sábado, 6 de outubro de 2018

BIOGRAFIA DE SANTA FAUSTINA KOWALSKA (1905-1938) A SECRETÁRIA DA MISERICÓRDIA DIVNA.


Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador, Bahia – 06 de outubro de 2018.

INTRODUÇÃO  

O nosso mundo está em convulsão quase que total, no campo da natureza e nos dos humanos. Uma grande crise de fé que adentra em todos os setores, civil e religioso. Verdadeiramente estamos em uma grande escuridão. Mas, que podemos fazer para ao menos amenizar tal situação? JESUS EU CONFIO EM VÓS! Esta jaculatória acalma qualquer alma que se encontra em situação de perigo ou desespero. Ensinada pelo próprio Jesus a Santa Maria Faustina do Santíssimo Sacramento, no ano de 1931, para nos refugiarmos em seu dulcíssimo e Sacratíssimo Coração, nas horas de sofrimentos.

Santa Faustina ingressou na vida religiosa no dia 1º de agosto de 1925, o dia mais feliz de sua vida, porque neste dia se cumpria a promessa de Cristo. Ela foi aceita na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia (Diário n. 13). Ela bateu em muitas outras portas de conventos mas não foi aceita. Tudo estava nos planos de Deus. Deus a queria justamente nessa Congregação.

Este texto foi extraído do FILME: Documentário sobre a vida de Santa Faustina e a Divina Misericórdia. Comentado por Helen Hayes. Documentário excelente! Bem como do seu diário onde também fiz alguns comentários de cunho pessoal, com os quais desejo mostrar aos meus leitores a grande importância da vida santa de Santa Faustina e a sua grande Missão em relação a insondável Misericórdia de Deus, que é o seu maior atributo.

Que a exemplo de Santa Faustina possamos ser fiéis a Deus na nossa caminhada neste terrestre, para que, assim, alcancemos, no final de nossa vida, a salvação de nossas almas e o convívio eterno no reino de Cristo.

Boa leitura!



VIDA DE SANTA FAUSTINA KOWALSKA

(Helena Kowalska)
* 25 de agosto de 1905
+ 05 de outubro de 1938

Irmã Maria Faustina do Santíssimo Sacramento

                              Vilna, 28 de julho de 1934

Ó grande Sacramento Divino 
Que ocultas o meu Deus, 
Jesus, ficai comigo em todos os momentos.
E o temor não dominará o meu coração. 
                                                   (Diário, n. 4)


SANTA MARIA FAUSTINA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, ou seja, Santa Faustina Kowalska, nasceu na Polônia no dia 25 de agosto do ano de 1905, e faleceu com grande fama de santidade ainda muito jovem no dia 05 de outubro de 1938. O seu nome civil era HELENA KOWALSKA.

Helena praticamente nada conhecia da Santa Teologia. Apenas algumas vidas de santos missionários e monges. Era o que seus pais a ensinara. Estes ensinamentos lhe valeu muito, posteriormente, na sua vida no convento. Deus quando deseja revelar ao mundo a sua Mensagem, Ele quase sempre escolhe pessoas bastante simples para assim confundir os sábios deste mundo. Assim nos fala Jesus nas Escrituras: “Eu te louvo, ó pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25). Por isso, escolheu esta freira comum dentre tantas outras, para que ela revelasse ao mundo inteiro a sua Mensagem de Misericórdia. Que é seu maior atributo! Vemos Santo Agostinho (354-430) dizer: “O Vosso Cristo ó Deus, é a Vossa misericórdia”. Tanto Santo Agostinho como São Tomás de Aquino (1225-1274) chamaram a Misericórdia “o maior atributo de Deus” Santa Faustina diz o mesmo. E assim, podemos também ver que do livro do Gênesis ao livro do Apocalipse, falar da Misericórdia de Deus; e, isso, teve bastante influência na literatura do mundo.

Santa Faustina não teve instrução teológica. Ela nem tinha tempo de ler estes autores como Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino. No entanto, os seus escritos mudaram muitas vidas para sempre.

O seu DIÁRIO, que é uma obra prima de grande espiritualidade mística, parece ser um relato simples de uma jornada espiritual de uma mulher, a semelhança de muitas outras que escreveram; bem como: Santa Teresa d’Ávila (1515-1582), Santa Catarina de Sena (1347-1380), ou Santa Teresinha (1873-1897).  Mas, o que influi para o conforto que ele trouxe para milhares de pessoas durante a Segunda Guerra mundial, e o que influi para rápida aceitação dessa Mensagem e da devoção que ele inspirou? E, no entanto, em 1958 tudo isso foi banido pelo Vaticano. Sabemos bem que todas as coisas que vale apena devem ser provadas. Essa provação durou vinte anos. A questão essencial era a credibilidade da autora. Essa credibilidade foi atestada após dez anos de intensa investigação. Iniciada pelo Cardeal Karol Jozef Wojtyla (1920-2005), nosso querido São João Paulo II.

Em 1978 seus esforços frutificaram, a proibição foi suspensa e a Mensagem da Misericórdia Divina começou a espalhar-se com vigor ainda maior que o de antes. Seis meses mais tarde esse Cardeal foi eleito Papa.

Qual é a mensagem que essa jovem mulher oferece para o mundo? E o que ela pode significar para você e para mim?

Faustina veio de uma família muito pobre e, apenas ela tivesse apenas 3 anos de educação formal, Faustina teve uma rica formação espiritual. Quando ela era muito pequena seu pai ensinou a ler a Bíblia e uma coleção de livros sobre missionários e monges. Aqui, podemos perceber a importância da educação religiosa na vida da criança. Desde pequena, Faustina gastava grande parte do seu tempo em devoções e rezas.

Bem no começo de seu Diário, Helena lembra vivamente que quando ela tinha 7 anos, ouviu a voz de Deus chamando-a para a vida sobre a qual havia lido nos livros sobre missionários e monges.

A primeira Guerra Mundial libertou a Polônia da opressão política e religiosa da Rússia Czarista. Helena já tinha trabalhado alguns anos como empregada doméstica quando veio a Lodz. Repetidas vezes, seus pais, descartaram seus insistentes pedidos para entrar num convento (Diário, n. 8). Por isso, ela continuou trabalhando como empregada doméstica do interior nas melhores casas da cidade.

Porém, mais tarde, Jesus a repreende dizendo: “Por quanto tempo vou te aturar e por quanto vás te afastar de mim? (Diário n. 9). E Faustina pergunta ao Senhor: “Jesus, tende a bondade de dizer-me o que devo fazer a seguir! E, Ele lhe responde: “Vai logo a Varsóvia, aí vais entrar num convento” (Diário, n. 10).

Helena não conhecia ninguém em Varsóvia. Mas, a sua fé levava de convento em convento, até que finalmente no dia 1º de agosto de 1925 ela foi aceita na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia (Diário, n. 13).

Faustina se tornou uma bênção especial para seus superiores; devido a sua natureza disponível e afável, eles, podiam envia-la para onde quisessem todas as vezes que surgiam uma necessidade imprevista. Por muito tempo os superiores não tiveram conhecimento da sua tuberculose crônica que se agravou pelas suas pesadas tarefas. Com o passar dos anos sua condição se agravou ainda mais.

No convento de Plok foi quando verdadeiramente começou a sua missão – Pinta uma imagem de acordo com o desenho que estás vendo, com a legenda: JESUS, EU CONFIO EM VÓS. Desejo que essa imagem seja venerada principalmente na capela das irmãs e depois no mundo inteiro (Diário, n. 47-48).

No seu Santuário em Czestochowa, Maria, a Mãe de Jesus, que é a Misericórdia mostrou a Santa Faustina o que ela se preocupa com a nossa geração. Dizia: “Nada temas, minha filha fiel! Fala corajosamente às pessoas sobre misericórdia de Deus porque eu dei o Salvador ao mundo. Quanto a ti deves falar ao mundo a respeito da sua grande misericórdia. E preparar o mundo para a sua segunda vinda” (Diário).  

Ela não tinha a consciência de ter passado naquele dia mais de cinco horas em oração diante da imagem milagrosa de nossa Senhora de Czestochowa. Ela quase perdeu seu trem. Estava viajando para assumir uma nova função como jardineira no convento em Wilna. Lá, ela encontrou o Pe. Miguel Sopocko (1888-1975), o sacerdote que Cristo havia prometido enviar-lhe. Ele foi seu auxiliar, diretor espiritual e amigo. Amigo a quem ela entregou sua Missão e sua vida. Uma vida escolhida por Deus para divulgar a Mensagem da misericórdia divina através do mundo.

No começo o Pe. Sopocko tratou Faustina com cautela e grande reserva. Ele, exigiu uma avaliação da sua estabilidade psicológica. A Doutora Maria Maseliewska, psiquiatra, atestou que não encontrou prova de nenhuma anormalidade no sistema nervoso ou quaisquer desvios mentais em Faustina. Com a permissão de Madre Irene Krzyzanwska o Pe. Sopocko, pôs, Faustina em contato com o artista Eugênio Kazimierowski, (1873-1939) que pintou a imagem que Cristo havia exigido dela na visão. A santa se queixa da tela do pintor por não achar que estava parecida com a sua visão. E, em particular se queixa ao Senhor Jesus. “[...] quando eu estava na casa daquele pintor [...] e quando vi que não era tão bela como Jesus – fiquei muito triste com isso o que no entanto escondi no fundo do coração” (Diário, n. 313). Vemos que “o valor da imagem não está na beleza da tinta”, diz Jesus a Faustina.

Tudo isso, Faustina confiava ao seu diretor. Ele estava muito surpreso pela profunda compreensão que ela tinha das verdades divinas. A sua capacidade de discuti-las com a perícia de um teólogo, fê-lo perceber que ela era realmente uma pessoa extraordinária. No entanto, visto que ela tomava tanto do seu tempo Pe. Sopocko instruiu Faustina para começar um diário detalhado.

A perspectiva de traduzir as conversas íntimas com Jesus em palavras duras no papel a assustava. Afinal, ela não havia escrito nada no caderno, desde aqueles três invernos de escola que teve. Havia muitos anos. Jesus, assim a instrui: “Escreve sobre a Minha misericórdia. Escrever sobre o maior mistério é encorajar as almas a confiar em mim. É agora a tarefa da tua vida inteira” (Diário, n. 400. 570. 965. 1147. 1693).

O Diário mostra que Santa Faustina tinha uma compreensão tão profunda dos mistérios divinos que a sua exatidão teológica e a precisão da linguagem que ela usou merece a nossa atenção especial.

O que Deus realmente quer que saibamos, através de Faustina, é a verdade de que Ele é misericórdia. E, a maior coisa para nós é sermos misericordiosos. A mentalidade de hoje parece opor-se a um Deus de misericórdia.

Muito importante e bela é o que nos diz Helen Hayes, ao comentar a vida de Santa Faustina. “A misericórdia, na verdade, é o amor em ação para os que não merece e para os que merecem. É justiça”. E, depois: “Em todo ser humano, em toda a sua personalidade, está a presença de Deus. Esperando para ser redimida e desenvolvida”.

Do começo ao fim do seu Diário Santa Faustina escreveu, equivalente a 600 páginas impressas. Ela escreveu decidida e objetivamente com poucas correções ou erros. Este foi um trabalho de fé. Santa Faustina sabia que mesmo a fé mais intensa seria inútil se não fosse colocada em prática.

Como sempre acontece na vida dos santo, entre os pobres espalhou-se a notícia de que deveriam ir a Faustina se quisessem experimentar bondade e dignidade. Assim, diz ela em seu Diário: “Jesus veio hoje à portaria na figura de um jovem pobre. Esse miserável jovem, com as vestes terrivelmente rasgadas, descalço e com a cabeça descoberta, estava com muito frio, porque o dia era chuvoso e frio. Pediu algo de quente para comer... (Diário, n. 1312-1313). Pois assim nos diz a Escritura, “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes (Mt 25, 40).

Santa Faustina escreveu seis cadernos que damos o nome de Diário. Alguns trazendo um tema. Vejamos a sua estrutura:

1º- Caderno – Misericórdia Divina na minha alma. O nome Diário e a assinatura.

2º- Caderno - Cantarei a Misericórdia do Senhor pelos séculos. Misericórdia Divina na minha alma. O nome Diário e a assinatura.

3º- Caderno – Cantarei a Misericórdia do Senhor; Assinatura e o nome da Congregação.

4º- Caderno – Sem título e sem a assinatura.

5º- Caderno – Sem título, com a assinatura e o nome da Congregação.

6º- Caderno – Pelos séculos glorificarei a Misericórdia de Deus. Com a assinatura e o nome da Congregação.

Também de extrema importância na vida de Santa Faustina foi o Terço da Misericórdia, ensinado por Jesus. (Diário, n. 474. 476. 482. 483. 811. 1791).

Coisa muito curiosa que ocorreu na vida de alguns santos, Santa Faustina também possuía. Que era o dom da bilocação, ou seja, a pessoa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Isso, parece impossível a nós, porém, para Deus, não. Vejamos em seu Diário como narrou a Santa um desses fatos: “Imediatamente me encontrei num lugar nebuloso, cheio de fogo e reparei que dentro das chamas havia uma enorme multidão de almas sofredoras. Essas almas rezavam com muito fervor, mas sem nada conseguirem; apenas nós as podemos ajudar. (...) O maior tormento que padeciam era o do ardente desejo de Deus. Vi a Mãe de Deus, que visitava as almas no Purgatório. Almas estas que chamam a Maria “Estrela do Mar.” Ela leva-lhes refrigério” (Diário, n. 20. 777. 1797-1798).

Santa Faustina foi uma verdadeira mística. Isso significa que ela se entregou de boa vontade para se identificar completamente com Cristo. Quanto mais o Espírito Santo transformava Faustina pelo que ela sofria, tanto mais Deus podia agir através dela.

Ela predisse a sua morte e também a Segunda Guerra Mundial. Seis meses mais tarde os aviões ingressam a fronteira polonesa. Diversas vezes os nazistas vieram ao convento de Cracóvia para expulsar as irmãs. Todas as vezes as irmãs iam ao túmulo de Santa Faustina para pedir a sua intercessão. Como ela havia predito, as ameaças dos invasores nunca se realizaram. No decorre da Guerra a Mensagem de Santa Faustina espalhou-se e tornou-se uma crescente fonte de energia especialmente para aqueles que estavam nos campos de concentração nazista. 

Desejo encerrar este texto com aquela importante e bela frase de Santa Faustina em que ela nos mostra todo seu amor por Jesus e por nós. Sinto bem que a minha missão não termina com a morte, mas começará com ela. Ó almas vacilantes, eu vos descortinarei o véu do céu para vos convencer da bondade de Deus, para que não machuqueis mais com a dúvida o Dulcíssimo Coração de Jesus. Deus é amor e Misericórdia (Diário, n. 281).

Que Santa Faustina interceda por todos nós junto a Deus e a Virgem Santíssima. Amém.


Página do Diário de Santa Faustina

Cadernos que compõe o Diário de Santa Faustina 



REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.

KOWALSKA, Faustina Santa. Diário: A misericórdia divina na minha alma. 40ª Edição. [tradução: Prof. Mariano Kawka]. – Curitiba, Editora Mãe da Misericórdia, 2012.

REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS:

FILME: Documentário sobre a vida de Santa Faustina e a Divina Misericórdia.

(idealizador…,) [Documentário-vídeo], editora…, ano…, minutos…, DVD… [Comentado por Helen Hayes].

FILME: Santa Faustina Apóstola da Divina Misericórdia. [Produção: Telewizja Polska S.A 2009]. [Dirigido por: Jerzy Lukaszewicz]. Direitos autorais: Instituto Alberione – SP: Paulinas, 2013. 

Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)