quinta-feira, 4 de julho de 2024

BIOGRAFIA DO SERVO DE DEUS FREI BERNARDO VAZ LOBO TEIXEIRA DE VASCONCELOS, O.S.B, (1902-1932).

 

Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B

(Monge Beneditino)

Salvador, Bahia – 03 de julho de 2024

DADOS BIOGRÁFICOS

- NASCIMENTO: No dia 07 de julho do ano de 1902 em São Romão do Corgo, no município de Celorico de Bastos, arquidiocese de Braga – Portugal.

- NOME COMPLETO: Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos.

- PAIS: Dr. Manuel Joaquim da Cunha Maia Teixeira de Vasconcelos e Dona Filomena da Conceição Vaz Lobos.

- VIDA RELIGIOSA: Em 24 setembro de 1924, tomada de hábito e entrada no Noviciado, no mosteiro de Samos, Galiza – Espanha, com o nome onomástico de Frei Bernardo da Anunciada.

- PROFISSÃO SIMPLES (Trienal): No dia 29 Setembro de 1925, fez a sua Profissão simples como monge do Mosteiro de Singeverga - Portugal.

- ORDENS MENORES: No dia 05-06 de fevereiro de 1928, recebe as Ordens Menores, Na cidade do Porto - Portugal.

- PROFISSÃO PERPÉTUA: No dia 29 setembro de 1928, fez a sua Profissão Solene, na festa de São Miguel Arcanjo, na igreja de São José, na Póvoa.

- FALECEU: Santamente na Foz do Douro no dia 04 de julho de 1932. (Aos 29 anos de idade). Em três dias ele completaria seus trinta anos de idade.

- SEPULTURA: Foi sepultado no cemitério de Molares (Celorico de Basto) em 1932. Em 1933 a 04 julho, foi feita a trasladação dos seus restos mortais para o sepulcro em que jazem, na igreja paroquial de São Romão do Corgo (Celorico de Basto), sua terra natal.

- CAUSA DE BEATIFICAÇÃO: Foi promovida após 50 anos da sua morte. Assim foi constituído o tribunal ad hoc, por Dom Eurico Dias Nogueira a 04 de julho de 1983, sendo concluídos os trabalhos a 09 de outubro de 1987.

- VIRTUDES HEROICAS: Reconhecidas pelo Sumo Pontífice São João Paulo II com a Constituição Apostólica, “Divinus perfectionis magister” de 25 de janeiro de 1983. O Sumo Pontífice o Papa Francisco em 14 de junho de 2016, aprovou e assinou o decreto oficial declarando-o Venerável.


 BERNARDO O CANTOR DO AMOR DE DEUS

 

“Entre estes, em todos os tempos, Deus escolhe muitos para que, seguindo mais de perto o exemplo de Cristo, dêem testemunho glorioso do Reino dos céus com o derramamento de sangue ou com o exercício heroico das virtudes”. (Constituição apostólica, Divinus perfectionis Magister - 1983).

Este jovem viveu e morreu cantando o amor de Deus; comunicando a todos sua sede de ideal. Podemos ver nos seus escritos o seu grande desejo de santidade e pureza de vida. Assim foi a vida do jovem monge da Sagrada Ordem do Patriarca São Bento de Núrcia, (480-547), abade. Este monge em poucos anos de vida monástica, soube viver as virtudes teologais, a , a Esperança e a Caridade e, por esse motivo, foi colocado entre aqueles que estão a caminho dos altares. Um jovem bastante esclarecido na luz de Deus, e com certeza, podemos até dizer, que era um místico pelo valor espiritual de suas obras literárias, pois, soube viver com alegria, resignação em seus sofrimentos e humildade tudo o que escreveu. Portanto, ele galgou, com uma fé impressionante e com coragem, aquela escada que o nosso grande Patriarca dos monges, São Bento, nos mostra na Regra para os Mosteiros quando nos ensina:


“Se, portanto, irmãos, queremos atingir o cume da suma humildade e se queremos chegar rapidamente àquela exaltação celeste para a qual se sobe pela humildade da vida presente, deve ser erguida, pela ascensão de nossos atos, aquela escada que apareceu em sonho a Jacó, (Gn 28,12) na qual lhe eram mostrados anjos que subiam e desciam. Essa descida e subida, sem dúvida, outra coisa não significa, para nós, senão que pela exaltação se desce e pela humildade se sobe. Essa escada erecta é a nossa vida no mundo, a qual é elevada ao céu pelo Senhor, se nosso coração se humilha. Quanto aos lados da escada, dizemos que são o nosso corpo e alma, e nesses lados a vocação divina inseriu, para serem galgados, os diversos graus da humildade e da disciplina”. (RB 7,5-9).

Este ensinamento de São Bento foi vivido pelo jovem BERNARDO VAZ LOBO TEIXEIRA DE VASCONCELOS que nasceu no dia 07 de julho do ano de 1902 em São Romão do Corgo, no município de Celorico de Bastos na arquidiocese de Braga - Portugal.

Filho do Dr. Manuel Joaquim da Cunha Maia Teixeira de Vasconcelos, e Dona Filomena da Conceição Vaz Lobos. Os quais no mês seguinte ao seu filho Bernardo para receber o Sacramento do Batismo, na igreja paroquial da sua terra natal precisamente no dia 05 de agosto do ano de 1902. E a sua infância corre normalmente como a de qualquer outra criança, fazendo sua escola Primária, a qual termina em julho de 1912.

Em 15 de outubro do mesmo ano, é matriculado no curso liceal, como aluno interno do Colégio de Lamego, dirigido pelo Pe. Alfredo Pinto Teixeira, e em 1914 no mês maio, recebe o Santo Sacramento do Crisma / Confirmação das mãos de Dom Francisco José de Brito, bispo de Lamego.

No mês de março de 1917, ele é acometido duma “peritonite bacilar”. E em 1918 no mês de outubro, matricula-se no 7° ano de Ciências no Colégio de São Pedro, em Coimbra.

Bernardo tinha o desejo de seguir a Marinha, portanto, faz a sua matrícula na Universidade de Coimbra em outubro de 1919. No ano seguinte, no dia 14 de março ele se afila ao CADC. (Centro Académico de Democracia Cristã), com o n° 398. E no mês de outubro do mesmo ano matricula-se, na cidade do Porto, no Curso Comercial e emprega-se num Banco.

O jovem Bernardo era Poeta, por isso, muito colaborou com poesias nas Flores Espirituais do Pe. José Lourenço. O.P. E no ano de 1922 ele volta a Lamego, onde completa o 7°ano de Letras.

Ele faz a sua matrícula na Faculdade de Direito, em Coimbra no dia 31 de outubro de 1922. E em 21 janeiro de 1923, inscreve-se na Conferência de São Vicente de Paulo, sendo assim, nomeado Vice-Presidente.

Bernardo sente o desejo de ingressar na Congregação dos Filhos de Maria em Coimbra. Assim nos deixa registrado no seu diário espiritual: Amanhã porei aos pés da Santíssima Virgem a intenção que Ela me inspirou de entrar na Congregação dos Filhos de Maria em Coimbra.

Certa vez Frei Bernardo foi fazer um retiro quase que a contragosto por obediência do seu diretor espiritual, e teve uma surpresa ao receber luzes nesse retiro, pois na segunda conferência do Pe. Raul Sarreira sobre a Graça, Bernardo fica profundamente comovido e registra esse acontecimento ocorrido em sua alma.


“Depois desta última conferência e por efeito dela, chorei amargamente. Bendito sejais, meu Deus, que Vos dignastes insuflar em mim a dor dos meus pecados. Bendito sejais meu Deus! Não foi em vão que eu Vos pedi de todo o meu coração, de toda a minha alma: - Vinde a mim, Senhor, vinde a mim. Eu nem sei como me sinto! É tão bom viver em Vós! Eu não sentia ânimo para vir a este retiro! ... Porquê? Quis dar a mim mesmo mil explicações ... Ah! mas eram respeitos humanos, era a falta de oração bem feita, era em última análise a falta de Fé. Vacilei... debati-me entre tudo o que me afastava do retiro e a Graça de Deus que me chamava aqui ... E vim ... Pouco compenetrado ainda do meu fim aqui. Mas aquelas palavras do meu diretor espiritual foram uma manifestação, uma expressão, tão simples - afinal - da Vontade de Deus. “Vá, vá... arrepender-se-á se não for” - me disse ele ... e vim. Bendito sejais, meu Deus!” (BERNARDO. Vida de Amor – 2002, p. 58).

A sua vida muda de curso quando conhece a vida dos monges beneditinos. Ao ter um contato com a vida monástica, Bernardo se encanta e se identifica com esse estilo de vida. Assim, no dia 23 dezembro de 1923, ele teve os primeiros contatos com os monges beneditinos sobre a sua vocação (carta a Dom António Coelho, OSB (*24.05.1892 +20.12.1937) o seu diretor espiritual). E, para conhecer mais de perto a vida dos monges, vai ao mosteiro e aí se hospeda do dia 14 a 22 março de 1924, passando uma semana na Abadia de Samos (Galiza – Espanha), junto da comunidade beneditina.

Foi pela primeira vez também ao mosteiro de Singeverga, Portugal, em junho de 1924. E no dia 24 setembro de 1924, faz a sua tomada de hábito e entrada no Noviciado, no mosteiro de Samos, Galiza – Espanha, com o nome onomástico de Frei Bernardo da Anunciada. Sendo muito devoto da Santíssima Virgem Maria, ele faz no dia 11 outubro de 1924 a consagração da sua cela monástica a Nossa Senhora. Sendo, ele, amante da pureza, dos bons costumes, e da obediência, no dia 08 dezembro do mesmo ano, faz um voto de viver sempre em santamente sendo obediente ao seu pai espiritual. Ele tem o conhecimento que a obediência é o caminho certo para a santidade e para o bem de todos que estão à sua volta. Caminho percorrido por todos os santos. Apesar das grandes dificuldades próprias que implicam nesse seguimento.

Terminado o período do seu noviciado canônico ele é aprovado pela comunidade monástica para professar os votos simples trienais, como monge do Mosteiro de Singeverga em 29 de setembro de 1925. No entanto, no ano seguinte quando estava na Bélgica, estudando teologia para a ordenação sacerdotal, a que tanto ansiava, foi diagnosticado no dia 20 de setembro com a doença mal de Pott e no dia 24 do mesmo mês partiu para o mosteiro de Mont-César, (Lovaina) para os estudos teológicos. Em 03 novembro de 1926, regressou a Portugal. E, aí começa o longo calvário de 6 anos, com alguns períodos no seio da comunidade, então instalada na Falperra, junto a Braga, e a maior parte do tempo por hospitais, na cidade do Porto ou na Póvoa de Varzim. Assim foi o longo calvário do Frei Bernardo.

Em 05-06 de fevereiro de 1928 Frei Bernardo recebe as Ordens Menores na cidade do Porto. Tinha um grande desejo de ser sacerdote para servir mais a Igreja, porém, devido a doença, isso não foi possível. Portanto, concluídos os três anos de sua profissão simples ele é admitido pela comunidade monástica para professar os Votos Solenes Perpétuos, celebração ocorrida no dia 29 de setembro de 1928 na festa do Arcanjo São Miguel, na igreja de São José, na Póvoa.

No dia 03 Julho de 1932, sai impresso o seu livro de poesias – Cântico de Amor. Uma obra magnífica e de grande valor espiritual. Nela, está contida a sua personalidade de místico, de poeta e o seu grande amor a Deus a Igreja e o seu desejo de santidade.

Frei Bernardo no seu calvário de dor se imolava como vítima por si e para o bem próximo deixando a todos que o visitavam encantados com sua bondade resignação perfeita. Em um depoimento diziam: A todos deixava envoltos num perfume bendito de bondade que era verdadeiramente a característica maior do seu caráter. 

Faltando três dias para completar seus trinta anos de idade, morre santamente o jovem monge Frei Bernardo de Vasconcelos na madrugada de 04 julho de 1932, na Foz do Douro, o monge que viveu, amou e cantou o amor de Deus; sendo ele sepultado no cemitério de Molares (Celorico de Basto). Suas últimas palavras no seu leito de morte foram: Não chorem. Eu vou para o céu. Jesus! Jesus! Eu sou todo de Jesus.

A trasladação dos seus restos mortais para o sepulcro em que jazem, na igreja paroquial de São Romão do Corgo (Celorico de Basto), sua terra natal, ocorreu no dia 04 de julho de 1933.

A sua causa de beatificação foi promovida após 50 anos da sua morte. Assim foi constituído o tribunal ad hoc, por Dom Eurico Dias Nogueira a 04 de julho de 1983, sendo concluídos os trabalhos a 09 de outubro de 1987.

As suas virtudes heroicas foram reconhecidas pelo Sumo Pontífice Papa São João Paulo II com a Constituição Apostólica, “Divinus perfectionis magister” de 25 de janeiro de 1983. O Sumo Pontífice o Papa Francisco, em 14 de junho de 2016, aprovou e assinou o decreto oficial declarando-o Venerável.

Frei Bernardo de Vasconcelos, rogai por nós.


NOVENA

Para obter graças de Deus, espirituais e temporais, por intercessão de Frei Bernardo de Vasconcelos, OSB.

Assista se puder, durante nove dias ao Santo Sanifico da Missa e participe dele pela Santa Comunhão.

Reze cada dia da Novena três vezes o Pai-Nosso, a Ave-maria e Glória em honra das Três Pessoas da Santíssima Trindade com a oração.


ORAÇÃO

Ó Deus, que manifestais a Vossa onipotência, principalmente perdoando as nossas iniquidades e compadecendo-Vos das nossas misérias, escutai propício as nossas humildes súplicas.

Invocamos com fé e confiança o Vosso Servo Bernardo de Vasconcelos, a quem escolhestes para ser na terra uma Hóstia em sangue imolada ao Vosso Amor, e a quem, depois da morte, ilustrastes com tantas graças. E pedimo-Vos, por sua intercessão, que nos atendais na presente necessidade (fazer a prece).

Concedei-nos, Senhor, esta graça que instantemente imploramos para Vossa maior honra e para glorificação do Vosso Servo, a quem desejamos venerar, imitar e invocar como modelo e protetor da juventude portuguesa. Amém.

+ Antônio

Arch. Primaz


ALGUMAS FOTOS E FRASES DO 

SERVO DE DEUS FREI BERNARDO, OSB














REFERÊNCIAS

ENOUT, Evangelista João. A Regra de São Bento. Latim-Português. Tradução D. João Evangelista Enout, O.S.B; Rio de Janeiro: LUMEM CHRIST, 1992.

FERREIRA, P. Jorge, OSB. Bernardo Vasconcelos – O Monge Poeta. Ano centenário do Nascimento, 7 de julho – 1902-2002. / Autor: P. Jorge Ferreira, OSB – Mosteiro de Singeverga, Portugal / Edições: ORA ET LABORA, 2002.

VASCONCELOS, Frei Bernardo de. Vida de amor: autobiografia de Bernardo de Vasconcelos / Frei Bernardo de Vasconcelos, O.S.B. / 7ª edição – Mosteiro de Singeverga, Portugal: ORA & LABORA, 2002. 

Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)