Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador - BA - 28 de março de 2016
Certamente esta mulher não
reconhecia Jesus Cristo como o Messias porque era pagã da cidade de Roma. Mas,
se formos aprofundar a passagem em que São Mateus fala a respeito dela logo
perceberemos que esta mulher mesmo sendo pagã reconhece Jesus como justo.
Coisa, que os próprios fariseus e doutores da Lei, bem como uma parte
significativa do povo de Jerusalém e daquelas regiões não enxergavam,
porque os seus corações só continham inveja e ódio contra o Mestre. No
entanto, uma pagã manda dizer a Pilatos: “Não te envolvas com
esse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele” (Mt
27,19). Por este pedido dirigido ao Governador Pôncio Pilatos, muitos
interpretam que esta mulher desprezava a Jesus, como se quisesse dizer ao
Governador que não valeria apena se envolver com esse caso.
Pois bem!
Não penso dessa maneira. Minha opinião é que ela estava muito preocupada com a
causa de Jesus, porque via nele mansidão e certamente percebera muita inveja da
parte dos seus opositores. E não queria que seu marido tivesse culpa na morte
daquele justo, tentando livrá-lo assim de um peso de consciência
posterior, o que veio justamente a acontecer após a sentença de morte dada ao
Salvador por seu esposo o Governador Pôncio Pilatos. Segundo alguns relatos
de Evangelhos Apócrifos (do grego que significa “escondido”,
“secreto”), Pilatos carregou por toda a vida o remorso daquela sentença
iníqua.
Ao
ler e meditar a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre
despertava em mim a curiosidade em relação a este versículo do Evangelho
segundo São Mateus, pois, só este evangelista fala desta figura enigmática. O
evangelista não cita o seu nome, ele fala apenas a mulher de Pilatos. Figura
muito importante para o reconhecimento de Jesus como o Messias esperado que salvaria
Israel e o orbe inteiro.
Lendo
alguns dos Evangelhos Apócrifos, ou seja, o Evangelho
de Nicodemos (Nc 2,1) e, o Evangelho de Gamaliel (Gm
2,31-32), (pois, os Evangelhos Apócrifos são mais de vinte escritos),
também tendo em mãos o precioso livro das visões da Beata Anna
Catharina Emmerich (1774-1824), Vida, Paixão e Glorificação do
Cordeiro de Deus, deparei-me com passagens sobre a esposa de Pôncio
Pilatos, obras que esclareceram muitas das minhas dúvidas e curiosidades em
relação a esta misteriosa mulher. São formidáveis a maneira com que estes a
descrevem, comentando aquela passagem do Evangelho segundo São Mateus (Mt
27,19). Com isso, achei pertinente escrever este pequeno texto a respeito desta
ilustre e curiosa figura que as vezes passa despercebida por muitos.
Quem foi esta figura? Muitas lendas surgiram a seu respeito durante os séculos. Em várias igrejas orientais ela é venerada como santa. Seu nome é CLÁUDIA PRÓCULA ou PLÓCLA.
O sonho a respeito de Jesus da romana Cláudia
Prócula.
O sonho a respeito de Jesus da romana Cláudia Prócula.
Comecemos
com a narração de uma das visões da Beata alemã Anna Catharina Emmerich em
relação a Cláudia Prócula. A Beata nos dá um relato muito interessante sobre
esta mulher. Vejamos o que ela diz a respeito desta figura:
“Enquanto
Jesus era conduzido a Herodes e lá o cobriam de insultos e escarnio, vi
Pilatos ir ao encontro da esposa, Cláudia Prócula. Encontraram-se em uma
pequena casa, construída sobre um terraço do jardim, atrás do palácio de
Pilatos. Cláudia estava muito incomodada e comovida. Era
mulher alta e esbelta, mas pálida; vestia um véu, que lhe pendia sobre as
costas, contudo viam-se lhe os cabelos, dispostos em redor da cabeça e
alguns adornos; tinha também brinco, um colar e sobre o peito um broche, em
forma de agrafe, que lhe pendia o longo vestido de pregas” (EMMERICH, 1996, p. 213-214).
No
Evangelho de Nicodemos (Memórias de Nicodemos),
assim ele fala:
[…]
“Vendo isso, Pilatos foi tomado de susto e começou a levantar-se de sua cadeira
curul. Quando ele estava prestes a levantar-se, sua mulher lhe mandou
dizer: “Não faças nada com relação a esse homem justo, porque, esta noite,
sofri muito por causa dele” (citação quase literal a de Mt 27,19). Pilatos chamou então todos os judeus e lhes
disse: “Sabeis bem que minha mulher teme a Deus e é muito favorável aos usos
judaicos”. Eles lhes responderam: “Sim, é verdade”. Pilatos continuou: “Eis
que minha mulher mandou dizer-me: ‘Não interfiras nos assuntos deste homem
justo, porque, esta noite, sofri muito por causa dele’”. Os judeus
responderam a Pilatos: “Não te dissemos que ele é um mago? Eis que
mandou uma visão em sonho a tua mulher” (Nicodemos 2,1).
(MORALDI, 1999, p. 304-304).
Podemos
perceber aqui o embaraço do governador Pilatos por causa das suas superstições.
Por causa disso, ele ficava titubeando nas suas posições e não se decidia no
caso do Nazareno.
Igualmente
o Evangelho de Gamaliel (Tirado de Laha Maryam,
“Lamentação de Maria” – Recensão etiópica), assim afirma:
“E os
chefes dos judeus lá presentes como também os soldados de Herodes endureciam
seu coração e queriam matá-lo. Tinham informado a Herodes que Pilatos e muitos
dentre o povo estavam bem dispostos em relação a Jesus, e disseram: “Quando nos
aproximarmos para crucificá-lo, a multidão se revoltará contra nós e, por
incitação de Pilatos, libertá-lo-á de nossas mãos. Manda-nos, pois, logo tua
ordem e teu exército para crucificá-lo”. Os judeus
lhe tinham dado muitos presentes, a fim de que ele mandasse a eles sua força e
seus soldados. Por isso, naqueles dias Pilatos não tinha saído com eles, a fim
de que não se chegasse a um choque entre ele e os judeus. Pilatos e sua mulher amavam verdadeiramente a
Jesus como a si mesmos. Ele
tinha mandado flagelá-lo para comprazer aos maus judeus e para que seus
corações se dispusessem mais favoravelmente e o deixassem ir, sem condená-lo à
morte. Mesmo que Pilatos soubesse que suspenderiam na cruz a ele e sua
mulher e filhos, se não o tivessem entregue a eles e não o tivesse dado à
morte, jamais teria estendido a mão contra ele. Com enganos tinha
feito Pilatos acreditar: “Se punires este homem obstinado, de modo que não cure
mais ninguém em dia de sábado, depois nós não nos ocuparemos mais com ele e o
repudiaremos”. Depois dessa encenação enganosa, Pilatos mandou flagelá-lo:
pensava que as afirmações deles fossem verdadeiras” (Gamaliel 2,29-34).
(MORALDI, 1999, p. 342-343).
Por isso,
vemos Pilatos vária vezes afirmar que não ver nenhum crime em Jesus pelo qual
mereça a morte. E vemos titubear em suas afirmações, e por causa disso proclama
a sentença de morte do Senhor; para a tristeza de sua esposa Cláudia Prócula.
Aquela que momentos antes lhe pedira que não condenasse à morte tal homem,
pois, este era justo.
Podemos
ver bem de uma forma maravilhosa a obra cinematográfica de Mel Gibson, A
Paixão de Cristo, onde ele explora muito bem este versículo do
Evangelho narrado por São Mateus (Mt 27,19). Porém, sabemos que toda a narração
do filme, ou quase todo, foram segundo as narrações das visões da Beata Anna
Catharina Emmerich (1774-1824), da obra já citada acima.
Anna
Catharina Emmerich era uma religiosa mística agostiniana (Ordem de Santo
Agostinho), que teve várias visões da Vida, Paixão, Morte e
Glorificação de Jesus. Ela recebeu os estigmas de Cristo em
seu corpo. Era uma pobre camponesa de família muito piedosa, nasceu na
aldeia de Flamske, perto de Coesfeld, na westfália, no dia 08 de setembro de
1774. Desde a primeira infância, não cessou de receber do céu uma direção
superior. Via frequentemente o seu Anjo da Guarda e brincava com o Menino
Jesus. Nossa Senhora apresentava-se-lhe muitas vezes e também os Santos que
eram seus bons amigos. Foi beatificada por Sua Santidade o Papa São João Paulo
II em 03 de outubro de 2004, na Praça São Pedro em Roma.
Pois bem!
Anna Catharina nas suas visões, cita a figura emblemática de Cláudia
Prócula dez vezes nos capítulos 5 e 6, da
sua Obra. Daí a importância desta personagem. E Anna Catharina vai mais além
chegando a dizer que Cláudia Prócula após o episódio da sentença condenatória
de Jesus, se convertera ao cristianismo. Assim, ela nos fala:
“Enquanto
Pilatos pronunciava a sentença injusta, vi Cláudia Prócula sua mulher,
remeter-lhe o penhor e separar-se dele. Na mesma noite fugiu ocultamente do
palácio e foi para junto dos amigos de Jesus, que a levaram a um esconderijo,
num subterrâneo da casa de Lázaro, em Jerusalém. Vi também um amigo de
Jesus gravar, numa pedra esverdeada atrás do tribunal do Gábata, duas linhas,
que diziam respeito à sentença injusta de Pilatos e a separação da mulher do
Procurador; ainda me lembro das palavras “JUDEX INJUSTUS” e do nome “CLÁUDIA
PRÓCULA”. Mas não me recordo se foi do mesmo dia ou de
alguns dias mais tarde; lembro-me apenas que nesse lugar do fórum estava um
numeroso grupo de homens conversando, enquanto o outro homem, encoberto por
eles, gravou aquelas linhas, sem ser visto. Vi que aquela pedra ainda está,
desconhecida embora, em Jerusalém, nos alicerces duma casa ou duma Igreja,
situada onde antigamente era o Gábata. Cláudia Prócula tonou-se cristã
e depois de se ter encontrado com São Paulo, tornou-se-lhe amiga dedicada” (EMMERICH,
1996, p. 243-244).
Esta é
uma das passagens mais significativas da beata, a respeito de Cláudia Prócula.
A Beata Anna Catharina Emmerich em um de seus
êxtases
Segundo
alguns dicionários bíblicos, Cláudia, era uma “cristã romana conhecida
de Paulo e de Timóteo (cf. 2 Tm 4,21). Talvez a esposa de Pudens” (VINCENT,
1969, p. 122).
Igualmente,
J. Dheilly no seu dicionário nos dá a seguinte definição: “Mujer
cristiana de Roma, cuyo saludo transmite Pablo a Timoteo (2 Tm 4,21)” (DHEILLY,
1970, p. 235).
Anna
Catharina, em todas as passagens referentes a Cláudia Prócula, mostra-nos a
preocupação desta mulher em querer livrar Jesus que era inocente, da sentença
de morte que os judeus aspiravam contra o Salvador com tanta veemência e também
por inveja. Ela por ser uma romana estava acostumada a ver coisas semelhantes
na cidade de Roma.
Quanto ao
seu sonho, não temos um relato no Evangelho, porque, o evangelista São Mateus,
só diz que: “Sua mulher lhe mandou dizer…” que teve um sonho a
noite, e que sofrera bastante por causa de Jesus que era justo, e nada mais a
respeito dela nem do seu sonho. Porém a Beata Anna Catharina Emmerich nos dá um
relato do sonho de Cláudia Prócula. De uma maneira fantástica. Vejamos como ela
nos descreve tal sonho:
Conversou
muito, tempo com Pilatos, conjurando-o por tudo que lhe era santo a não fazer
mal a Jesus, o Profeta, o mais Santo dos santos e contou-lhe parte das visões
maravilhosas que vira, a respeito de Jesus, durante a noite. Enquanto ela falava, vi-lhe grande parte das visões que tivera; mas não
me lembro mais exatamente da ordem em que se seguiam. Recordo-me
todavia, que viu todos os momentos principais da vida de Jesus; viu a
anunciação de N. Senhora, o nascimento de Jesus, a adoração dos pastores e dos
Reis Magos, as profecias de Simeão e Ana, a fuga para o Egito, a matança dos
inocentes, a tentação no deserto, etc. Viu-lhe quadros da vida pública,
virtudes e milagres; viu sempre rodeado de luz e teve visões horríveis do ódio
e da maldade de seus inimigos; viu-lhe os inúmeros sofrimentos, o amor e a
paciência sem limite a santidade e as dores de sua Mãe. Para mais fácil
compreensão, eram esses quadros ilustrados com figuras simbólicas e pela
diferença de luz e sombra. Essas visões lhe causaram indizíveis
angústia e tristeza; pois todas essas coisas lhe eram novas, penetraram-lhe no
coração pela verdade intuitiva; parte das visões mostraram-lhe acontecimentos
que se deram na vizinhança de sua casa, como por exemplo a matança das crianças
inocentes e a profecia de Simeão no Templo. De minha própria experiência sei
bem quanto um coração compassivo sofre em tais visões; pois compreende melhor
os sentimentos de outrem quem já os sentiu em si mesmo. Ela tinha sofrido
durante a noite e visto muitas coisas maravilhosas e compreendido muitas
verdades, umas mais, outras menos claramente, quando foi acordada pelo barulho
da multidão, que conduzia a Jesus. Quando mais tarde olhou para fora, viu o
Senhor, objeto de todas as coisas maravilhosas que vira durante a noite,
desfigurado e cruelmente maltratado pelos inimigos, que o conduziam através do
fórum, ao palácio de Herodes esse espetáculo, após as visões da noite,
encheu-lhe o coração de angústia e terror. Mandou imediatamente chamar Pilatos,
a quem contou, com medo e pavor, muitas das coisas que vira, porque não tinha
compreendido tudo ou não sabia exprimir em palavras; mas pedia e suplicava e
estreitava-se-lhe de um modo tocante. Pilatos ficou muito admirado e até
sobressaltado pelo que a esposa lhe contou, comparava-o com tudo que ouvia cá e
lá sobre Jesus, com a raiva dos judeus, com o silêncio de Mestre e as firmes e
maravilhosas respostas que lhe dera às perguntas; ficou perturbado e inquieto;
deixou-se porém, em pouco vencer pelas insistências da mulher e disse-lhe: “Já
declarei que não acho crime nesse homem; não O condenarei, já percebi toda a
maldade dos judeus.” Ainda falou sobre as declarações que Jesus tinha feito
contra si mesmo e até tranquilizou a mulher, dando-lhe um penhor, como garantia
da promessa. Não sei mais se foi uma joia ou um anel ou sinete que
lhe deu por penhor. Assim se separaram” (EMMERICH, 1996, p. 213-214).
Por causa
disso, o Governador Pôncio Pilatos, que era muito supersticioso ficou muito
temeroso diante da caso de Jesus o Nazareno. Certamente Pilatos já havia
proclamado várias sentenças de morte a tantos outros condenados, e acompanhado
outros casos de julgamentos, mas, nenhum como este do Galileu. Ainda mais com o
pedido da sua esposa em favor do prisioneiro. Realmente, tudo isso, era muito
embaraçoso para o Governador Pilatos. Como a casa de Pilatos era contígua ao
fórum, insistente era os rogos da sua esposa Cláudia em favor de Jesus o
Nazareno. “Atrás do palácio há ainda outro terraço mais elevado, com
jardins e caramanchão. Esses jardins formam a comunicação entre o
palácio de Pilatos e a casa da esposa, Cláudia Prócula…” (EMMERICH,
1996, p. 206).
Vejamos
aqui a ternura e a bondade desta digna mulher e a sua angustia ao ver tanta
malícia dirigida contra Jesus.
“Cláudia
Prócula, esposa de Pilatos, mandaram-lhe dizer por um criado, durante as
últimas discussões, que desejava falar-lhe urgentemente. Quando Jesus foi
conduzido a Herodes, estava escondida numa galeria alta, olhando com grande
angústia e tristeza para o cortejo que passava pelo fórum” (EMMERICH, 1996, p. 211).
E ainda
nos fala Anna Catharina Emmerich:
“Pilatos,
porém, foi chamado por um criado da mulher; retirou-se um instante do
terraço e o criado mostrou-lhe o penhor que ele dera de manhã à esposa e
disse-lhe: “Cláudia Prócula manda lembrar-vos vossa promessa” (EMMERICH, 1996, p. 225).
E
continua: “Pilatos, lembrando-se à vista do penhor, da súplica da
esposa, devolveu-lho, como sinal de que cumpria a promessa” (EMMERICH,
1996, p. 226). Mas Cláudia insiste no processo de Jesus para maior
embaraço do Governador.
“Cláudia
Prócula, que estava muito angustiada pela hesitação do marido, mandou novamente
um mensageiro a Pilatos mostrar-lhe o penhor e lembrar-lhe a promessa; ele,
porém, lhe mandou uma resposta muito confusa e supersticiosa, da qual me lembro
apenas que se referia aos deuses.” Quando
os príncipes dos sacerdotes e os fariseus tiveram conhecimento da intervenção
da mulher de Pilatos em favor de Jesus, mandaram espalhar entre o povo: “Os partidários de Jesus
subornaram a mulher de Pilatos; se ele ficar livre, unir-se-á aos romanos e nós
todos pereceremos” (EMMERICH, 1996, p. 236).
Outro
fato interessante e muito belo na Obra de Catharina Emmerich é a compaixão de
Cláudia Prócula, ou seja, uma mulher pagã que ao ver a Santíssima Virgem,
naquele imenso sofrimento diante da visão de seu Divino Filho, tão desfigurado
pelos maus-tratos dos carrascos, toma uma atitude surpreendente. Ela
compadecendo-se da Santa Mãe de Jesus envia-lhe uns panos a Mãe de Jesus.
A obra cinematográfica de Mel Gibson, A Paixão de Cristo,
explora esta passagem de modo muito comovente. Vejamos a descrição que faz Anna
Catharina Emmerich:
“Quando Jesus, depois da flagelação, caíra ao pé da coluna, mandara Cláudia Prócula, a mulher de Pilatos, um fardo de grandes panos à Mãe de Deus. Não sei mais se julgava que Jesus ficaria livre e a Mãe do Senhor lhe devia tratar as feridas com esses panos ou se a pagã compadecida mandou os panos para o fim para o qual a Santíssima Virgem os empregou” (EMMERICH, 1996, p. 231).
Os panos de Cláudia Prócula.
Cena do filme A Paixão de Cristo de Mel Gibson.
Porém, o
Governador Pilatos por medo do Imperador e de uma insurreição do povo, bem como
na sua covardia desejava agradar aos judeus, entrega Jesus à morte ignominiosa
da cruz. Quanto a isto, ouçamos o que nos diz Catharina Emmerich:
“Pilatos,
que não procurava a verdade, mas apenas uma saída para a dificuldade, estava
mais indeciso que nunca. A consciência dizia-lhe: “Jesus é inocente.”
A esposa mandara dizer-lhe: “Jesus é santo.” A superstição
dizia-lhe: “É um inimigo de teus deuses.” A covardia
dizia-lhe: “É um deus e vingar-se-à.” (EMMERICH, 1996, p. 239).
E
prossegue:
“A
ameaça dos judeus de acusá-lo diante do imperador, decidiu-se Pilatos a
fazer-lhes a vontade, contrariamente à promessa que fizera à esposa,
contrariamente à justiça e à própria convicção. Por medo do imperador, entregou
aos judeus o sangue de Jesus, mas para a própria consciência não tinha
senão água, que fez derramar sobre as mãos, exclamando: “Sou inocente
do sangue deste justo, respondereis por ele.” (EMMERICH, 1996, p. 240).
Interessante que Anna Catharina nos dá até um relato da sentença de morte proferida por Pilatos contra o Salvador:
“Compelido pelos Sumos Sacerdotes e o Sinédrio e ameaçado por uma iminente insurreição do povo, que acusavam Jesus de Nazaré de agitação contra a autoridade, de blasfêmia e de desprezo da lei judaica, exigindo-lhe a morte, entreguei-lhes o mesmo Jesus, para ser crucificado, não tanto movido pelas acusações, que em verdade não achei fundadas, mas para não ser acusado perante o imperador, de favorecer a insurreição e negar justiça aos judeus. Entreguei-O porque exigiram com violência a morte, como transgressor da lei; e com ele dois ladrões, já antes condenados, cuja execução fora adiada por maquinações dos judeus, porque queriam que fossem executados junto com Jesus” (EMMERICH, 1996, p. 242-243).
Ut In Omnibus
Glorificetur Deus (RB 57, 9)
Muito interessante, gostei muito do conteúdo, enquanto para muitos ela parece alguém insignificante, vemos o quão forte era esta mulher.
ResponderExcluirMinha santa onomástica
ResponderExcluirPilatos amava Jesus???
ResponderExcluirEste post foi um fracasso começando por esses argumentos e outros que nem vale a pena dizer.