domingo, 26 de fevereiro de 2017

UMA HISTORIOGRAFIA DA SANTA DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E A IMPORTÂNCIA DO NOSSO CORAÇÃO DIANTE DE DEUS.


Uma bela oração ao Sagrado Coração de Jesus

Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador - BA – 26 de fevereiro de 2017

Quando o Cristo Senhor habita em nós, o mal não consegue fazer morada em nosso coração, porque esse coração só pertence a ele. Pois, onde Deus habita o mal não pode habitar jamais. Portanto, se Ele habita em nós, também habitamos em seu Sacratíssimo Coração, que é um refúgio seguríssimo.
(D. Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B)


INTRODUÇÃO

"A tradição espiritual da Igreja insiste também no coração, no sentido bíblico de “fundo do ser” (Jr 31,33), onde a pessoa se decide ou não por Deus” (CIC n. 368). Aí está uma frase muito importante do Catecismo da Igreja, onde o nosso coração está como a sede dos nossos sentimentos, um lugar de encontro com o Senhor. Mas para esse encontro, devemos a todo instante estarmos atentos a esse “fundo do ser”, lugar em que só Deus pode habitar. É por isso que o Catecismo nos diz que devemos nos decidir ou não por Deus.

Veremos aqui a importância desse órgão, o coração, para que assim possamos entender o grande amor do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo por nós. E, para que possamos nos refugiar em seu Sacratíssimo Coração que é uma fonte de amor. Pois não existe lugar mais santo nem mais seguro do que o doce Coração do Salvador.

Portanto, foi necessário uma breve história do culto ao Coração de Jesus através dos séculos. Como Jesus é também Deus, como nos diz São João em seu Evangelho: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1), trazemos algumas passagens do Antigo Testamento onde faz referência ao Coração de Deus na condução do seu povo Israel, e o coração do homem que deve buscar a Deus.

No Novo Testamento sabemos muito bem que a referência sem dúvida está principalmente naquelas duas passagens do Evangelho de São João na narrativa da Última Ceia, onde, o apóstolo, reclina a cabeça no peito de Jesus (Jo 13, 23). A outra passagem, vemos no relato da cruz quando o soldado fere o lado de Cristo com a lança (Jo 19, 24).

Tendo visto algumas passagens da Escritura, passamos para os escritos de alguns dos santos, pois são muitos os que se referiram ao Coração de Jesus. Aqui, por primeiro, coloco Santa Gertrudes de Helfta (1256-1302), no século XIII, monja da Ordem de São Bento, que teve grandes revelações do Sagrado Coração de Jesus. Depois veremos São Boaventura (1221-1274), São Francisco de Sales (1567-1622), Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), a mais conhecida propagadora da devoção ao Coração de Jesus, Santa Faustina Kowalska (1905-1938) e a belíssima Carta Encíclica Haurietis Aquas do Papa Pio XII, escrita no ano de 1956, sobre o Culto ao Sagrado Coração de Jesus.

É bem certo o que nos disse o Bernhard Haering no seu livro, “O Coração de Jesus e a salvação do mundo” quando ele nos fala do esfriamento da devoção. Assim nos diz ele:

 A devoção ao Sagrado Coração, fonte de tantas bênçãos durante tanto tempo, foi declinando em muitos lugares nas últimas décadas. São múltiplas e complexas as causas. Uma é reconhecida no resfriamento do amor de muitos, em uma falta da capacidade de entusiasmar-se por tudo o que não é diretamente tangível, no apego aos bens e aos prazeres, no bombardeamento obsessivo da memória e do coração por imagens e sons, além de uma insuficiente compreensão da sua base teológica (HAERING, 1985, p. 7).

Falo a todos que é de grande proveito estarmos ligados a esse belíssimo e importantíssimo culto. Dou aqui, minha pequeníssima contribuição diante da grandeza desta santa devoção.

No mais, refugiemo-nos no Doce Coração de Jesus que é a fonte de nossa salvação!

Aprendi esta oração ao Coração de Jesus, no catecismo, quando criança, e a tenho rezado até o dia de hoje. Todos os dias eu me refugio neste lugar santo.

Oração
Sacratíssimo Coração de Jesus, fonte de todo bem, adoro-Vos, creio em Vós, espero em Vós e arrependo-me de todos os meus pecados; dou-Vos este meu pobre coração, fazei-me humilde, paciente, puro e conformado com todos os vossos desejos; dai ó bom Jesus, que eu viva em Vós e Vós em mim; protegei-me nos perigos, consolai-me nas tribulações e aflições; concedei-me a saúde do corpo, vossa bênção para todos os meus trabalhos e a graça de uma santa morte. Amém.


Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência.



UMA HISTORIOGRAFIA DA SANTA DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E A IMPORTÂNCIA DO NOSSO CORAÇÃO DIANTE DE DEUS

Quando nos sentimos ameaçados por algo que venha a nos fazer mal, a primeira atitude que tomamos é nos proteger com algo ou em algum lugar seguro que nos dê um valimento e um acolhimento onde possamos nos sentir em total segurança ante o perigo que nos rodeia.

Muitos são os refúgios que o mundo nos oferece. Porém, nenhum deles nos dar segurança duradoura e tantos bens quanto o Sacratíssimo Coração de Jesus nos concede.

Ainda não vi nem tenho conhecimento de nenhum ser que buscasse refúgio neste lugar tão santo, que ficasse desamparado nem recebesse graças em abundância. Aí, todos encontram algo de que necessitam. Se não recebem aquilo que pediram devido a sua debilidade no pedir, encontram outras inumeráveis graças. Porque só Jesus sabe do que precisamos. E assim, ele nos concede coisas bem maiores do que aquelas que lhe pedimos e desejamos. Diante disto, podemos ver e sentir a santidade, a riqueza, a grandeza, e o infinito amor que transborda deste Sacratíssimo Coração, este lugar seguríssimo, esse refúgio de amor.

Os Papas sempre estimaram e abençoaram a devoção ao Coração de Jesus. O Papa Pio XII na sua Carta Encíclica Haurietis Aquas assim nos fala:

Quem não vê, veneráveis irmãos, quão alheias são essas opiniões do sentir dos nossos predecessores, que desta cátedra de verdade publicamente aprovaram o culto do sacratíssimo coração de Jesus? Quem ousará chamar inútil ou menos acomodada aos nossos tempos esta devoção que o nosso predecessor de imperecível memória Leão XIII chamou de "estimadíssima prática religiosa", e na qual viu um poderoso remédio para os próprios males que, nos nossos dias de maneira mais aguda e com mais extensão, afligem os indivíduos e a sociedade? "Esta devoção – dizia ele – que a todos recomendamos, a todos será de proveito". E acrescentava estes avisos e exortações que também se referem à devoção ao sagrado coração: "Daí a violência dos males que, há tempo, estão como que implantados entre nós, e que reclamam urgentemente busquemos a ajuda do único que tem poder para os afastar. E quem pode ser este senão Jesus Cristo, o unigênito de Deus? Pois nenhum outro nome foi dado aos homens sob o céu no qual devamos salvar-nos" (At 4,12). "Cumpre recorrer a ele, que é caminho, verdade e vida". (HAURIETIS AQUAS, 1956, n. 8).

Tantos santos nos deixaram um legado, revelando-nos segredos desta morada santa e refúgio seguríssimo que é o Sagrado Coração de nosso Salvador Jesus Cristo. Vejamos o que nos fala a Carta Encíclica Haurietis Aquas, do Sumo Pontífice Pio XII:

Querendo agora indicar somente as etapas gloriosas percorridas por este culto na história da piedade cristã, mister é recordar, antes de tudo, os nomes de alguns daqueles que bem podem ser considerados os porta-estandartes desta devoção, a qual, em forma privada e de modo gradual, foi-se difundindo cada vez mais nos institutos religiosos. Assim, por exemplo, distinguiram-se por haver estabelecido e promovido cada vez mais este culto ao coração sacratíssimo de Jesus: S. Boaventura, S. Alberto Magno, S. Gertrudes, S. Catarina de Sena, o Beato Henrique Suso, S. Pedro Canísio e S. Francisco de Sales. A S. João Eudes deve-se o primeiro ofício litúrgico em honra do sagrado coração de Jesus, cuja festa se celebrou pela primeira vez, com o beneplácito de muitos bispos de França, a 20 de outubro de 1672. Mas entre todos os promotores desta excelsa devoção merece lugar especial S. Margarida Maria Alacoque, que, com a ajuda do seu diretor espiritual, o Beato Cláudio de la Colombière, e com o seu ardente zelo, conseguiu, não sem admiração dos féis, que este culto adquirisse um grande desenvolvimento e, revestido das características do amor e da reparação, se distinguisse das demais formas da piedade cristã. (HAURIETIS AQUAS, 1956, n. 51).

A Sagrada Escritura está repleta de passagens que falam, mesmo que indiretamente do coração de Jesus e também do nosso coração. Este último deve está unido ao do Senhor. Por isso, vejamos alguma destas passagens do Antigo e do Novo Testamento. No Sl 111, 1; vemos aqui um hino de agradecimento ao Senhor o coração do homem se alegrando diante das maravilhas de Deus. Sl 77, 6.10; o nosso coração e o de Deus. No Salmo 35, vemos que a maldade do pecador está em seu coração Sl 35, 2; no livro de Samuel vejamos como exemplo o belo cântico de Ana, 1Sm 2, 1; vejamos também a Carta aos Efésios onde Deus é mostrado cheio de misericórdia Ef 2, 4; e, não poderia deixar de fora a 1ª e 2ª Epístola de São João que fala do amor.

Pois bem, sabemos que quando as Escrituras nos mostra os sentimentos de compaixão de Deus para com o seu povo escolhido, ela está se referindo ao coração de Deus, porque o coração era a sede dos sentimentos. Ainda hoje, nós, quando queremos expressar uma atitude de amor aos nossos irmãos falamos do coração. Igualmente a nós quando queremos louvar e agradecer a Deus, elevamos o nosso pobre coração a ele.

Duas passagens muito significativas das Escrituras no Evangelho de São Lucas, nos mostram bem o amor que emana do Coração de Jesus. Como Jesus também é Deus, podemos ver no Cântico do Benedictus (Lc 1, 72.78), dois versículos de grande beleza onde Deus se comove diante do seu povo Israel. “Para fazer misericórdia com nossos pais, lembrado de sua aliança sagrada” v. 72. E mais adiante: “Pela bondade e compaixão de nosso Deus, que sobre nós fará brilhar o sol nascente” v. 78. Este sol que vem brilhar é Cristo o Salvador.

Sabemos muito bem que a referência, sem dúvida, para a Solenidade do Coração de Jesus está principalmente naquelas duas passagens do Evangelho de São João na narrativa da Última Ceia, onde, o apóstolo, reclina a sua cabeça no peito de Cristo (Jo 13, 23). E outra passagem, vemos no relato da crucificação de Jesus quando o soldado fere o lado de Cristo com a lança, isto é, o seu Coração (Jo 19, 24).

No Evangelho de São João, na narração da Última Ceia, podemos ver claramente o amor do Coração do salvador; passagem de uma beleza ímpar; quando o Salvador fala sobre sua Paixão e que um do grupo dos apóstolos lhe trairia. Com isso, São Pedro faz um sinal para João que certamente estava mais próximo do Mestre, pedindo-lhe que pergunte a Jesus quem vai lhe trair. Então o evangelista faz um belíssimo ato de reclinar-se sobre o peito de Jesus, isto é, sobre o seu Sagrado Coração, e lhe pergunta quem seria o traidor, recebendo de imediato a resposta que ansiava receber.

Em verdade, em verdade, vos digo: “um de vós me entregará. Os discípulos entreolhavam-se, sem saber de quem falava. Estava à mesa ao lado de Jesus, um de seus discípulos, aquele que Jesus amava. Simão Pedro faz-lhe, então, sinal e diz-lhe: “Pergunta-lhe quem é aquele de quem fala”. Ele então reclinando-se sobre o peito de Jesus, diz-lhe: “Quem é, Senhor?”. Responde Jesus: “É aquele a quem eu der o pão que umedecerei no molho”. Tendo umedecido o pão, ele o toma e dá a Judas, filho de Simão Iscariotes” (Jo 13, 21-26).

Esta é uma das passagens mais bela a meu ver onde o ser humano sente tão de perto o Sagrado Coração de Jesus.

No Evangelho segundo São Mateus o próprio Jesus fala do seu Coração Sagrado, quando diz:

Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu julgo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois meu julgo é suave e meu fardo é leve (Mt 11, 28).

Aqui, o próprio Senhor nos mostra a sua verdadeira identidade, a humildade e a mansidão. Dentro destas duas virtudes, sem dúvida, enxergamos todas as outras. Por isso, ele mais adiante, vendo a hipocrisia dos fariseus, os repreende com veemência. Por causa disso, Cristo, ao censurá-los, lança sobre eles duras palavras de repreensão. Daquilo que o nosso coração está cheio é o que somos. É justamente isso que Jesus quer nos alertar com essa crítica dirigida a eles, quando diz: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, se sois maus? Porque a boca fala daquilo que o coração está cheio” (Mt 12, 34). Portanto, o nosso coração é a sede de tudo. Foi esse o entendimento que tivemos pelos séculos afora, mesmo com as descobertas da psicologia em relação as funções cerebrais, continuamos com aquele pensamento que o coração é verdadeiramente a sede dos sentimentos.

Em qualquer dicionário que pesquisarmos, veremos que, o coração está como lugar do sentimento e de grande importância. Vejamos o que nos diz o dicionário mini Aurélio: “[…]. 2. A parte mais interna, ou mais central, ou a mais importante, dum lugar, região, etc. 3. A natureza ou a parte emocional do indivíduo. 4. Amor, afeto” (FERREIRA, Aurélio, 200, p. 186).

Bastante interessante é a definição que nos dá o dicionário de símbolos a respeito deste órgão. Assim define:

Coração, como órgão central do homem, está relacionado com o significado simbólico do – centro. Na Índia o coração é o lugar do contato com Brama, a personificação do absoluto. Na Grécia antiga representou inicialmente o pensamento, o sentimento e a vontade do homem; mais tarde a significação deslocou-se mais para o aspecto espiritual. – No judaísmo e no cristianismo o coração é considerado sobretudo como a sede das forças afetivas, principalmente do amor, mais também da intuição e da sabedoria. – O islamismo vê no coração o lugar da contemplação e da espiritualidade; é considerado como envolto em várias camadas, cujas cores se tornam visíveis na excitação. – Um papel essencial cabia ao coração na religião egípcia como centro da força da vida, da vontade e do espírito. Na preparação da múmia, o coração ficava na múmia juntamente com um – escaravelho, visto que a sua pesagem no julgamento do morto decidia o destino do homem no outro mundo. – A arte cristã, sobretudo a partir da mística da alta Idade Média, desenvolveu uma simbologia muito difundida do coração, com base no simbolismo do amor (corações flamejantes, transpassados etc. de Cristo, de Maria, dos santos). Hoje o coração é de maneira geral símbolo do amor e de amizade. (BECKER, 1999, p. 73).

Vemos aqui um resumo do significado do coração nas principais religiões do mundo, e a sua importância em cada uma delas.

Já informados da importância desse órgão, voltemos ao nosso propósito, que é o Coração de Jesus como um refúgio de amor.

Ao falarmos do Sagrado Coração de Jesus nos reportamos sempre ao século XVII em diante, por causa das grandes revelações que teve uma monja do convento da visitação de Santa Maria, Paray-le-Monial, na França. Esta monja chamava-se Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690). No entanto ela não foi a primeira santa a ter revelações do Sagrado Coração do Salvador. Por isso, voltemos ao século XIII, onde outra monja da Ordem de São Bento, tem grandes revelações do Sagrado Coração de Jesus. Estas aparições de nosso Senhor, teve início no ano de 1289. Ela chama-se Santa Gertrudes de Helfta (1256-1302), ela foi entregue ainda criança para ser educada, no Mosteiro cisterciense de Helfta, aí se tornando monja e onde viveu a até a morte ocorrida no ano de 1302.

Na sua obra, Mensagem do amor de Deus, está repleta de passagens sobre o Sagrado Coração de Jesus. Certa vez em um doce diálogo com o Senhor, ela, assim se dirigi a Jesus:

Ó Senhor! Que morada eu procuraria? Encontrei tal abundância de doçura nesse Coração Sagrado que vos dignais chamar meu templo, que me é impossível buscar fora dele o alimento e o repouso necessários para manter a vida (SANTA GERTRUDES – Mensagem do amor de Deus, 2009, p. 97).

O que Santa Gertrudes deseja nos Mostrar é que não existe lugar mais seguro nem morada mais santa do que o doce Coração do Salvador Jesus Cristo. Portanto, todos aqueles que se refugiarem nesse lugar santo, estará bem seguro.

Em outro suave colóquio com o Senhor Jesus, santa Gertrudes assim se expressa:

Além desses favores, me admitistes ainda à incomparável familiaridade de vossa ternura, oferecendo-me a arca nobilíssima de vossa divindade, quer dizer, vosso Coração Sagrado, para que nele me deleite. Vós o destes a mim gratuitamente ou o trocastes pelo meu, como prova ainda mais evidente de vossa terna intimidade. Por esse Coração Divino, conheci vossos secretos juízos. Por ele me destes tão numerosos e doces testemunhos de vosso amor que, se não conhecesse vossa inefável condescendência, eu ficaria surpreendida, ao ver-Vos prodigalizá-los até mesmo a vossa amada Mãe, se bem que Ela seja a mais excelente criatura e reine convosco no céu. (SANTA GERTRUDES – Segredos do Coração de Jesus, 2011, p. 83).

Certa vez quando quando estava enferma e sozinha, pois as irmãs estavam nas suas ocupações diárias, a santa teve uma belíssima visão do Sagrado Coração do Senhor. Assim ela nos diz:

Mostrou-me seu lado esquerdo, de onde jorrava, vindo das profundezas íntimas do Coração Sagrado, uma água pura e cristalina que, escoando-se, envolvia seu abençoado peito à maneira de um colar precioso, mostrando alternadamente, ou o brilho do ouro ou o esplendor da púrpura. (SANTA GERTRUDES – Segredos do Coração de Jesus, 2011, p. 37).

Quem já teve contato com os escritos de Santa Gertrudes, percebeu muito bem o quanto ela fala do Coração de Jesus. São muitas as passagens referentes ao Sagrado Coração. Santa Gertrudes nos mostra os desejos do Coração de Jesus e seus apelos em ser amado por todos. Em uma das muitas aparições do Salvador, ele próprio, assim diz a Santa:

Que todas as afeições de tua alma venham se concentrar aqui, isto é, que o conjunto dos teus prazeres, esperanças, alegrias, dores, apreensões e de todos os teus outros sentimentos se fixem em meu amor. (Santa Gertrudes – Segredos do Coração de Jesus, 2011, p. 04).

Aqui podemos ver claramente a bondade de Jesus em abrir seu Santíssimo Coração para nós. Certa vez Santa Gertrudes se prostrou aos pés de Jesus para pedir por diversas pessoas e por outras diversas intenções que tinham sido recomendadas. “No mesmo instante, viu jorrar do próprio Coração de Jesus uma fonte que derramava suas águas em todo o redor com para lhe mostrar que suas orações tinham sido atendidas”. (SANTA GERTRUDES – Mensagem do amor de Deus, 2009, p. 227).

Outro Santo do século XIII que também falou de uma forma belíssima do Sagrado Coração, foi São Boaventura (1221-1274), Frade da Ordem de são Francisco de Assis, O.F.M. Num dos seus belos escritos, ele, assim nos diz:

Considera, ó homem redimido, quem é aquele que por tua causa está pregado na cruz, qual a sua dignidade e grandeza. A sua morte dá a vida aos mortos; […] do lado de Cristo morto na cruz, se formasse a Igreja e se cumprisse a Escritura que diz: Olharão para aquele que transpassaram (Jo 19, 37), a divina Providência permitiu que um dos soldados lhe abrisse com a lança o sagrado lado, de onde jorraram sangue e água. Este é o preço da nossa salvação. Saído daquela fonte divina, isto é, no íntimo do seu Coração, iria dar aos sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça, tornando-se para os que já vivem em Cristo bebida da fonte viva que jorra para a vida eterna (Jo 4, 14). (LITURGIA DAS HORAS, 2000, p. 571).

Agora passemos ao século XVI com o grande bispo de Genebra, São Francisco de Sales (1567-1622), na sua Obra Filotéia (Alma amiga de Deus) onde ele nos ensina as doçuras do Coração de Jesus. Assim ele nos exorta:

Pondera bem, Filotéia; é certo que o coração de nosso Jesus pregado na cruz estava considerando o teu, que Ele amava e para o qual impetrava por este seu amor todos os bens que tens recebido e receberás no futuro. […] Não duvidemos; o bom Jesus, que nos regenerou na cruz, nos leva em seu coração, como uma mãe ao filho em seu seio; a Bondade Divina preparou-nos aí todos os meios gerais e particulares de nossa salvação, todos os atrativos e graças de que Ele se serve agora para conduzir nossa alma à perfeição: como uma mãe que prepara para seu filho tudo o que sabe lhe poderá ser necessário depois do nascimento. (SÃO FRANCISCO DE SALES – Filotéia, p. 358).

E o santo prossegue em seu discurso:

É possível que eu tenho sido amado e amado tão ternamente de meu Salvador, que Ele tenha pensado em mim individualmente e em todas as pequenas ocasiões pelas quais Ele me quis atrair a si? Na verdade, quanto devemos amar, apreciar e empregar utilmente tudo isso! […] o coração terníssimo de Jesus pensava em Filotéia, amava-a e lhe procurava mil meios de salvação, como se não houvesse no mundo outras almas em que Ele tivesse que pensar; o sol, iluminando um único lugar da terra, não seria mais claro que agora, quando a ilumina toda inteira. Ele me amou, diz São Paulo, e se entregou por mim; como se Ele nada tivesse feito para os outros homens. Eis aí, Filotéia, o que deves gravar em tua alma, para apreciar devidamente e nutrir a tua resolução, que foi tão estimada e preciosa ao coração do Salvado. (SÃO FRANCISCO DE SALES – Filotéia, p. 359).

Do século XVII em diante, a devoção ao sagrado Coração de Jesus tomou uma nova visão por causa das grandes revelações que teve uma monja do convento da visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monial, na França. Esta monja chamava-se Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), em que ela via o Coração de Jesus flamejante, chagado e coroado de espinhos, como vemos hoje nas pinturas e esculturas da arte sacra. Por isso quando ouvimos falar do Coração de Jesus pensamos de imediato em Santa Margarida Maria, porque ela foi a grande propagadora dessa Sagrada devoção. Daí em diante muitas Congregações nasceram sob a bandeira do Sagrado Coração de nosso Senhor.

De uma grande beleza é o que nos diz Santa Margarida Maria sobre o divino Coração:

Era-me representado o Sagrado Coração como sol brilhante de luz vivíssima, lançando seus raios ardentíssimos a prumo sobre o meu coração, que logo se sentia abrasado de fogo tão ardente, que parecia reduzir-me a cinzas. Era particularmente nessa ocasião que o meu divino Mestre me mostrava o que ele queria de mim e me revelava os segredos de seu amável Coração. (ALACOQUE, Autobiografia, 1985, p. 43).

Vejamos agora aquelas 12 promessas que Jesus fez a Santa Margarida Maria para todos aqueles que honrarem o seu Sacratíssimo Coração. Assim diz Jesus à santa:

1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;

2ª Promessa: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;

3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;

4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;

5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;

6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;

7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;

8ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;

9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;

10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;

11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;

12ª Promessa: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

No século XX em Roma, no dia 15 de maio de 1956 o Sumo Pontífice, Papa Pio XII, em Roma, lança um importantíssimo documento sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus, assim nos ensinando:

Prova evidente de que este culto promana das próprias fontes do dogma católico dá-a o fato de haver a aprovação da festa litúrgica pela Sé Apostólica precedido a aprovação dos escritos de S. Margarida Maria. Na realidade, independentemente de toda revelação privada, e secundando só os desejos dos féis, por decreto de 25 de janeiro de 1765, aprovado pelo nosso predecessor Clemente XIII, a 6 de fevereiro do mesmo ano, a Sagrada Congregação dos Ritos concedeu aos bispos da Polônia e à arquiconfraria romana do sagrado coração de Jesus a faculdade de celebrar a festa litúrgica. Com esse ato, quis a Santa Sé que tomasse novo incremento um culto já em vigor, cujo fim era "reavivar simbolicamente a lembrança do amor divino" que levara o Salvador a fazer-se vítima de expiação pelos pecados dos homens. (HAURIETIS AQUAS, 1956, n. 53).

Prossegue o mesmo documento:

A essa primeira aprovação, dada em forma de privilégio e limitadamente, seguiu-se, a distância de quase um século, outra de importância muito maior, e expressa em termos mais solenes. Referimo-nos ao decreto da Sagrada Congregação dos Ritos de 23 de agosto de 1856, anteriormente mencionado, com o qual o nosso predecessor Pio IX, de imortal memória, acolhendo as súplicas dos bispos da França e de quase todo o orbe católico, estendeu a toda a Igreja a festa do coração sacratíssimo de Jesus, e prescreveu a sua celebração litúrgica. Esse fato merece ser recomendado à lembrança perene dos fiéis, pois, como vemos escrito na própria liturgia da festa, "desde então o culto do sacratíssimo coração de Jesus, semelhante a um rio que transborda, superou todos os obstáculos e difundiu-se pelo mundo todo". (HAURIETIS AQUAS, 1956, n. 54).

Ainda no século XX, temos Santa Faustina Kowalska (1905-1938), que narra em seu Diário as revelações do Jesus. Ela tem uma visão no dia 22 de fevereiro do ano de 1931, em que Jesus lhe aparece com a túnica aberta no peito e do seu Coração Sagrado emanando dois grandes raios, um vermelho e outro pálido, isto é, sangue e água que jorram do Coração de Jesus. (Diário n. 47. 48. 187. 299. 313. 326. 327. 699. 742. 998). E outras passagens que também fala do Coração de Jesus. (Diário n. 105. 229. 385. 592. 906. 1321. 1535).

Diante de tudo o que conhecemos do nosso coração e um pouquinho do Sagrado Coração de Jesus, tenhamos puro o nosso pobre coração para que assim possamos permanecer no Sacratíssimo Coração de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo. Pois, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus”. (CIC 27). Por esse motivo é que todos nós devemos ter o nosso coração limpo de pecados; e continua o Catecismo: “E Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar”. (CIC n. 27. 368. 478).

Em nosso século, onde muitos valores e virtudes são rejeitados como se não servissem mais a nossa vida e, às vezes, até nos envergonhamos em dizer que somos do bem, é mister que voltemos aquele lugar Sagrado onde o amor jamais se afasta, ou melhor Ele próprio é o Amor. Portanto, refugiemo-nos sempre nesta morada do Amor, o Doce Coração do Salvador Jesus Cristo! 

ALGUNS DOS SANTOS QUE FALARAM DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


Do acervo do Mosteiro de São Bento da Bahia

Do acervo do Mosteiro de São Bento da Bahia

Santa Mectilde foi uma das primeiras santas a ter revelações do Sagrado Coração de Jesus 
















REFERÊNCIAS

ALACOQUE, Maria Margarida Santa. Autobiografia. São Paulo: Loyola, 1985.

BÍBLIA DE JERUSALÉM: Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.

BECKER, Udo. Dicionário de símbolos / Udo Becker; [tradução: Edwino Royer]. – São Paulo: Paulus, 1999. – (coleção dicionários).

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. / Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa / Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; coordenação de edição, Margarida dos Anjos, Marina Baird Ferreira; lexcografia, Margarida dos Anjos – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

HAERING, Bernhard. O Coração de Jesus e a salvação do mundo / Bernhard Haering; tradução Boanerges Baccan; revisão José Joaquim Sobral. – São Paulo: Paulinas, 1985.

KOWALSKA, Faustina Santa. Diário: A misericódia divina na minha alma, tradução: Prof. Mariano Kawka. – Curitiba, Editora Mãe da Misericórdia, 2012.

GERTRUDES, Santa. Segredos do Coração de Jesus. Revelações de Santa Gertrudes, livro II / Santa Gertrudes; [tradução: Celso da Costa Carvalho Vidigal]. – Artpress – São Paulo, 2011.

______, Santa. Mensagem do amor de Deus. Revelações de Santa Gertrudes, livro III / Santa Gertrudes; [tradução: Celso da Costa Carvalho Vidigal]. – Artpress – São Paulo, 2009.

PIO XII, Papa. Carta Encíclica Haurietis Aquas: Sobre o Culto do Sagrado Coração de Jesus /Pio XII, Roma, 1956. 


SALES, Francisco São. Filotéia, ou, Introdução à vida devota / São Francisco de Sales; traduzido por Frei João José p. de Castro. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. 


OUTRAS OBRAS PARA CONSULTAS:

CHARMOT, F. Apelo ao Amor: Mensagem do Coração de Jesus ao Mundo e sua Mensageira Soror Josefa Menéndez. 4ª ed. / Editora Littera Maciel Ltda, 1998. 


LESUER, Elisabeth. A vida espiritual (Pequenos tratados de vida interior). Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1958.

O’CARROLL, Michael. Vassula da Paixão do Sagrado Coração. Versão portuguesa da Fraternidade Missionária de Cristo-Jovem – 1ª edição. Boa Nova, 1994.

PRÉVOT, André Padre. Amor, Paz e Alegria. Mês do Sagrado Coração de Jesus segundo Santa Gertrudes; [Revmo. P. Dr. André Prévot, SCJ]. – Minas Gerais: Estabelecimento gráfico bazar moderno Ltda, 1984. 


SALES, Lourenço, Pe. O Coração de Jesus ao mundo. Dos escritos de Sóror Consolata Bertone, religiosa Capuchinha. [Tradução da 4ª edição italiana – Pe. Lourenço Sales / 4ª edição portuguesa]. Fortaleza – CE: Paulinas, 1952. 



Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A ABADIA DE NOSSA SENHORA DAS BROTAS (1670-1911) E SEUS REVERENDÍSSIMOS ABADES


Fotografia da imponente Abadia no final do século XIX, ainda em vigor.

Planta baixa da Abadia de Nossa Senhora das Brotas,
desenhada por Dom Gilvan Francisco, O.S.B.
Salvador, Bahia 04 de março de 2017.

Dados historiográficos da Abadia de Nossa Senhora das Brotas.

Imagem de Nossa Senhora das Brotas que pertencia a Abadia. 
Acervo do Mosteiro de São Bento da Bahia.

Nosso Patriarca São Bento de Núrsia, Abade (480-547)


Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador - BA – 15 de fevereiro de 2017

A antiga Abadia de Nossa Senhora das Brotas, dos monges beneditinos, foi fundada no ano de 1670, na qualidade de presidência. Seu primeiro Presidente, foi o Reverendíssimo Padre Frei Marcos do Desterro, O.S.B, eleito em 1670. Sendo esta casa surpresa em 05 de dezembro do ano de 1690. No entanto, novamente elevada à presidência no dia 13 de janeiro de 1694. E, no ano de 1703, dia 29 de março, este Mosteiro recebeu o título de Abadia. Seu primeiro Abade foi o Reverendíssimo Padre Frei Manuel do Espírito Santo, eleito na Junta abacial que era realizada no Mosteiro de São Martinho de Tibães, Portugal, sede da Congregação, em 29 de março de 1703. E seu último Abade foi o Reverendíssimo Frei Manuel do Espírito Santo Moitinho, O.S.B, eleito em 18 de setembro de 1884.
“Por decreto da Santa Sé de 20 de janeiro de 1906 foi incorporado à Abadia de São Sebastião do Salvador da Bahia, sendo então administrado por priores claustrais” (ENDRES, 1976, p. 76).
Por causa da venda dos edifícios e terrenos, pelo Reverendíssimo Abade da Arquiabadia de São Sebastião, Dom Majolo de Caingny (nomeado por Roma em 08 de junho de 1907 – ef. em 1º de julho de 1908), a 26 de junho de 1911, este antigo Mosteiro deixou de existir.
A Abadia está localizada na região de São Francisco do Conde, Bahia. Hoje, este antigo prédio encontra-se em ruínas. Este importante Mosteiro vigorou neste belo local até o ano de 1911. Está localizado próximo ao Bairro São Bento das Lages, próxima às margens de um dos vários braços da Baia do Todos os Santos. Com uma vista exuberante da região.
Meus irmãos monges sempre falavam-me da Abadia de Nossa Senhora das Brotas. Por isso, desejava ardentemente conhecer este antigo Mosteiro. Portanto, fiz a tão esperada visita às suas ruínas, com o nosso pai, Dom Arquiabade Emanuel d’Able do Amaral, O.S.B, (Abade do Mosteiro de São Bento da Bahia), e com os meus irmãos Dom Marcos Félix da Silva, O.S.B, e Dom João Batista Silva Santos, O.S.B, em 27 de julho de 2016. E, assim, falo-vos com sinceridade. Não existe aqueles lugares aos quais você não consegue esquecer? Pois bem! Brotas é mais um destes maravilhosos lugares que visitei o qual nunca esquecerei. 

No entanto, me entristeço também por ver tanta história esquecida e desaparecendo o que ainda sobra no tempo. O nosso país tem tantas riquezas que desconhecemos e, desconhecendo as perdemos. 


OS REVERENDÍSSIMOS ABADES DA ANTIGA ABADIA


SEUS ABADES TRIENAIS E PRESIDENTES SÃO OS SEGUINTES:

a) Da Província do Brasil

1º Presidente - Dom Abade Fr. Marcos do Desterro (Anotação 10), Eleito – 1670
2º Presidente - Dom Abade Francisco da Conceição                     – 13/01/1694
3º Presidente - Dom Abade Manuel do Espírito Santo                    – 05/02/1697
4º Presidente - Dom Abade José de Santa Catarina                      – 11/01/1700
1- Dom Abade Manuel do Espírito Santo                                                 – 29/03/1703
2- Dom Abade Antônio da Trindade                                                        – 04/04/1707
3- Dom Abade Bernardo de Santa Maria                                                – 07/04/1710
4- Dom Abade Manuel de Santa Catarina e Burgos (Faleceu)               – 21/06/1716
5- Dom Abade Fernando da Trindade                                                     – 08/02/1716
6- Dom Abade Antônio da Graça                                                             – 26/02/1717
7- Dom Abade Miguel de São Boaventura                                               – 27/02/1720
8- Dom Abade Leão da Piedade                                                              – 07/06/1723
9- Dom Abade Agostinho da Encarnação                                                – 03/04/1726
10- Dom Abade João de Sant’Ana                                                           – 28/07/1729
11- Dom Abade Lucas de Santo Antônio                                                 – 10/09/1732
12- Dom Abade Antônio da Luz                                                               – 09/01/1736
13- Dom Abade José de Sant’Ana                                                           – 26/05/1739
14- Dom Abade José da Trindade Braga                                                 – 16/08/1742
15- Dom Abade Antônio da Vitória                                                           – 19/03/1746
16- Dom Abade Antônio de São Bento                                                    – 09/05/1749
17- Dom Abade Pedro de São José                                                        – 19/12/1752
18- Dom Abade Antônio de Jesus Maria                                                 – 07/02/1756
19- Dom Abade Mauro de Jesus Maria                                                   – 30/05/1759
20- Dom Abade Paulo de São José                                                         – 09/06/1762
      Dom Abade Mauro de Jesus Maria – 2ª vez                                      – 21/08/1765
      Dom Abade Antônio de Jesus Maria – 2ª vez                                    – 29/08/1768
21- Dom Abade Luis da Conceição Sousa                                              – 04/10/1771
22- Dom Abade Marcelino de Sant’Ana, nomeado – 02/01/1777, eleito – 29/07/1777
23- Dom Abade João de Santa Gertrudes Carnoto                                 – 11/04/1780
24- Dom Abade José de São Bento Alvares Leal                                    – 11/04/1783
25- Dom Abade Vicente da Trindade Pereira                                          – 01/04/1786
26- Dom Abade Francisco Xavier da Conceição Feijó                            – 20/04/1789
27- Dom Abade José da Trindade Rocha Ferreira                                  – 29/03/1792
28- Dom Abade Tomás d’Aquino Gomes (Anotação 11)                         – 01/07/1795
      Dom Abade Bento da Conceição Araújo – (Não aceitou)                  – 20/07/1798
29- Dom Abade Antônio de Jesus Maria Brandão                                   – 27/08/1799
      Dom Abade Antônio de Jesus Maria Brandão – 2ª vez                     – 26/03/1801
30- Dom Abade Manuel de São Félix Sousa                                           – 24/05/1804
      Dom Abade Antônio de Jesus Maria Brandão – 3ª vez                     – 20/05/1807
31- Dom Abade João do Pilar Póvoa                                                       – 25/04/1810
32- Dom Abade Francisco da Conceição Ramos                                    – 02/06/1813
5º Presidente - Dom Abade João do Pilar Póvoa                            – 22/11/1815
33- Dom Abade Luis Antônio de Nossa Senhora da Penha Correia      – 24/05/1816
34- Dom Abade Antônio de Nossa Senhora do Carmo                            – 23/06/1819
6º Presidente - Dom Abade Luis Antônio de N. Sra da Penha Correia – 04/02/1822   
      Dom Abade Luis Antônio de N. Sra da Penha Correia – 2ª vez         – 18/06/1822

b) Da Congregação Beneditina Brasileira

      Dom Abade Luis Antônio de N. Sra da Penha Correia – 3ª vez         – 25/06/1829
      Dom Abade Luis Antônio de N. Sra da Penha Correia – 4ª vez         – 23/06/1832
35- Dom Abade Antônio Joaquim de JMJ Cunha                                     – 22/07/1835
      Dom Abade Antônio Joaquim de JMJ Cunha – 2ª vez                       – 22/07/1839
      Dom Abade Antônio Joaquim de JMJ Cunha – 3ª vez                       – 28/07/1842
      Dom Abade Antônio Joaquim de JMJ Cunha – 4ª vez                       – 24/07/1845
7º Presidente - Dom Abade Eugênio de Santa Escolástica Sá        – 18/07/1848
       Administrador do Engenho das Lages                                               – 15/05/1851
36- Dom Abade Antônio de São Brás Pinheiro Teixeira Maciel                – 15/05/1854
37- Dom Abade Joaquim da Purificação Araújo                                       – 14/05/1857
38- Dom Abade Jesuino da Conceição Matos                                          – 11/05/1860
      Dom Abade Jesuino da Conceição Matos – 2ª vez                            – 07/05/1863
      Dom Abade Jesuino da Conceição Matos – 3ª vez                            – 08/05/1866
39- Dom Abade Manuel do Espírito Santo Moitinho (Anotação. 12)        – 08/05/1872
      Dom Abade Manuel do Espírito Santo Moitinho – 2ª vez                   – 07/05/1875
40- Dom Abade Dom Abade Eugênio de Santa Escolástica Sá               – 07/05/1878
      Dom Abade Manuel do Espírito Santo Moitinho (Anotação 13)          – 18/09/1884


BELAS FOTOGRAFIAS DA 
ANTIGA ABADIA DE 
NOSSA SENHORA DAS BOTAS 

Fotografia da Abadia do final do século XIX. 
Nesta igreja foram enterrados alguns desses reverendíssimos abades. 

 Mapa da Região onde se localiza a Abadia de Nossa Senhora das Brotas, 
São Francisco do Conde, Bahia - Brasil.

Fotografia do final do século XIX. 

 A bela fachada da Igreja da Abadia de Nossa Senhora das Brotas em ruínas
Século XX.

 A portaria da Abadia de Brotas já em ruínas
Século XX.

Lugar da portaria do Mosteiro - julho de 2016. 

 A imponência da Abadia de Brotas mesmo em ruínas
Fotografia do século XX.

 A Abadia vista de um dos braços da Baia de Todos os Santos. 



 Arcos do claustro, lado da portaria do Mosteiro 


Claustro do Mosteiro - julho de 2016 


 Claustro da Abadia 



Claustro do Mosteiro - julho de 2016 


 Arcada do claustro do lado da igreja, lugar da Statio dos monges para o Ofício Divino (Opus Dei)


Claustro do lado da igreja, lugar da Statio dos monges para o 
Ofício Divino (Opus Dei) 
Claustro do Mosteiro - julho de 2016 


 Galeria do claustro


 Galeria das celas dos monges do lado da portaria da Abadia 


 Galeria do claustro do Mosteiro 


 As ruínas da Abadia vista de longe - agosto do ano 2000


Ruínas da Abadia vista de longe - julho de 2016 


 As ruínas da Abadia vista de longe - agosto do ano 2000


 O claustro da Abadia em ruínas - agosto do ano 2000


 Belo arco da galeria do claustro - agosto do ano 2000


 Área de acesso à torre da igreja - agosto do ano 2000


 Área de acesso à torre da igreja e corredor da Statio - agosto do ano 2000


Área de acesso á torre da igreja e corredor da Statio - julho de 2016 


 Ruínas da galeria do claustro - agosto do ano 2000


 Parede lateral da igreja - agosto do ano 2000


 Parede lateral da igreja do Mosteiro - julho de 2016 


Parede lateral da igreja e cisterna no claustro do Mosteiro - julho de 2016 


 Fragmentos de cantaria da portaria do Mosteiro - agosto do ano 2000


Fragmentos de cantaria da portaria do Mosteiro - julho de 2016 


Vão da tribuna da igreja - agosto do ano 2000

 Porta lateral da capela-mor - agosto do ano 2000


Arco cruzeiro da igreja - agosto do ano 2000


 O imponente arco cruzeiro da igreja do Mosteiro - julho de 2016 


 Arco cruzeiro da igreja do Mosteiro - julho de 2016 


Arco cruzeiro da igreja do Mosteiro - julho de 2016 


A mais antiga oração dirigida a Virgem Maria Mãe de Deus. 

REFERÊNCIAS

ENDRES, Lohr José. Catálogo dos Bispos- Gerais-Provinciais-Abades e mais cargos da Ordem de São Bento do Brasil 1582-1975. – Salvador – BA: Editora Beneditina Ltda, 1976.


Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57,9)