Serva de Deus Madre Vitória da Encarnação, rogai por nós. Amém.
Dom Gilvan
Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador, Bahia
– 18 de julho de 2020
“Agora regozijo-me nos meus
sofrimentos por vós, e completo o que falta às tribulações de Cristo em minha
carne pelo seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
DADOS BIOGRÁFICOS
NASCEU:
No dia 6 de março de 1661 na cidade do Salvador, Bahia – Brasil.
PAIS:
Bartolomeu Nabo Correa,
capitão de infantaria e Dona Luísa
Bixarxe.
IRMÃ:
Madre Maria da Conceição.
INGRESSO NO MOSTEIRO:
No dia 29 de setembro de 1686, juntamente com sua irmã mais velha a Madre Maria da Conceição, às
7:00h da manhã com grande piedade.
MORREU:
No dia 19 de julho de 1715 (54 anos),
no Convento de Santa Clara do Desterro, em Salvador, Bahia – Brasil.
LOCAL DA SEPULTURA:
Convento de Santa Clara do Desterro, Salvador, Bahia – Brasil.
ABERTURA DO PROCESSO DIOCESANO PARA A BEATIFICAÇÃO
E CANONIZAÇÃO:
No dia 19 de novembro de 2019, no Convento de Santa Clara do Desterro, Salvador
– Bahia.
ATRIBUTOS:
Crucifixo, lírio, caveira, disciplina, cilício.
PADROEIRA:
Protetora dos viajantes, auxiliadora dos pobres e doentes, restituidora de
pessoas e objetos desaparecidos.
- Tela de Madre Vitória no Convento do
Desterro, Salvador - Bahia.
Encomenda pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do
Brasil o
Reverendíssimo Dom Sebastião Monteiro da Vide, SJ.
Inscrição: “Tela da Venerável Madre
Soror Vitória da Encarnação, religiosa de singulares virtudes, que floresceu
neste convento e faleceu em 19 de julho de 1715, de idade de 54 anos. Por ordem
do Ilustríssimo Senhor Arcebispo Sebastião Monteiro da Vide, que também lhe
escreveu a sua vida”.
BIOGRAFIA DA SERVA DE DEUS MADRE VITÓRIA DA
ENCARNAÇÃO, O.S.C
(1661-1715)
No dia 19 de julho, do ano de 1715,
morria no Convento de Santa Clara do Desterro, na cidade do Salvador da Bahia, a
Venerável Madre Vitória da Encarnação, O.S.C, religiosa monja
professa da Ordem de Santa Clara de Assis, com grande fama de santidade. Monja
muito penitente e de grandes virtudes. Possuía uma bondade extraordinária para
com todos e alma mística. Assim, ela viveu as virtudes da fé, esperança e
caridade no meio de suas irmãs de hábito em seu convento. No entanto, sua fama
de santidade e bondade não se restringiu apenas ao seu convento do Desterro,
mas, fora dele. Por esse motivo, já no século XVIII esta monja Clarissa era
venerada por todos aqueles que conheciam a sua vida de santidade ou até quando
ouvia falar da Madre Vitória da sua bondade para com todos. Principalmente os
mais necessitados. Prova disso, era o grande amor paternal e veneração que lhe
tinha o Arcebispo de São Salvador e Primaz do Brasil, o Ilustríssimo e Reverendíssimo Dom
Sebastião Monteiro da Vide, SJ (1643-1722),
o qual encomendou logo após a morte da Reverenda Madre Vitória que fosse
pintada uma tela em grandes proporções em sua homenagem. Esta tela atualmente
se encontra na cela onde morreu a religiosa na qual traz a seguinte inscrição: “Tela da Venerável Madre Soror Vitória da
Encarnação, religiosa de singulares virtudes, que floresceu neste convento e
faleceu em 19 de julho de 1715, de idade de 54 anos. Por ordem do Ilustríssimo
Senhor Arcebispo Sebastião Monteiro da Vide, que também lhe escreveu a sua
vida”.
Cinco anos após a morte da Madre
Vitória, o mesmo Arcebispo Dom Sebastião Monteiro, escreveu um livro sobre as
suas virtudes com o título: História da Vida, e Morte da Madre Soror Victória da
Encarnação, dedicando este brilhante trabalho às
Reverendas Madres do Convento do Desterro. Esta obra foi editada somente em
Roma, Itália. Livro muito importante para o conhecimento da personalidade da
Madre Vitória, onde o arcebispo mostra de maneira brilhante e clara, detalhes
da existência dessa alma iluminada pelo Espírito Santo.
MADRE VITÓRIA DA ENCARNAÇÃO, O.S.C
nasceu no dia 06 de março do ano de 1661 na cidade do Salvador da Bahia. Era
filha do capitão de infantaria Bartolomeu Nabo Correa e de Dona
Luísa Bixarxe, que eram nobres e bastante virtuosos. Este casal
tiveram cinco filhos. Um homem e quatro mulheres, dos quais três morreram
crianças, ficando assim, duas meninas. Estas foram criadas com uma esmerada
educação e com muita devoção e recolhimento sendo isso bastante notório para
toda a cidade do Salvador.
O Sr. Bartolomeu, desejando formar
mais na fé religiosa a sua querida filha Vitória, fala com a jovem moça a
respeito do ingresso no recolhimento do Desterro, tentando assim convencê-la do
ingresso no mesmo, mas, a jovem moça não concordando com a proposta do seu pai,
lhe diz que jamais entraria nesse lugar, pois ela possuía um certo horror a
este ambiente. Assim dizia ela: “É
mais fácil me cortar a cabeça do que escolher o estado religioso”. Tal
era a repugnância que esta possuía da vida no convento. Mesmo assim, o senhor
Bartolomeu busca ajuda do padre jesuíta João de Paiva para tentar convencer
a jovem. Mas, nada nem ninguém a convencia do seu modo de pensar. Até aí
Vitória nem imaginava os planos que Deus reservava para ela. Os caminhos do
Senhor são diferentes dos nossos caminhos.
Certo dia, algo acontece na vida da
jovem Vitória. Numa noite qualquer, a pobre menina teve um sonho que muito lhe
intrigou. Porém, ela, ainda diante desse primeiro toque da mão divina, nada
percebeu sobre a vontade de Deus no tocante a sua vida. Estava sem dúvida
decida em nunca abraçar a vida de religiosa. Certamente pensara ela ser mais um
sonho entre tantos outros que tivera. Mas, Deus a queria de todo jeito junto a
si.
Certa noite ela sonhara com Nossa Senhora e o Menino Jesus que lhe mostraram umas
flores muito belas e cheirosas. Vitória lhes pedem algumas, mas, o Menino Jesus
lhe manda que fosse busca-las no convento do Desterro porque lá havia com
abundância e ela recusou o pedido de Jesus. (VIDE, VII, 1720, p. 12).
Tal era o desprezo que a jovem possuía por este lugar. Este foi apenas o
primeiro sonho preparatório para a mudança de Vitória. Mais dois sonhos estavam
para vir.
Não bastando este primeiro toque da
mão divina de Deus, um segundo sonho lhe veio numa outra noite. Na qual sonhara que estava em companhia do Menino
Jesus andando por um campo colhendo flores, e o Menino a levava por um caminho
que ela não sabia (não conhecia), e que advertindo que guiava para o convento
do Desterro, ela lhe dizia: “Meu Menino para o Desterro nada, ide vós se
quereis? Mas eu não”. E dizendo isto fugia correndo para casa. (VIDE,
VIII, 1720, p. 13).
Mas a menina ainda não entendia o que
estava acontecendo diante destes avisos que o bom Deus lhe mandara a respeito
de sua futura vocação religiosa. Ou ainda por sua pouca idade e faltando os
conhecimentos nestes assuntos de religião, ou mesmo por não desejar pensar no
recolhimento do Desterro. E até aí não fazia nenhuma reflexão sobre estes
acontecimentos oníricos que até então tivera. Por ela não se aperceber da
bondade e dos planos que o Senhor lhes preparara, um terceiro sonho lhe é
apresentado e, este, não tem mais as flores costumeiras dos dois anteriores
mas, um sonho assustador enchendo-lhe de medo para que assim seja clara a sua
santa vontade. E assim, Deus lhe toca com mais pesada mão.
Em mais uma noite, a jovem Vitória “sonha que estava a navegar em um grande
navio, e em companhia de muitos passageiros, dos quais alguns deles estava
sentados em cima da cobertura soprando-lhe um vento brando e favorável, e
prosseguiam alegres e contentes a sua viagem; e outros dos quais se achavam
também a jovem Vitória, metidos debaixo da coberta, e quase submergidos em água
suja e fétida esperavam e temiam a morte em momentos. E perguntando ela sem
saber a quem, a causa da desigual sorte de uns, e outros navegantes? Lhes foi
respondido (seria sem dúvida pelo seu anjo da guarda, que qual outro Daniel lhe
interpretou o sonho) que nos que estava em cima da cobertura se representavam
os religiosos, que sempre alegres e contentes pela paz, e sossego da boa
consciência navegam na possante não da religião o tempestuoso mar do mundo ao Porto
da glória. E que nos de baixo da cobertura temiam o naufrágio significavam os
mundanos, que engolfados no turvo e fétido lodo de suas culpas, como
desventurados baixeis se vão pouco a pouco submergindo no mar da morte, e
abismo de penas infernais” (VIDE, X 1720, p. 14-15).
Foi através deste toque mais severo de
Deus que a jovem Vitória despertou não só do sonho, a qual estava banhada em
suores frios, naquela noite, e muito arrependida, mas, também do seu obstinado
horror de seguir o Cristo na vida religiosa. Por isso, pediu perdão à Divina
Majestade propondo com muita firmeza de ingressar na segura Barca da religião
para evita o miserável naufrágio, que lhe mostrara o triste, e funesto sonho. E
para a surpresa de todos, o milagre acontece. Vitória pede com insistentes
rogos ao pai que deseja ingressar o mais rápido possível no convento do
Desterro. Assim, como antes ela estava certa que não desejaria ingressar jamais
naquele lugar, agora estava mais convicta ainda que deveria logo ingressar naquele
convento. “Pediu a seu pai
instantemente posta de joelhos, que assim a ela como a sua irmã as recolhesse
no mosteiro do Desterro com a maior brevidade, que lhe fosse possível”
(VIDE, XI, 1720, p. 16).
No dia 29 de setembro de 1686,
ingressam no convento do Desterro na cidade do Salvador a Madre Vitória da Encarnação
e sua irmã mais velha a Madre Maria da Conceição às
7:00h da manhã com grande piedade. Seus votos religiosos foram professados na Festa das onze mil Virgens, em 21
de outubro memória de Santa Úrsula, tendo como pregador M.R.P.M Frei Euzébio de Matos
(Ordem dos Carmelitas).
Madre Vitória teve uma intensa vida de
oração e fazia rigorosas penitências por todos, alcançando através delas uma
extraordinária vida mística e muitos benefícios para o seu próximo. Por sua
entrega sincera e total a Cristo seu Senhor e Redentor, realizou curas
milagrosas principalmente após a sua morte. Nos relatos de sua vida e virtudes
vemos vários casos de milagres que ocorreram por suas incessantes preces e
muitas penitências que fazia. Esta serva de Deus alcançou aquele cume da
iluminação do Espírito Santo, próprio dos santos místicos do cristianismo, ou
seja, ela compreendeu de modo pleno o valor dos sofrimentos para a salvação das
almas e para a maior glória de Deus. Por isso, nunca rejeitou nenhum fardo por
maior que fosse. Sempre encontrou forças no Cristo para enfrentar com coragem e
amor a sua pesada cruz. Como nos ensina o Magistério da Igreja: “Se um homem se torna participante dos
sofrimentos de Cristo, isso acontece porque Cristo abriu o seu sofrimento ao
homem, porque ele próprio, no seu sofrimento redentor, se tornou, num certo
sentido, participante de todos os sofrimentos humanos. Ao descobrir pela fé, o
sofrimento redentor de Cristo, o homem descobre nele, ao mesmo tempo, os
próprios sofrimentos, reencontra-os, mediante a fé, enriquecidos de um
novo conteúdo e com um novo significado” (SALVIFICI
DOLORIS n. 20).
Olhando para os muitos benefícios que
ocorreram na sua existência pelo seu intermédio e orações, bem como após a sua
santa morte, esta serva de Cristo é sempre invocada como a protetora dos
viajantes, auxiliadora dos pobres e doentes, restituidora de pessoas e objetos
desaparecidos. E, por causa deste grande amor que possuía, podemos aplicar a ela
a bela passagem do Evangelho: “Dou-vos um
mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos
também uns aos outros. Nisso reconhecerão todos que sois meus discípulos se
tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13, 34-35). E ainda: “Só um coração silencioso é capaz de um verdadeiro amor, não somente
amor a Deus na contemplação, mas também amor aos outros”. (LELOUP, 2003, p.
43). Assim foi a vida dessa grande Abadessa do Desterro.
Madre Vitória da Encarnação faleceu
com grande fama de santidade no dia 19 de julho do ano de 1715 no Convento do
Desterro na cidade do Salvador. Os seus restos mortais repousam na igreja do
convento. Morreu apenas com o seu hábito monja, pois, tinha dado tudo o que
possuía. Ela fez o seu trânsito pobremente a exemplo do seu Seráfico Pai São
Francisco de Assis e sua Mãe Santa Clara de Assis e como pede a sua Regra de
vida. (cf. VIDE, XCV, p. 116).
Peçamos sempre a intercessão da Madre
Vitória da Encarnação para que ela nos ajude a sermos mais fiéis aos projetos
de Deus em nossas vidas. Em relação à vida da Madre Vitória podemos aplicar o
que disse São Pedro na sua primeira carta para os cristãos: “Assim, aqueles que sofrem segundo a vontade
de Deus confiam suas almas ao fiel Criador, dedicando-se à prática do bem”
(1Pd 4,19).
ORAÇÕES À MADRE VITÓRIA
DA ENCARNAÇÃO, O.S.C
ORAÇÃO À MADRE VITÓRIA DA ENCARNAÇÃO,
O.S.C
-
Esta é a mais antiga oração dirigida a serva de Deus Madre vitória da
Encarnação, feita por uma monja do seu convento do Desterro que estava em
perigo de morte e foi curada de imediato. (VIDE, CXV, 1720, p. 134).
Minha Madre Vitória
(minha afilhada do meu coração), vós
não éreis tão caridosa em curar os doentes quando vivia? Não prometestes, que
se vos vísseis diante de Deus nos socorreríeis? Pois vos peço me valhais, e me
alcanceis do mesmo Soberano Senhor, tirar-me esta dor, que tanto me atormenta.
ORAÇÃO À MADRE VITÓRIA DA ENCARNAÇÃO,
O.S.C
Pai Santo, tu quiseste que tua filha, Vitória
da Encarnação, respondesse generosamente ao amor de teu Filho
crucificado, contemplando intensamente a sua Paixão. Seu exemplo nos inspire a
olhar para a cruz com amor e a participar de perto do sofrimento de nossos
irmãos e irmãs. Suplicamos-te, pois, que ela seja elevada à glória dos altares;
e que sua intercessão nos obtenha a graça que, confiantes, te pedimos (pede-se a graça). Por Cristo nosso
Senhor. Amém.
IMPRIMATUR
Salvador, 25 de março de 2016
+ Murilo Sebastião Ramos Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia e
Primaz do Brasil.
ORAÇÃO PARA A BEATIFICAÇÃO E
CANONIZAÇÃO DA SERVA DE DEUS
MADRE VITÓRIA DA ENCARNAÇÃO, O.S.C
- Ó Coração Eucarístico de Jesus, que
debaixo das espécies sacramentais, dia e noite até a consumação dos séculos,
estais oculto no Santíssimo Sacramento do Altar, sempre pronto e solícito para
ouvir as nossas preces e atender as nossas súplicas, nós, confiados na vossa
misericórdia infinita e no vosso mais santo amor, aqui estamos a vos rogar a
glorificação da vossa serva fiel, Madre Vitória da Encarnação.
(Pai
Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai)
- Senhor, Vós que com a vossa graça,
fizestes da Madre Vitória, devota ardente da vossa Sagrada Paixão, a
tal ponto que procurou copiar em si, perfeitamente esta mesma Paixão, com
fervorosas orações, contínuos jejuns e rigorosas penitências, ouvi benigno os
nossos rogos.
(Pai
Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai)
- Ó Jesus, em nome também das almas
que penetraram a pátria celeste por intermédio da Venerável Madre,
que não cessava de rezar e de se disciplinar em favor das almas do purgatório,
ouvi os nossos rogos pela glorificação desta vossa serva. (Faz-se o pedido). Enfim,
Senhor, no vosso Coração Eucarístico depositamos este pedido: Que a Madre
Vitória da Encarnação seja elevada à honra dos altares, para a
vossa maior glória, triunfo da vossa Igreja e também para a glória da pátria
brasileira que vive sob a guarda da vossa Santa Cruz. Amém.
(Pai
Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai)
COROA À MADRE VITÓRIA DA ENCARNAÇÃO,
O.S.C
(Para
devoção privada)
COMO REZAR:
Reza-se:
-
O CREDO
-
O PAI NOSSO
-
E TRÊS AVE MARIA
Nas
contas grandes reza-se:
-
Deus onipotente e eterno, a quem Madre Vitória serviu de todo o coração, pela
intercessão da mesma Madre, atendei às nossas súplicas.
Nas
contas pequenas reza-se:
-
Madre Vitória da Encarnação, rogai por nós!
(As
54 contas pequenas representam a idade que tinha a Madre, quando faleceu. Estão
divididas em seis grupos de nove contas.)
GRAÇAS ALCANÇADAS FAVOR INFORMAR PELO
ENDEREÇO:
Convento
de Santa Clara do Desterro
Rua Santa Clara, s/n – Nazaré
CEP: 400040-450 – Salvador – Bahia.
E-mail: causademadrevitoria@gmail.com
REFERÊNCIAS
VIDE,
Sebastião Monteiro. História da Vida, e Morte da Madre Soror Victória da Encarnação:
Religiosa Professa no Convento de Santa Clara do Desterro da Cidade da Bahia.
Roma: Na Estamparia de Joam Francisco Chracas, 1720.
Ut In Omnibus
Glorificetur Deus (RB 57, 9)