quarta-feira, 22 de maio de 2019

SANTA MARINA OU MARGARIDA DE ANTIOQUIA (Século IV)

Belíssimo ícone de Santa Marina ou Margarida de Antioquia de origem Capadócia com características bizantinas. 



DADOS BIOGRÁFICOS

NASCEU: em Antioquia da Pisídia, Ásia Menor (Século IV).
PADROEIRA: das parturientes.
MARTÍRIO: no dia 17 de julho.
FESTA LITÚRGICA: dia 17 de julho para os orientais e 20 de julho para o ocidentais.
ATRIBUTOS: portando uma cruz, palma ou espada. Pisando um dragão, saindo de sua boca ou mesmo do seu ventre.



SANTA MARINA OU MARGARIDA DE ANTIOQUIA (Século IV) 

Devido à grande confusão que muitos fazem com o nome desta santa, desejei postar aos meus leitores um pequeno texto sobre esta mártir dos primeiros séculos da Igreja, que testemunhou sua fé em Cristo, no século IV, sob o Império de Diocleciano.

Segundo a tradição, esta Santa foi venerada pelos primeiros cristãos com o nome de Marina, portanto, este é o seu nome mais antigo. Porque ela também é chamada de Margarida de Antioquia. Ressalto que existem outras santas com o mesmo nome. Uma delas é Santa Marina que foi monja. Que viveu no mosteiro em Alexandria; conhecida por Marina de Alexandria ou Marina de Bitínia (715-790) ou mesmo, Marina o “monge”, porque esta ingressou num mosteiro masculino através do seu pai que também ingressou e viveram aí, ela, escondida, sob o hábito de monge, só se descobrindo que era uma mulher depois da sua morte. Temos igualmente outra santa cognominada de, Marina de Galícia ou de Orense. Uma outra mártir local que segundo uma tradição foi irmã de Quitéria. Esta tem sua história muito similar àquela de Antioquia. Daí, dada a grande confusão das santas. Por isso, neste pequeno texto, tentarei explicar-lhes para que possam distingui-las com mais clareza.

Pois bem! Marina ou Margarida de Antioquia, é a mesma pessoa. Às vezes muitos até a confundem com o ícone de Nossa Senhora, onde santa Marina está representada segurando um martelo, sujeitando o diabo pelos chifres e pisando no mesmo. Um belo ícone de origem capadócia e pintura bem bizantina, de uma beleza singular. Para quem olha com mais atenção esta bela pintura, verá que, abaixo, em pequenos quadros estão retratadas partes da vida da santa, seu martírio.

É de fundamental importância ter o conhecimento de arte religiosa, para poder identificar certos santos do cristianismo. Pois, cada santo, traz o seu atributo, ou seja, eles sempre estão portando um objeto que o identifica. Por exemplo: Santa Luzia está quase sempre representada com os olhos num prato ou em suas mãos e também com a palma do martírio, São Francisco de Assis com as Sagradas chagas de Cristo, ou animais, São Pedro com as chaves, São Sebastião com as flechas etc.

Margarida de Antioquia na Espanha é conhecida por Marina de Galícia, que é outra santa com a história bastante parecida com a da do século IV; daí a grande confusão. O culto a santa Marina de Antioquia é bastante antigo. Este vem dos primeiros séculos da Igreja, século IV. Durante a Idade Média este foi muito propagado. Podemos ver na Legenda Áurea (aprox. 1260), do Beato Jacopo dela Voragine, bispo (1228-1298), um texto sobre a vida de Santa Marina. O qual deu impulso a sua devoção. Com a chegada da Contra-Reforma, no século XVI seu culto teve um declínio, por surgirem certas dúvidas quanto a sua existência.

Segundo a Legenda Áurea Santa Marina ou Margarida era filha de um sacerdote pagão chamado Onésimo o qual mais tarde se converteu ao cristianismo. Santa Marina nasceu em Antioquia da Pisídia – Ásia Menor. Não conhecemos a data do seu nascimento. Sua mãe morreu quando ela era ainda criança; a qual foi-lhe dada uma ama que era cristã secretamente, assim, lhes transmitindo a sua fé em Cristo. Certo dia, quando a santa estava no campo, pastoreando as ovelhas, o prefeito daquela região chamado Olibrio, se apaixona por ela e, este lhe faz uma proposta de casamento, recusando a jovem tal proposta. Diante disso, o prefeito lhe manda prender. Em sua prisão, lhe aparece o diabo em forma de um horrendo dragão querendo lhe devorar. Mas, graças a sua fé em Cristo, com a sagrada cruz do Salvador, ela conseguiu escapar ilesa da barriga desse monstro, que a devora, não conseguindo, este, mantê-la em seu ventre.  

Mesmo após esse milagre, a Santa teve muitas outras tentações e tormentos em sua vida. Santa Marina sofreu terríveis tipos de torturas para que renegasse sua fé em Cristo. Uma delas foi ser exposta nua em público para envergonhá-la. Tão cruéis eram seus carrascos que todo povo gritava de comoção diante de tanta crueldade, mas, mantendo-se, ela, sempre fiel à sua fé, Naquele que a salvou.

Os seus algozes não conseguindo os seus intentos perversos, dá-lhe a sentença da decapitação, recebendo, esta serva de Cristo, a coroa do martírio. A história do seu martírio é atribuída a um tal Teótimo que afirmou ser testemunha ocular do seu martírio. Segundo ele, esse episódio teria ocorrido no dia 17 de julho, sob o Imperador Diocleciano. Há quem diga ser uma lenda, principalmente o milagre do dragão.

A sua festa litúrgica é celebrada no dia 17 de julho para os orientais e 20 de julho para o ocidentais. Vemos uma menção ao seu nome no Martirológio de Rábano Mauro, Abade de Fulda, Arcebispo de Mainz (780-856).

Devido ao milagre da vitória sobre o dragão, ela tornou-se a padroeira das parturientes, por estas terem recebidos muitas graças através da sua intercessão. Santa Marina ou Margarida está quase sempre representada com um martelo em sua mão, segurando pelos chifres ou pisando num monstro que é a personificação do diabo e, também com a santa cruz em sua mão. Também podemos ver iconografias dela saindo do ventre ou da boca do dragão; ás vezes portando uma cruz, que é o símbolo da vitória sobre o mal.

Se não analisarmos com cuidado os elementos retratado na pintura de Santa Marina, poderemos muito bem confundi-la com Nossa Senhora, porque ela está quase sempre retratada vestida com uma túnica azul, às vezes, estrelada e, manto vermelho, símbolo do seu martírio. Cores que são bastante colocadas nas pinturas da Virgem Maria.

Ela não era venerada como grande Mártir só pela Europa católica, mas também pelas Igrejas orientais. Os ortodoxos a conhecem por Santa Marina e os católicos por Santa Margarida. Por isso alguns pensam ser duas santas. No Oriente ela aparece sujeitando o diabo pelos chifres, enquanto no Ocidente, ela está pisando num dragão.

Não nos preocupemos se a santa existiu ou não. O que importa é que o nome de Santa Marina, através dos séculos socorreu uma multidão de cristão necessitados da ajuda de Deus. Olhemos para o seu exemplo de virtude e coragem diante de tantos sofrimentos que suportou pela sua fé no verdadeiro Deus, o Cristo.

Peçamos também a sua poderosa intercessão. Santa Marina / Margarida, rogai por nós. Amém. 


OUTRAS BELAS PINTURAS QUE REPRESENTA SANTA MARINA OU MARGARIDA DE ANTIOQUIA








REFERENCIAS  








Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)