Dom Gilvan
Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge
Beneditino)
Salvador,
Bahia – 29 de janeiro de 2024
ESCUTA, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai, para que voltes, pelo labor da obediência, àquele de quem te afastaste pela desídia da desobediência. A ti, pois, se dirige agora a minha palavra, quem quer que sejas que, renunciando às próprias vontades, empunhas as gloriosas e poderosíssimas armas da obediência para militar sob o Cristo Senhor, verdadeiro Rei (RB - Prólogo, 1,3).
O terceiro abade do mosteiro de Maredsous na Bélgica, o BEATO DOM COLUMBA MARMION foi um excelente e famoso diretor espiritual e também exímio pregador de retiros. Foi um grande escritor. Seus livros foram escritos baseados em seus muitos retiros. E considerados escritos clássicos do cristianismo pelo peso de suas Obras. Dom Columba Marmion procurava sempre viver o que pregava para os seus monges e outras comunidades em que passava como pregador, pois foi por essa coerência de vida que ele alcançou, ou seja, a santidade de sua vida, dando exemplo de Paternidade, Caridade, Fé, e Esperança. Pois, sem as últimas três virtudes o cristão não pode seguir perfeitamente a Jesus Cristo o seu Mestre.
Impressionante era a sua resignação diante das dificuldades que se apresentavam em sua vida, assim como se apresenta diante de todo cristão que deseja seguir verdadeiramente o Cristo. Ele dizia sempre diante dos obstáculos apresentados: “Eu recebo com um sorriso cada obstáculo que se me apresenta”.
Dom abade Columba Marmion nasceu no dia 1º de abril do ano de 1858 em Dublin na Irlanda. Foi ordenado sacerdote em Roma no mês de junho de 1881. E, em 1886 ingressa na abadia de Maredsous na Bélgica, da qual vieram monges para restaurar os mosteiros da Ordem no Brasil, nos séculos XIX e XX. Fez seus votos monásticos simples/trienais no dia 10 de fevereiro de 1888, professando os votos perpétuos solenes em 10 de fevereiro de 1881.
Em setembro do ano de 1899 foi nomeado no cargo de Prior da abadia de Monte Cesar, e em 28 de setembro de 1909, foi eleito pela comunidade monástica para ser o terceiro abade da abadia de Maredsous, recebendo assim a bênção abacial no dia 03 de outubro de 1909.
Em 30 de janeiro de 1923, na abadia de Maredsous, como uma pomba, o que significa o seu nome religioso, na língua latina, voa aos céus em fama de santidade, Dom abade Columba Marmion, para o grande encontro com Aquele que ele tanto amou e pregou em sua vida nesta terra. Portanto, os cristãos reconhecendo as suas virtudes deram abertura a sua causa de beatificação e canonização no dia 07 de fevereiro de 1957 e, sendo reconhecida as suas virtudes com os requisitos para dar-lhe como exemplo, para toda a Igreja de Cristo, ele foi beatificado pelo Papa são João Paulo II na Praça São Pedro em Roma, no dia 03 de setembro de 2000, ano jubilar de Nosso Senhor Jesus Cristo. E a sua memória litúrgica foi definida pela Igreja, para ser celebrada no dia 30 de janeiro.
Para nós monges beneditinos é uma
grande alegria e força na nossa caminhada monástica diária, sabermos que
podemos galgar a Escada da Humildade,
tão ensinada por nosso Patriarca São Bento, na sua Regra para os mosteiros,
precisamente no capítulo sétimo. Aqui cito o início do importante capítulo.
Vejamos o que nos ensina São Bento a respeito dessa escada que se eleva até o céu:
Irmãos, a Escritura divina nos clama dizendo: “Todo aquele que se exalta será humilhado e todo aquele que se humilha será exaltado. Indica-nos com isso que toda elevação é um gênero de soberba, da qual o Profeta mostra precaver-se quando diz: “Senhor, o meu coração não se exaltou, nem foram altivos meus olhos; não andei nas grandezas, nem em maravilhas acima de mim. Mas, que seria de mim se não me tivesse feito humilde, se tivesse exaltado minha alma? Como aquele que é desmamado de sua mãe, assim retribuirias à minha alma.” Se, portanto, irmãos, queremos atingir o cume da suma humildade e se queremos chegar rapidamente àquela exaltação celeste para a qual se sobe pela humildade da vida presente, deve ser erguida, pela ascensão de nossos atos, aquela escada que apareceu em sonho a Jacó, na qual lhe eram mostrados anjos que subiam e desciam. Essa descida e subida, sem dúvida, outra coisa não significa, para nós, senão que pela exaltação se desce e pela humildade se sobe. Essa escada erecta é a nossa vida no mundo, a qual é elevada ao céu pelo Senhor, se nosso coração se humilha. Quanto aos lados da escada, dizemos que são o nosso corpo e alma, e nesses lados a vocação divina inseriu, para serem galgados, os diversos graus da humildade e da disciplina. (RB 7,1-9).
Dom abade Columba Marmion soube muito bem viver os ensinamentos de Cristo mostrados por São Bento, no mosteiro, e assim, ele galgou a cada dia essa Escada da Humildade dirigida ao céu. Certamente com quedas e acertos, pois, é essa a caminhada de todo cristão para o Reino de Deus. Importante sempre nos lembrarmos da promessa que fazemos na cerimônia de ingresso do nosso noviciado no mosteiro, quando dizemos: “Apoiado não nas minhas próprias forças, mas na misericórdia de Deus”. Assim deve ser a vida do monge e de todo cristão que deseja seguir o Cristo com verdade e amor. Dom abade Columba era apaixonado pela sua vida monástica e sempre dizia: “Tornei-me monge porque Deus me revelou a beleza e a grandeza da obediência”. Foi por essa causa que ele alcançou a santidade, vivendo as Virtudes Teologais; a Fé, a Esperança e a Caridade. E ainda dizia: “As maravilhas da adoção divina são assim tão grandes que a linguagem humana não dá conta de exprimi-la. É algo maravilhoso que Deus possa adotar-nos como filhos seus”.
Mostrando um pouco mais do beato Dom abade Columba Marmion, escutemos o que nos informa a renomada revista “Pedras Vivas” dos Oblatos da abadia de Nossa Senhora do Monserrate do Rio de Janeiro:
Filho espiritual de São Bento, Dom Columba Marmion, terceiro abade de Maredsous (Bélgica), um dos mosteiros que enviou monges para a restauração da nossa Ordem no Brasil, foi beatificado aos 03 de setembro de 2000. Personagem de importância mundial, tanto para a espiritualidade monástica quanto para a espiritualidade cristã em geral, o beato Marmion foi aquele que, entre todos os autores espirituais da escola beneditina moderna, melhor soube difundir para um amplo público a espiritualidade bíblica e litúrgica, que desenvolvida por seus discípulos foi, em grande parte, elogiada e confirmada nos recentes documentos da Igreja. (Dom Justino de Almeida, OSB). (PEDRAS VIVAS. Revista: Oblatos do mosteiro de São Bento do Rio de janeiro – Ano XVII, nº 82 (Set-Out) / nº 83 (Nov-Dez) – 2014).
Que a vida do Beato Dom Columba Marmion passa nos impelir na vivência do Evangelho de Jesus Cristo, pois, esta é a finalidade da vida dos santos, ser exemplo de seguimento e fazer crescer o Reino de Deus no mundo.
Beato Dom Columba Marmion, rogai por
nós. Amém.
OS ESCRITOS DO BEATO DOM COLUMBA MARMION, O.S.B, ABADE
Graças a Dom Raymond Thibaut, seu secretário, o ensinamento oral de Dom Marmion foi preservado sob a forma de três livros:
- LE CHRIST, VIE DE L'ÂME, (O Cristo, vida da alma). 1917
- LE CHRIST EN SES MYSTÈRES, (O Cristo em seus mistérios). 1919
- LE CHRIST, IDÉAL DU MOINE, (O Cristo, ideal do monge). 1922
Não se esqueçam, são cerca de 1700 cartas, e um retiro dedicado a religiosos enclausurados, a quem pregou em várias ocasiões.
A UNIÃO COM DEUS EM CRISTO, de acordo com as cartas de direção espiritual de Dom Columba Marmion.
ORAÇÃO
AO
BEATO DOM COLUMBA MARMION, O.S.B, ABADE
Deus, nosso Pai, Vós nos destes a graça de conhecer Vosso Filho em seus mistérios. A vosso Servo Columba destes o dom de falar sobre Vós. Esse dom ele o fez frutificar mediante sua irradiação em todo o mundo. Graças ao seu ensinamento, os batizados se tornam mais conscientes que são vossos filhos e são convidados a ver e a viver cada acontecimento em Cristo. Sabemos agora que nossa fraqueza é assumida na fraqueza de Cristo, aquela que Ele tomou sobre si para dar-nos em troca a força do Espírito. Daí somos encorajados a fazer parte do povo bendito dos pobres e dos sofredores aos quais ofereceis o vosso conforto e a quem abris sem descanso os mistérios do Reino, por Jesus, vosso Filho, que vive convosco e com o Espírito Santo agora e para sempre. Amém.
Algumas importantes fotografias do Beato
Dom abade Columba Marmion.
REFERÊNCIAS
ENOUT, Evangelista João. A Regra de São Bento. Latim-Português. Tradução D. João Evangelista Enout, O.S.B; Rio de Janeiro: LUMEM CHRIST, 1992.
PEDRAS VIVAS. Revista: Oblatos do mosteiro de São Bento do Rio de janeiro – Ano XVII, nº 82 (Set-Out) / nº 83 (Nov-Dez) – 2014.
Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57,9)
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