Dom Gilvan
Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador, Bahia
– 06 de outubro de 2018.
INTRODUÇÃO
O nosso mundo está em convulsão quase
que total, no campo da natureza e nos dos humanos. Uma grande crise de fé que
adentra em todos os setores, civil e religioso. Verdadeiramente estamos em uma
grande escuridão. Mas, que podemos fazer para ao menos amenizar tal
situação? JESUS EU CONFIO EM VÓS! Esta jaculatória acalma qualquer
alma que se encontra em situação de perigo ou desespero. Ensinada pelo próprio
Jesus a Santa Maria Faustina do Santíssimo Sacramento, no ano de 1931, para nos
refugiarmos em seu dulcíssimo e Sacratíssimo Coração, nas horas de sofrimentos.
Santa Faustina ingressou na vida
religiosa no dia 1º de agosto de 1925, o dia mais feliz de sua vida,
porque neste dia se cumpria a promessa de Cristo. Ela foi aceita na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora
da Misericórdia (Diário n. 13). Ela bateu em muitas outras portas de
conventos mas não foi aceita. Tudo estava nos planos de Deus. Deus a queria
justamente nessa Congregação.
Este
texto foi extraído do FILME: Documentário
sobre a vida de Santa Faustina e a Divina Misericórdia. Comentado por Helen
Hayes. Documentário excelente! Bem como do seu diário onde também fiz alguns
comentários de cunho pessoal, com os quais desejo mostrar aos meus leitores a
grande importância da vida santa de Santa Faustina e a sua grande Missão em
relação a insondável Misericórdia de
Deus, que é o seu maior atributo.
Que
a exemplo de Santa Faustina possamos ser fiéis a Deus na nossa caminhada neste
terrestre, para que, assim, alcancemos, no final de nossa vida, a salvação de
nossas almas e o convívio eterno no reino de Cristo.
Boa leitura!
VIDA DE SANTA
FAUSTINA KOWALSKA
(Helena Kowalska)
* 25 de agosto de 1905
+ 05 de outubro de 1938
Irmã Maria Faustina do Santíssimo Sacramento
Vilna, 28 de
julho de 1934
Ó grande Sacramento Divino
Que ocultas o meu Deus,
Jesus, ficai comigo em todos os
momentos.
E o temor não dominará o meu
coração.
(Diário, n. 4)
SANTA MARIA FAUSTINA DO
SANTÍSSIMO SACRAMENTO, ou seja, Santa Faustina
Kowalska, nasceu na Polônia no dia 25 de agosto do ano de 1905, e
faleceu com grande fama de santidade ainda muito jovem no dia 05 de outubro de
1938. O seu nome civil era HELENA
KOWALSKA.
Helena praticamente
nada conhecia da Santa Teologia. Apenas algumas vidas de santos missionários e
monges. Era o que seus pais a ensinara. Estes ensinamentos lhe valeu muito,
posteriormente, na sua vida no convento. Deus quando deseja revelar ao mundo a
sua Mensagem, Ele quase sempre escolhe pessoas bastante simples para assim
confundir os sábios deste mundo. Assim nos fala Jesus nas Escrituras: “Eu te louvo, ó pai, Senhor do céu e da
terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos
pequeninos” (Mt 11, 25). Por isso, escolheu esta freira comum dentre tantas
outras, para que ela revelasse ao mundo inteiro a sua Mensagem de Misericórdia.
Que é seu maior atributo!
Vemos Santo Agostinho (354-430) dizer:
“O Vosso Cristo ó Deus, é a Vossa
misericórdia”. Tanto Santo Agostinho como São Tomás de Aquino (1225-1274) chamaram a Misericórdia “o maior atributo de Deus” Santa
Faustina diz o mesmo. E assim, podemos também ver que do livro do Gênesis ao
livro do Apocalipse, falar da Misericórdia de Deus; e, isso, teve bastante influência
na literatura do mundo.
Santa Faustina
não teve instrução teológica. Ela nem tinha tempo de ler estes autores como
Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino. No entanto, os seus escritos mudaram
muitas vidas para sempre.
O seu DIÁRIO, que é uma obra prima de
grande espiritualidade mística, parece ser um relato simples de uma jornada
espiritual de uma mulher, a semelhança de muitas outras que escreveram; bem como:
Santa Teresa d’Ávila (1515-1582),
Santa Catarina de Sena (1347-1380),
ou Santa Teresinha
(1873-1897). Mas, o que influi para o
conforto que ele trouxe para milhares de pessoas durante a Segunda Guerra
mundial, e o que influi para rápida aceitação dessa Mensagem e da devoção que
ele inspirou? E, no entanto, em 1958 tudo isso foi banido pelo Vaticano.
Sabemos bem que todas as coisas que vale apena devem ser provadas. Essa
provação durou vinte anos. A questão essencial era a credibilidade da autora.
Essa credibilidade foi atestada após dez anos de intensa investigação. Iniciada
pelo Cardeal Karol Jozef Wojtyla
(1920-2005), nosso querido São João Paulo II.
Em 1978
seus esforços frutificaram, a proibição foi suspensa e a Mensagem da
Misericórdia Divina começou a espalhar-se com vigor ainda maior que o de antes.
Seis meses mais tarde esse Cardeal foi eleito Papa.
Qual é a
mensagem que essa jovem mulher oferece para o mundo? E o que ela pode
significar para você e para mim?
Faustina
veio de uma família muito pobre e, apenas ela tivesse apenas 3 anos de educação
formal, Faustina teve uma rica formação espiritual. Quando ela era muito
pequena seu pai ensinou a ler a Bíblia e uma coleção de livros sobre
missionários e monges. Aqui, podemos perceber a importância da educação
religiosa na vida da criança. Desde pequena, Faustina gastava grande parte do
seu tempo em devoções e rezas.
Bem no
começo de seu Diário, Helena lembra vivamente que quando ela tinha 7 anos, ouviu
a voz de Deus chamando-a para a vida sobre a qual havia lido nos livros sobre
missionários e monges.
A
primeira Guerra Mundial libertou a Polônia da opressão política e religiosa da
Rússia Czarista. Helena já tinha trabalhado alguns anos como empregada
doméstica quando veio a Lodz. Repetidas vezes, seus pais, descartaram seus
insistentes pedidos para entrar num convento (Diário, n. 8). Por isso, ela
continuou trabalhando como empregada doméstica do interior nas melhores casas
da cidade.
Porém,
mais tarde, Jesus a repreende dizendo: “Por
quanto tempo vou te aturar e por quanto vás te afastar de mim? (Diário n. 9).
E Faustina pergunta ao Senhor: “Jesus,
tende a bondade de dizer-me o que devo fazer a seguir! E, Ele lhe responde:
“Vai logo a Varsóvia, aí vais entrar
num convento” (Diário, n. 10).
Helena
não conhecia ninguém em Varsóvia. Mas, a sua fé levava de convento em convento,
até que finalmente no dia 1º de agosto de 1925 ela foi aceita na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da
Misericórdia (Diário, n. 13).
Faustina
se tornou uma bênção especial para seus superiores; devido a sua natureza
disponível e afável, eles, podiam envia-la para onde quisessem todas as vezes
que surgiam uma necessidade imprevista. Por muito tempo os superiores não
tiveram conhecimento da sua tuberculose crônica que se agravou pelas suas
pesadas tarefas. Com o passar dos anos sua condição se agravou ainda mais.
No
convento de Plok foi quando verdadeiramente começou a sua missão – Pinta uma
imagem de acordo com o desenho que estás vendo, com a legenda: JESUS, EU CONFIO EM VÓS. Desejo que
essa imagem seja venerada principalmente na capela das irmãs e depois no mundo
inteiro (Diário, n. 47-48).
No seu
Santuário em Czestochowa, Maria, a Mãe de Jesus, que é a Misericórdia mostrou a
Santa Faustina o que ela se preocupa com a nossa geração. Dizia: “Nada temas, minha filha fiel! Fala
corajosamente às pessoas sobre misericórdia de Deus porque eu dei o Salvador ao
mundo. Quanto a ti deves falar ao mundo a respeito da sua grande misericórdia.
E preparar o mundo para a sua segunda vinda” (Diário).
Ela não
tinha a consciência de ter passado naquele dia mais de cinco horas em oração
diante da imagem milagrosa de nossa Senhora de Czestochowa. Ela quase perdeu
seu trem. Estava viajando para assumir uma nova função como jardineira no
convento em Wilna. Lá, ela encontrou o Pe.
Miguel Sopocko (1888-1975), o sacerdote que Cristo havia prometido
enviar-lhe. Ele foi seu auxiliar, diretor espiritual e amigo. Amigo a quem ela
entregou sua Missão e sua vida. Uma vida escolhida por Deus para divulgar a
Mensagem da misericórdia divina através do mundo.
No começo
o Pe. Sopocko tratou Faustina com cautela e grande reserva. Ele, exigiu uma
avaliação da sua estabilidade psicológica. A Doutora Maria Maseliewska, psiquiatra, atestou que não
encontrou prova de nenhuma anormalidade no sistema nervoso ou quaisquer desvios
mentais em Faustina. Com a permissão de Madre Irene Krzyzanwska o Pe. Sopocko, pôs, Faustina em contato
com o artista Eugênio Kazimierowski,
(1873-1939) que pintou a imagem que Cristo havia exigido dela na visão. A santa
se queixa da tela do pintor por não achar que estava parecida com a sua visão.
E, em particular se queixa ao Senhor Jesus. “[...]
quando eu estava na casa daquele pintor [...] e quando vi que não era tão bela
como Jesus – fiquei muito triste com isso o que no entanto escondi no fundo do
coração” (Diário, n. 313). Vemos que “o valor da imagem não está na beleza
da tinta”, diz Jesus a Faustina.
Tudo
isso, Faustina confiava ao seu diretor. Ele estava muito surpreso pela profunda
compreensão que ela tinha das verdades divinas. A sua capacidade de discuti-las
com a perícia de um teólogo, fê-lo perceber que ela era realmente uma pessoa
extraordinária. No entanto, visto que ela tomava tanto do seu tempo Pe. Sopocko
instruiu Faustina para começar um diário detalhado.
A
perspectiva de traduzir as conversas íntimas com Jesus em palavras duras no papel
a assustava. Afinal, ela não havia escrito nada no caderno, desde aqueles três
invernos de escola que teve. Havia muitos anos. Jesus, assim a instrui: “Escreve sobre a Minha misericórdia. Escrever
sobre o maior mistério é encorajar as almas a confiar em mim. É agora a tarefa
da tua vida inteira” (Diário, n. 400. 570. 965. 1147. 1693).
O Diário mostra
que Santa Faustina tinha uma compreensão tão profunda dos mistérios divinos que
a sua exatidão teológica e a precisão da linguagem que ela usou merece a nossa
atenção especial.
O que
Deus realmente quer que saibamos, através de Faustina, é a verdade de que Ele é
misericórdia. E, a maior coisa para nós é sermos misericordiosos. A mentalidade
de hoje parece opor-se a um Deus de misericórdia.
Muito
importante e bela é o que nos diz Helen Hayes, ao comentar a vida de Santa
Faustina. “A misericórdia, na verdade, é o amor em ação
para os que não merece e para os que merecem. É justiça”. E, depois: “Em todo ser humano, em toda a sua
personalidade, está a presença de Deus. Esperando para ser redimida e
desenvolvida”.
Do começo
ao fim do seu Diário Santa Faustina escreveu, equivalente a 600 páginas
impressas. Ela escreveu decidida e objetivamente com poucas correções ou erros.
Este foi um trabalho de fé. Santa Faustina sabia que mesmo a fé mais intensa
seria inútil se não fosse colocada em prática.
Como
sempre acontece na vida dos santo, entre os pobres espalhou-se a notícia de que
deveriam ir a Faustina se quisessem experimentar bondade e dignidade. Assim,
diz ela em seu Diário: “Jesus veio hoje à
portaria na figura de um jovem pobre. Esse miserável jovem, com as vestes
terrivelmente rasgadas, descalço e com a cabeça descoberta, estava com muito
frio, porque o dia era chuvoso e frio. Pediu algo de quente para comer...” (Diário, n. 1312-1313). Pois assim nos diz a
Escritura, “Em verdade vos digo: cada
vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”
(Mt 25, 40).
Santa
Faustina escreveu seis cadernos que
damos o nome de Diário. Alguns trazendo um tema. Vejamos a sua estrutura:
1º- Caderno
– Misericórdia Divina na minha alma.
O nome Diário e a assinatura.
2º- Caderno
- Cantarei a Misericórdia do Senhor
pelos séculos. Misericórdia Divina na minha alma. O nome Diário e a assinatura.
3º- Caderno
– Cantarei a Misericórdia do Senhor; Assinatura e o nome da Congregação.
4º- Caderno
– Sem título e sem a
assinatura.
5º- Caderno
– Sem título, com a assinatura
e o nome da Congregação.
6º- Caderno
– Pelos séculos glorificarei a
Misericórdia de Deus. Com a assinatura e o nome da Congregação.
Também de
extrema importância na vida de Santa Faustina foi o Terço da Misericórdia, ensinado por Jesus. (Diário, n. 474.
476. 482. 483. 811. 1791).
Coisa
muito curiosa que ocorreu na vida de alguns santos, Santa Faustina também
possuía. Que era o dom da bilocação, ou seja, a pessoa pode estar em dois
lugares ao mesmo tempo. Isso, parece impossível a nós, porém, para Deus, não.
Vejamos em seu Diário como narrou a Santa um desses fatos: “Imediatamente me encontrei num lugar
nebuloso, cheio de fogo e reparei que dentro das chamas havia uma enorme
multidão de almas sofredoras. Essas almas rezavam com muito fervor, mas sem
nada conseguirem; apenas nós as podemos ajudar. (...) O maior tormento que
padeciam era o do ardente desejo de Deus. Vi a Mãe de Deus, que visitava as
almas no Purgatório. Almas estas que chamam a Maria “Estrela do Mar.” Ela
leva-lhes refrigério” (Diário, n. 20. 777. 1797-1798).
Santa
Faustina foi uma verdadeira mística. Isso significa que ela se entregou de boa
vontade para se identificar completamente com Cristo. Quanto mais o Espírito
Santo transformava Faustina pelo que ela sofria, tanto mais Deus podia agir
através dela.
Ela
predisse a sua morte e também a Segunda Guerra Mundial. Seis meses mais tarde
os aviões ingressam a fronteira polonesa. Diversas vezes os nazistas vieram ao
convento de Cracóvia para expulsar as irmãs. Todas as vezes as irmãs iam ao
túmulo de Santa Faustina para pedir a sua intercessão. Como ela havia predito,
as ameaças dos invasores nunca se realizaram. No decorre da Guerra a Mensagem
de Santa Faustina espalhou-se e tornou-se uma crescente fonte de energia
especialmente para aqueles que estavam nos campos de concentração nazista.
Desejo
encerrar este texto com aquela importante e bela frase de Santa Faustina em que
ela nos mostra todo seu amor por Jesus e por nós. “Sinto bem que a minha missão
não termina com a morte, mas começará com ela. Ó almas vacilantes, eu vos
descortinarei o véu do céu para vos convencer da bondade de Deus, para que não
machuqueis mais com a dúvida o Dulcíssimo Coração de Jesus. Deus é amor e
Misericórdia” (Diário, n. 281).
Que Santa
Faustina interceda por todos nós junto a Deus e a Virgem Santíssima. Amém.
Página do Diário de Santa Faustina
Cadernos que compõe o Diário de Santa Faustina
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus,
2002.
KOWALSKA, Faustina Santa. Diário: A misericórdia divina na
minha alma. 40ª Edição. [tradução: Prof. Mariano Kawka]. – Curitiba, Editora
Mãe da Misericórdia, 2012.
REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS:
FILME:
Documentário sobre a vida de Santa
Faustina e a Divina Misericórdia.
(idealizador…,)
[Documentário-vídeo], editora…, ano…, minutos…, DVD… [Comentado por Helen
Hayes].
FILME:
Santa Faustina Apóstola da Divina
Misericórdia. [Produção: Telewizja Polska S.A 2009]. [Dirigido por: Jerzy
Lukaszewicz]. Direitos autorais: Instituto Alberione – SP: Paulinas, 2013.
Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)