Dom Gilvan
Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge
Beneditino)
Salvador, Bahia – 12 de fevereiro de 2024.
O santo TEMPO DA QUARESMA começa com a celebração da QUARTA-FEIRA DE CINZAS, onde os fiéis reunidos na Igreja para a celebração da Eucaristia, escutam atentamente a proclamação das leituras uma do Antigo Testamento, da profecia de Joel (Jl 2,12-18), outra do Novo Testamento, precisamente da segunda carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 5,20 – 6,2), culminando com a Palavra de Deus, do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 6,1-6.16-18). Estas três importantes leituras nos fazem entrar nesse tempo de graça para a conversão de vida. “Se ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”. Logo após a homilia, faz-se o rito da bênção e imposição das cinzas nas nossas cabeças, nos lembrando que somos pó e que nada levaremos quando retornarmos a Deus; senão as obras do amor que fizemos aqui na terra. Por isso, a Igreja nos propõe para esse Tempo, em especial a ESMOLA, a ORAÇÃO e o JEJUM.
Quando o sacerdote impõe as cinzas sobre as nossas cabeças, este, diz uma das duas fórmulas seguintes, propostas pela Igreja, ambas retiradas da Sagrada Escritura: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) ou “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19).
Como já foi dito, o santo Tempo da Quaresma está pautado em três pilares que são a esmola, a oração e o jejum; sem estes, as ações que fizermos não terá eficácia diante de Deus. O próprio Jesus nos ensina os modos de praticar estes três atos. As três leituras da liturgia da missa vem nos mostrar a importância destes atos tão caros aos olhos de Deus.
A cor litúrgica usada nesse período é ROXA, para nos lembrar a penitência e a espera confiante do Senhor. Espera alegre da ressurreição.
Portanto, fiquemos atentos a esse período de transformação e de salvação.
Uma
Santa Quaresma para todos!
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Dia de jejum e abstinência.
- Cor
Roxa.
- Ofício ferial quaresmal.
- Missa: própria (sem Credo), Prefácio
quaresmal IV.
- LEITURAS:
- Jl
2,12-18;
- 2Cor
5,20-6,2;
- Mt
6,1-6.16-18 (A esmola, a oração e o
jejum).
Leiamos com atenção o Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus:
A esmola em segredo
1Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto ao vosso Pai que está nos céus. 2Por isso, deres esmola, não te ponhas a trombetear em público, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de ser glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. 3Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz tua direita, 4para que tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.
Orar em segredo
5E quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração pondo-se em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. 6Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora a teu Pai que está lá, no segredo; e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.
Jejuar em segredo
16Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio
como fazem os hipócritas, pois eles desfiguram seu rosto para que seu jejum
seja percebido pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. 17Tu,
porém, quando jejuares, unge tua cabeça e lava teu rosto, 18para que
os homens não percebam que estás jejuando, mas apenas teu Pai, que está lá no
segredo; e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. (Mt 6,1-6.16-18). (A esmola,
a oração e o jejum).
NOTAS PARA O TEMPO DA QUARESMA
1. Durante este tempo, é proibido ornar o altar com flores; o toque de instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o domingo Laetare (4º Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas.
2. A cor do tempo é a roxa. No domingo Laetare pode-se usar o cor-de-rosa (IGMR n. 308 f).
3. Em todas as Missas e Ofícios (onde se encontrar), omite-se o Aleluia.
4. Nas solenidades e festas, somente, como ainda em celebrações especiais, diz-se o Te Deum e o Glória.
5. Não são permitidas Missas votivas neste Tempo.
6. As Memórias obrigatórias que ocorrem neste Tempo podem ser celebradas como Memórias facultativas, mas da seguinte forma: a) acrescentar a leitura hagiográfica (depois da leitura bíblica com seu responsório) no Ofício de Vigílias com a oração do Santo; b) comemorar o Santo nas Laudes e Vésperas com antífona e oração própria, depois da oração ferial (esta sem conclusão); c) tomar, na Missa, a coleta do Santo em lugar da coleta ferial.
7. Na celebração do matrimônio, dentro
ou fora da Missa, deve-se sempre dar a bênção nupcial; mas admoestem-se os
esposos a que se abstenham de demasiada pompa.
INÍCIO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove, todos os anos, durante a Quaresma, a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, cuja finalidade principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social deste Tempo litúrgico. A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais da Quaresma: a ORAÇÃO, o JEJUM e a ESMOLA.
Neste
ano, o tema da Campanha é: “FRATERNIDADE
E AMIZADE SOCIAL” e o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs”
(Mt 23, 8).
NOTAS PARA A QUARTA-FEIRA DE CINZAS
a) Na Missa substitui-se o Ato Penitencial pela bênção e imposição das cinzas.
b) Depois do Evangelho e da homilia, benzem-se e impõem-se as cinzas feitas de ramos de oliveira ou outras árvores, bentas no Domingo de Ramos do ano anterior.
c) A bênção e imposição das cinzas também podem ser feitas sem Missa; neste caso, oportunamente, precede uma Liturgia da Palavra, aproveitando o canto de entrada, a Coleta e as leituras da Missa com seus cantos; depois da homilia, são bentas as cinzas e impostas, e o rito termina com a oração dos fiéis.
d) Em hora conveniente durante o dia, com a presença de toda a comunidade, celebra-se o Capítulo Quaresmal, podendo-se conceder a absolvição geral conforme o costume (cf. RM 208 e 331).
(Diretório Litúrgico da Congregação
Beneditina do Brasil)
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.
DIRETÓRIO LITÚRGICO DA CONGREGAÇÃO BENEDITINA DO BRASIL. Org. D. José Palmeiro Mendes, O.S.B / Mosteiro de São Bento, RJ: EDIÇÕES LUMEM CHRISTI – Rio de Janeiro, 2024.
Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)
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