanto, aborrecidos, por fim, voltaram-se para o ícone de Nossa Senhora e golpeando-o por três vezes feriram a sua santa face, marcas que vemos até os dias atuais. Eles roubaram-lhe o ouro e as joias, os ornamentos com os quais os fiéis tinham ornado o ícone. Após os golpes da espada em seu sagrado rosto, quebraram o suporte de madeira em que estava pintada a imagem.
Ao saberem desse episódio, toda a população ficaram consternados com o sacrilégio contra o sagrado ícone da Mãe de Deus e a sua excelsa Rainha. Entre lágrimas e súplicas ofereceram reparação a Deus e a Virgem Maria pela profanação que acontecera. Portanto, Levaram o santo ícone ao rei Ladislau para que fosse restaurado. E o rei enviou-o para vários artistas renomados na Europa para que assim fosse restaurado. Porém, os artistas vendo a sensibilidade do ícone, preservou as cicatrizes na face direita da Virgem, cobrindo-as com traços de tinta vermelha e até hoje podemos ver as marcas daquele atentado de 1430. O quadro após ser restaurado voltou para seu lugar de origem no santuário de Jasna Gora, recebendo os seus adornos de ouro, prata, pedras preciosas e uma maior segurança. E, até hoje, nesse local de culto, a Mãe de Deus continua a derramar muitas graças sobre todos aqueles que lhe procuram com fé e devoção, pois, ela é Mãe misericordiosa de todos os cristãos.
No ano de 1655 a Polônia foi invadida pelo exército sueco. As defesas já se haviam tomadas pelo invasor. O rei Casemiro refugiou-se num país estrangeiro ficando apenas 300 soldados que ainda ofereciam resistência às tropas suecas. Portanto, os monges do mosteiro Paulino de Monte Claro, que eram os guardiões da santa imagem de Nossa Senhora, se aliando aos poucos soldados que combatiam a tropa sueca, intercederam a Mãe de Deus com orações e com muita confiança, a sua poderosa proteção para a cidade e o país; fazendo procissões ao redor dos muros do seu convento, conduzindo o quadro milagroso de Nossa Senhora de Jasna Gora; abençoando com ele os defensores da cidade. Seis semanas depois o milagre acontece, através de Nossa Senhora sua protetora. Os suecos reconheceram a inutilidade de seus esforços contra a tomada da cidade e se retiram. A população novamente rendem graças a Santíssima Virgem Maria pelo prodigioso milagre que ocorrera diante da retirada sueca. O rei Casimiro retorna a sua corte e, solenemente consagra o seu reino a Nossa Senhora de Czestochowa, proclamando-a Rainha de toda a Polônia.
Porém, no ano de 1920 um outro confronto se inicia. Um confronto militar contra a Rússia e a Polônia estava a ponto de ser invadida e dominada. Os poloneses muito devotos da Virgem Maria de Czestochowa dirigiam-se todos os dias ao Santuário de Jasna Gora implorando o socorro da mãe de Deus. E, como sempre, mais uma vez, foram atendidos os seus rogos diante de Deus pelas mãos de Maria sua Mãe. Com isso, esse episódio ficou conhecido como: “Milagre de fístula”.
Vinte anos depois na Segunda grande Guerra Mundial (1939-1945) sobre a dominação dos nazistas as peregrinações ao Santuário de Czestochowa foram proibidas por esse regime. No entanto, muitos poloneses cultuavam secretamente a mãe de Deus no sagrado ícone e mais uma vez receberam dela valimento esperado; ou seja, que não fossem dominados pelos nazistas. Portanto, ao terminar a grande e destruidora guerra, milhões de pessoas se reuniram na cidade Czestochowa para agradecer a Virgem Maria de Jasna Gora ou Monte Claro ou então a Virgem Negra como a chamavam, consagrando ao seu Sagrado Coração, mais uma vez, a sua querida Pátria. Nesse episódio, vemos, mais uma vez, outra tentativa histórica de deter o culto à Virgem Mãe de Deus, e assim, esse plano foi novamente frustrado, pois, o braço da poderosa Virgem Maria não pode ser atados por nenhum regime opressor.
Diante de tantos milagres e valimentos que os poloneses e as outras nações do mundo receberam de Nossa Senhora de Czestochowa, mais uma grande alegria e um presente de Deus e de Maria para aquele povo polonês e para o mundo cristão, ocorreu. Na noite do dia 16 de outubro do ano de 1978 a Polônia sentiu-se novamente agraciada por nossa senhora de Czestochowa ou Monte Claro. O júbilo apoderou-se de todos. O querido Cardeal polonês Karol Józef Wojtyła acabara de ser eleito Sumo Pontífice para Sé de São Pedro em na cidade de Roma, assumindo o nome de João Paulo II. Com isso, o culto a Nossa Senhora de Czestochowa se expandiria mais pelo mundo cristão. São João Paulo II fez questão de ressaltar a devoção a Maria com o lema: Totus tuus. "Todo teu". Assim, São João Paulo II envia uma carta ao Geral do mosteiro Paulino de Czestochowa acompanhada de duas coroas de flores para Nossa Senhora de Czestochowa com essas palavras de confiança e entrega a Mãe de Deus: “Recomendo a nossa Pátria, toda a Igreja e a mim mesmo a vossa proteção maternal [...] “Totus tuus!".
Peçamos sempre a proteção materna de Nossa Senhora, nos seus milhares de títulos, que ao longo da história do cristianismo apareceu como uma forma de bondade de Deus para nós. Jesus Cristo está sempre pronto a nos atender pelas mãos de sua amada Mãe. Seja a Virgem Maria a nossa Mestra de Vida, pois ela nos leva sempre ao seu Filho Jesus.
Virgem de Czestochowa, intercedei a Deus por todos nós. Amém!
ORAÇÃO DE SÃO JOAO PAULO II A
NOSSA SENHORA DE CZESTOCHOWA
"Não poderíamos, pois, encerrar de modo melhor estas páginas dedicadas a Nossa Senhora de Czestochowa, do que fazendo eco à súplica que São João Paulo II a Ela dirigiu, numa de suas viagens ao Santuário de Monte Claro:”
“Mãe de Jasna Gora e Rainha, venho hoje a Ti numa peregrinação de fé, para Te agradecer a incessante proteção sobre a Igreja inteira e sobre mim. (...) Com grande confiança me apresento neste santo lugar na Colina de Jasna Gora, tão cara ao meu coração para mais uma vez exclamar: Mãe de Deus e nossa Mãe, agradeço-Te ser a Estrela Polar da construção de um futuro melhor para o mundo, a Padroeira da edificação da civilização do amor em todo o gênero humano. (...)
"Mãe da Igreja, Virgem Auxiliadora, na humildade da fé de Pedro trago aos teus pés a Igreja inteira, todos os continentes, países e nações, que acreditaram em Jesus Cristo e reconheceram n'Ele o sinal-guia no caminho através da história. Aqui trago, ó Mãe, a humanidade inteira, também aqueles que ainda estão em busca do caminho rumo a Cristo. Sê para eles guia e ajuda-os a abrirem-se ao Deus que vem. Trago-Te na oração os povos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e confio à tua solicitude materna todas as famílias das nações. (...)
Virgem, Mãe de Deus, ajuda-nos a entrar no terceiro milênio do cristianismo através da porta santa da fé, da esperança e da caridade. Ó clemente, ó pia, ó doce Virgem Maria, aceita a nossa confiança, fortalece-a nos nossos corações e apresenta-a diante da face do Deus único na Santíssima Trindade. Amém!”.
Oração
do Papa São João Paulo II
no
Santuário de Nossa Senhora de Monte Claro,
Cidade de Czestochowa, 04 de junho de 1997
Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)