terça-feira, 21 de março de 2017

A DEVOÇÃO AO NOSSO SANTO PATRIARCA SÃO BENTO DE NÚRCIA, ABADE (480-547), E AS TERÇAS-FEIRA QUE SÃO CONSAGRADAS À DEVOÇÃO AO PATRIARCA SÃO BENTO


Nosso Santo Patriarca São Bento e sua irmã Santa Escolástica com a Sagrada Família
Montagem: Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B

Nosso Santo Patriarca São Bento com seus monges

Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge Beneditino)
Salvador - BA – 21 de março de 2017

Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai, para que voltes, pelo labor da obediência, àquele de quem te afastaste pela desídia da desobediência. A ti, pois, se dirige agora a minha palavra, quem quer que sejas que, renunciando às próprias vontades, empunhas as gloriosas e poderosíssimas armas da obediência para militar sob o Cristo Senhor, verdadeiro Rei (RB - Prólogo, 1, 3).  

Todos aqueles que têm devoção ao grande Patriarca São Bento, nas terças-feiras, devem fazer ao menos uma oração ao nosso querido Santo Pai Bento, pois estes dias são consagrados à devoção do Patriarca São Bento de Núrsia. Veremos adiante as promessas que foram feitas por Nosso Senhor Jesus Cristo a este seu Servo, São Bento. Às promessas não foram feitas só para os seus filhos os monges, mas para todos aqueles que lhe tem devoção.

São Bento é um santo muito conhecido e invocado em todos os cantos da terra. porque o legado que ele nos deixou espalhou-se por todo o mundo através de sua Ordem de monges, conhecidos como beneditinos, por derivação do seu nome Bento. Qual o país que não possui um Mosteiro?

O Patriarca São Bento nasceu na cidade de Nórcia, província de Perugia, na Itália, no ano de 480 e tinha uma irmã gêmea chamada Escolástica; a nossa grande Santa Escolástica (480-547), que foi a primeira monja beneditina. Eles pertenciam à influente e nobre família Anícia. 

A Ordem do Patriarca São Bento foi a primeira a ser instituída na Igreja, pois antes já existiam monges eremitas e algumas comunidades monásticas no oriente e ocidente. O próprio São Bento chama a São Basílio de pai na sua Regra, bem como ele próprio foi convidado na gruta em que vivia na solidão como eremita a três anos, para ser Abade dos monges de Vicovaro, um Mosteiro da região. Ele por muito tempo recusou o convite, porque previa que os costumes daqueles irmãos não estavam de acordo com os seus. Mas depois, vencido pela insistência, acabou por aceitá-lo (Diálogos cap. 3).

Vicovaro era um mosteiro próximo dali, em que o Abade daquela comunidade havia morrido e onde São Bento sofreu uma tentativa de assassinato pelos membros da mesma comunidade, por não ser o novo Abade conivente com suas práticas perversas. Com isso, São Bento levanta-se sereno de sua mesa e volta a sua amada solidão na gruta do Monte Subiaco onde antes vivia.

A tentativa de assassinato deu-se na hora da refeição quando os monges descontentes com o Abade Bento, apresenta-lhe uma taça de vinho contendo veneno. Quando o Abade abençoa aquela bebida mortífera a taça se parte derramando assim aquela bebida mortal. Por causa desse fato São Bento é representado na arte cristã com uma taça na mão contendo nela uma serpente. São Bento que possuía o dom de ler os espíritos, vendo a maldade daqueles monges, exorta-os com brandura e bondade e volta a sua vida de eremita na gruta do Monte Subiaco. Ouçamos São Gregório Magno a respeito deste fato:

Levantando-se imediatamente da mesa, mas mantendo inalteradas a suavidade do rosto e a tranquilidade do espírito, reuniu os monges ao seu redor e disse-lhes: “Deus onipotente vos perdoe, irmãos. Porque fizeram isto contra mim? Eu não vos disse que os meus costumes não se conciliariam com os vossos? Portanto, procurem um pai que esteja em conformidade com os vossos costumes, porque depois do que aconteceu não poderei continuar como vosso abade” (Diálogos cap. 3).

Outro fato marcante na vida do Servo de Deus foi outra tentativa de assassinato por um sacerdote chamado Florêncio. Nos diz São Gregório:

Sabe-se que os maus invejam as virtudes dos bons e nada fazem para conquistá-las. Ora, aconteceu que o sacerdote de uma igreja vizinha, chamado Florêncio, antecessor do nosso subdiácono Florêncio, instigado pelo diabo, começou a invejar o bem que o santo fazia, a denegrir o seu modo de viver e a dissuadir tantos quantos pudesse a que não o visitassem. Mais viu que não podia impedir os seus progressos, ou melhor, apercebeu-se que a fama se difundia cada vez mais e que muitos se voltavam a vida monástica, atraídos pela sua santidade. Florêncio, devorado pela inveja, tornou-se ainda pior, pois desejava para si os louvores que Bento recebia pela sua vida santa, sem que ele próprio tivesse uma vida louvável (Diálogos cap. 8).

Sabendo este sacerdote perverso que não tinha como atingir Bento, toma a decisão de assassiná-lo enviando-lhe um pão envenenado. “A inveja o cegou de tal maneira que chegou a mandar ao santo um pão envenenado, como se fosse pão abençoado. O homem de Deus aceitou, agradecendo calorosamente, mas não lhe ficou oculta a cilada que se ocultava no pão” (Diálogos cap. 8). A hora da refeição São Bento alimentava um corvo e pede a esta ave que leve aquele pão envenenado e o esconda onde ninguém possa encontrá-lo. A ave hesita por um instante em obedecer a ordem dada por Bento mas com a insistência do servo de Deus obedece. Por isso, na arte, São Bento também pode ser representado com um corvo.

No entanto, aquele homem de Deus não poderia permanecer escondido naquela gruta. Através dos seus exemplos de santidade, lhes aparecem várias pessoas desejosas em seguir a mesma vida do Servo de Deus, obrigando-o assim a formar comunidades a sua volta pela grande quantidade de seguidores que ao Monte Subiaco acorrem. Como nos diz São Gregório Magno nos seus Diálogos: “Pela vida santa que levava, o seu nome agora tornara-se famoso” (Diálogos cap. 3). Com isso, São Bento começa a organização da comunidade. Organização tal que a Igreja mais tarde toma estas normas de vida comunitária (Regra dos Mosteiros), para todas as comunidades nascentes posteriores. Essas normas eram chamadas Regra dos Mosteiros, e hoje a chamamos de Santa Regra ou Regra de São Bento nela encontramos todos os ensinamentos de Nosso Pai São Bento. A sua Regra está estruturada da seguinte forma:

Prólogo (Trata da espiritualidade);
O capítulo vai tratar dos gêneros de monges;
O tratará da pessoa do Abade que é muito importante no Mosteiro, pois, este faz as vezes do Cristo na comunidade;
O da convocação dos irmãos a conselho que de certa forma está ligado ao capítulo segundo.
Do capítulo 4º ao 7º, tratam da espiritualidade;
Do 8º ao 20º, vai tratar do Opus Dei (Ofício divino);
O 21º dos decanos do Mosteiro;
O capítulo 22°, a maneira como os monges devem dormir;
Do capítulo 23º ao 30º podemos ver o código penal da Regra;
De 31º ao 42º, diversos assuntos;
Do capítulo 43º ao 46º, tratam das satisfações que os monges devem dar;
Do 47º ao 59º diversos assuntos;
De 60º ao 62º, dos sacerdotes;
De 63º ao 73º, diversos assuntos.

Os ensinamentos de Nosso Pai São Bento, espalhou-se pelo mundo com a fundação de Mosteiros por todo o orbe; organizando as culturas e povos; engrandecendo a arte, a escrita. Fundando universidades, organizando a vida espiritual dos homens, etc. Pois, neste período, bem sabemos, que o império romano estava em ruínas e os povos sem um apoio moral e espiritual. A Europa estava num período muito crítico. Por isso Deus suscitou São Bento com sua simplicidade, e inspirado pelo Espírito Santo, ele propôs um modelo de homem, ou seja, um homem que vivesse em completa união com seu Criador, através do seu trabalho, o ORA ET LABORA (Oração e Trabalho) monástico. Assim, com São Bento criou-se um sistema monástico para o renascimento da Europa. Por este motivo ele foi declarado pelo Papa Paulo VI, em 1964, patrono principal de toda a Europa. Também ele é o “Pai do Monaquismo Ocidental”.

Portanto, podemos ver a ação de Deus na Ordem de São Bento (Ordem Beneditina), que já possui mais de 1500 anos de fundação e ainda hoje vigora com a ajuda e a iluminação do Espírito Santo na promoção dos seres humanos, para o crescimento do reino de Deus no mundo.

São Bento é celebrado duas vezes no ano. No dia 21 de março, que é a sua festa mais antiga. Esta festa ficou só sendo celebrada em nossos Mosteiros. A esta chamamos de: Trânsito de São Bento, isto é, a morte de São Bento ocorrida no ano de 547; a sua passagem para o céu. A outra festa é celebrada no dia 11 de julho que é a solenidade, dia em que foram transladadas as suas relíquias do Mosteiro de Montecassino. Esta é celebrada por toda a toda a Igreja, hoje, a mais conhecida.

Invoquemos sempre o grande Patriarca São Bento e peçamos sempre a sua intercessão e o seu valimento para as nossas vidas, assim não seremos jamais confundidos.


A primeira terça-feira do mês é consagrada à devoção do Patriarca São Bento.

PROMESSAS DIVINAS FEITAS AO PATRIARCA SÃO BENTO

1- Que a sua Ordem subsistirá até ao fim do mundo.

2- Que será fidelíssima a Igreja Romana e confirmará muitas almas na fé nos últimos tempos.

3- Que ninguém nela morrerá sem estar na graça de Deus; e se um monge começar a viver mal e não se corrigir, será confundido ou expulso dela, ou por si mesmo deixará.

4- Que aquele que tiver perseguido a sua Ordem, não se arrependendo, terá a sua vida abreviada, ou acabará por morte desgraçada.

5- Que todos aqueles que amarem sua Ordem terão um bom fim.

(Extraído do livro “Lignum vitae”)
Com aprovação Eclesiástica


ORAÇÃO À SÃO BENTO

Ó Glorioso Patriarca dos monges, São Bento, amado do Senhor, poderoso em milagres, pai bondoso para com todos os que te invocam. Nós te pedimos que intercedas por nós diante do trono do Senhor. Estende tua proteção sobre nós em todo tempo. Livra-nos de todos os males do corpo e da alma. Defende-nos, e a todos os que nos são caros, do poder dos inimigos infernais. Roga por nós a fim de que vivendo segundo a lei do Senhor, mereçamos ser achados dignos de recebermos a eterna recompensa. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.


PARA PEDIR A INTERCESSÃO E PROTEÇÃO 
DE NOSSO PAI SÃO BENTO


A finalidade destas orações foi para serem rezadas nas terças-feiras, o dia que é dedicado aos fundadores das Ordens religiosas segundo uma tradição da Igreja



Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

CREDO

 

Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na santa Igreja Católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; e na vida eterna. Amém.

 

PAI-NOSSO

 

Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

 

SAUDAÇÃO A NOSSA SENHORA

 

1- SALVE, MARIA, FILHA DE DEUS PAI. Ave, Maria, Cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

 

Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

 

(Fazer uma prece ou pedir uma graça)

 

2- SALVE, MARIA, MÃE DE DEUS FILHOAve, Maria, Cheia de graça, …

 

(Fazer uma prece ou pedir uma graça)

 

3- SALVE, MARIA, ESPOSA DO ESPÍRITO SANTO. Ave, Maria, Cheia de graça, …

 

(Fazer uma prece ou pedir uma graça)

 

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

 

SÚPLICA A VIRGEM MARIA PELA INTERCESSÃO DE SÃO BENTO

 

Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, perante os rogos do grande Patriarca São Bento, a nosso favor, concedei-nos a vossa proteção e atendei os pedidos que agora vos dirigimos. Por Cristo nosso Senhor.

 

JACULATÓRIA

 

Nosso Pai São Bento, socorrei-nos! (10 vezes).

 

Interceda por nós ó nosso Pai São Bento,

para que sejamos livres de tudo que nos afasta de Cristo.

 

ORAÇÃO

 

Ó Nosso Pai São Bento, pelas suas virtudes e por sua intercessão junto a Deus e a Virgem Maria, sejamos sempre livres das ciladas dos inimigos da nossa salvação. Por Cristo nosso Senhor.

 

Composição:

Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B

Para devoção particular

 



Tela com a representação de São Bento recebendo o corpo de sua irmã Santa Escolástica

Tela com a representação da Santa morte de São Bento
Mosteiro das Monjas

Vitral com a representação da santa morte de São Bento
Mosteiro de São Bento, São Paulo - Brasil

Tela com a representação da santa morte de São Bento
Abadia de Montecassino, Itália

Túmulo do Patriarca São Bento e de sua irmã Santa Escolástica
Abadia de Montecassino, Itália


REFERÊNCIAS

ENOUT, Evangelista João. A Regra de São Bento. Latim-Português. Tradução D. João Evangelista Enout, O.S.B; Rio de Janeiro: LUMEM CHRIST, 1992.

GREGÓRIO MAGNO, São. São Bento: Vida e Milagres / São Gregório Magno; Dom Gregório Paixão, OSB. Salvador: Edições São Bento, 2002.


Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)

segunda-feira, 20 de março de 2017

BRASÃO DE ARMAS DA CONGREGAÇÃO BENEDITINA BRASILEIRA DA ORDEM DE SÃO BENTO HERDADA DA CONGREGAÇÃO LUSITANA

Montagem: Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B 
Arquiabadia de São Sebastião da Bahia
Salvador, Bahia - Brasil

Desenhado por: Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B em 15 de maio de 2017
Arquiabadia de São Sebastião da Bahia
Salvador, Bahia - Brasil


Nossa Congregação Beneditina foi fundada no dia 1º de julho do ano de 1827, desligando assim as Abadias brasileiras, da Congregação Lusitana, pela Bula “Inter gravissimas curas” do Santo Padre o Papa Leão XII. Assim proclama o Papa neste valioso documento:

“Sendo…efetivamente constituída a nova Congregação dos monges de S. Bento do Império do Brasil, nós lhe liberalizamos, para sempre, todos os privilégios, isenções, honrarias prerrogativas de que consta que dantes foram legitimamente concedidos à congênere Congregação existente em Portugal” (Bula “Inter gravissimas curas” de 1 de julho de 1827. Col. Doc. n.º 26 e 27). (ENDRES, p. 142). 

Montagem: Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B 


 Desenho do Heraldista Irmão Paulo Lachenmayer, O.S.B 
Arquiabadia de São Sebastião da Bahia
Salvador, Bahia - Brasil

Escudo partido: O primeiro, de azul com uma torre de prata firmada em um contra-chefe de verde com um rio de prata aguado de azul escoando de sua porta e encimada por um sol de ouro; o segundo de vermelho com um leão rompente de ouro sustentando um báculo em pala do mesmo.


EXPLICAÇÃO

O Brasão paterno de São Bento é: em campo azul leão de prata coroado de ouro e, o Brasão materno é: em campo azul torre de prata entre duas arvores assentes em terreno de verde.

Os elementos dos dois brasões apócrifos dos pais de São Bento serviram para a criação do brasão da Congregação Luso-Beneditina acrescentava, por diferença o sol, rio e báculo. Era usado por todos os Mosteiros e Abades como único brasão até o primeiro Abade Vitalício da Congregação Brasileira, Dom Frei Domingos da Transfiguração Machado.

(Texto do Irmão Paulo Lachenmayer).


Os Mosteiros do Nordeste ficaram com o lado da torre. Enquanto os Mosteiros do Sul ficaram com o lado que contém o leão. 


BRASÕES DE ARMAS DOS PAIS DO PATRIARCA SÃO BENTO.


Desenhado por: Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
Arquiabadia de São Sebastião da Bahia
Salvador, Bahia - Brasil

DESCRIÇÃO HERÁLDICA

Escudo: Campo de azul; com leão rompente de prata, coroado de ouro, armado de ouro e lampassado de vermelho.

Salvador, Bahia, 25 de fevereiro de 2017

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                                     Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B




Desenhado por: Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
Arquiabadia de São Sebastião da Bahia
Salvador, Bahia - Brasil

DESCRIÇÃO HERÁLDICA

Escudo: campo de azul, com torre de prata entre duas árvores assentes em terreno de verde.

Salvador, Bahia, 26 de fevereiro de 2017

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                                     Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B 

Destes dois brasões saiu o Brasão da nossa Congregação Beneditina Brasileira.


Quem foi o irmão Paulo
Ernst Lachenmayer – nome civil – Langenargen, Alemanha, 02 de janeiro de 1903 – Salvador, Bahia, Brasil, 07 de abril de 1990). Retrato: Formação: 1910/1917 – Estudos primários em Ravensburgo, Alemanha. 1917/1921 – Formação artística no atelier do escultor alemão Theodor Schnell (1870-1938) em Ravensburgo. O Irmão Paulo foi um dos maiores heraldistas do Brasil. 


Fotografia do Irmão Paulo Lachenmayer, O.S.B
Arquiabadia de São Sebastião da Bahia
Salvador, Bahia - Brasil

Ut In Omnibus Glorificetur Dei

domingo, 19 de março de 2017

UMA MULHER PAGÃ QUE RECONHECE JESUS COMO JUSTO, E INTERCEDE POR ELE PERANTE PÔNCIO PILATOS.

Cláudia Prócula intercedendo pela causa de Jesus a seu esposo Pôncio Pilatos 

Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B

(Monge Beneditino)

Salvador - BA - 28 de março de 2016

Certamente esta mulher não reconhecia Jesus Cristo como o Messias porque era pagã da cidade de Roma. Mas, se formos aprofundar a passagem em que São Mateus fala a respeito dela logo perceberemos que esta mulher mesmo sendo pagã reconhece Jesus como justo. Coisa, que os próprios fariseus e doutores da Lei, bem como uma parte significativa do povo de Jerusalém e daquelas regiões não enxergavam, porque os seus corações só continham inveja e ódio contra o Mestre. No entanto, uma pagã manda dizer a Pilatos: “Não te envolvas com esse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele” (Mt 27,19). Por este pedido dirigido ao Governador Pôncio Pilatos, muitos interpretam que esta mulher desprezava a Jesus, como se quisesse dizer ao Governador que não valeria apena se envolver com esse caso.

 

Pois bem! Não penso dessa maneira. Minha opinião é que ela estava muito preocupada com a causa de Jesus, porque via nele mansidão e certamente percebera muita inveja da parte dos seus opositores. E não queria que seu marido tivesse culpa na morte daquele justo, tentando livrá-lo assim de um peso de consciência posterior, o que veio justamente a acontecer após a sentença de morte dada ao Salvador por seu esposo o Governador Pôncio Pilatos. Segundo alguns relatos de Evangelhos Apócrifos (do grego que significa “escondido”, “secreto”), Pilatos carregou por toda a vida o remorso daquela sentença iníqua.

Ao ler e meditar a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre despertava em mim a curiosidade em relação a este versículo do Evangelho segundo São Mateus, pois, só este evangelista fala desta figura enigmática. O evangelista não cita o seu nome, ele fala apenas a mulher de Pilatos. Figura muito importante para o reconhecimento de Jesus como o Messias esperado que salvaria Israel e o orbe inteiro.

 

Lendo alguns dos Evangelhos Apócrifos, ou seja, o Evangelho de Nicodemos (Nc 2,1) e, o Evangelho de Gamaliel (Gm 2,31-32), (pois, os Evangelhos Apócrifos são mais de vinte escritos), também tendo em mãos o precioso livro das visões da Beata Anna Catharina Emmerich (1774-1824), Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus, deparei-me com passagens sobre a esposa de Pôncio Pilatos, obras que esclareceram muitas das minhas dúvidas e curiosidades em relação a esta misteriosa mulher. São formidáveis a maneira com que estes a descrevem, comentando aquela passagem do Evangelho segundo São Mateus (Mt 27,19). Com isso, achei pertinente escrever este pequeno texto a respeito desta ilustre e curiosa figura que as vezes passa despercebida por muitos. 

 

Quem foi esta figura? Muitas lendas surgiram a seu respeito durante os séculos. Em várias igrejas orientais ela é venerada como santa. Seu nome é CLÁUDIA PRÓCULA ou PLÓCLA

O sonho a respeito de Jesus da romana Cláudia Prócula. 


 
O sonho a respeito de Jesus da romana Cláudia Prócula. 

Comecemos com a narração de uma das visões da Beata alemã Anna Catharina Emmerich em relação a Cláudia Prócula. A Beata nos dá um relato muito interessante sobre esta mulher. Vejamos o que ela diz a respeito desta figura:

 

“Enquanto Jesus era conduzido a Herodes e lá o cobriam de insultos e escarnio, vi Pilatos ir ao encontro da esposa, Cláudia Prócula. Encontraram-se em uma pequena casa, construída sobre um terraço do jardim, atrás do palácio de Pilatos. Cláudia estava muito incomodada e comovidaEra mulher alta e esbelta, mas pálida; vestia um véu, que lhe pendia sobre as costas, contudo viam-se lhe os cabelos, dispostos em redor da cabeça e alguns adornos; tinha também brinco, um colar e sobre o peito um broche, em forma de agrafe, que lhe pendia o longo vestido de pregas (EMMERICH, 1996, p. 213-214).

 

No Evangelho de Nicodemos (Memórias de Nicodemos), assim ele fala:

 

[…] “Vendo isso, Pilatos foi tomado de susto e começou a levantar-se de sua cadeira curul. Quando ele estava prestes a levantar-se, sua mulher lhe mandou dizer: “Não faças nada com relação a esse homem justo, porque, esta noite, sofri muito por causa dele” (citação quase literal a de Mt 27,19). Pilatos chamou então todos os judeus e lhes disse: “Sabeis bem que minha mulher teme a Deus e é muito favorável aos usos judaicos”. Eles lhes responderam: “Sim, é verdade”. Pilatos continuou: “Eis que minha mulher mandou dizer-me: ‘Não interfiras nos assuntos deste homem justo, porque, esta noite, sofri muito por causa dele’”. Os judeus responderam a Pilatos: “Não te dissemos que ele é um mago? Eis que mandou uma visão em sonho a tua mulher” (Nicodemos 2,1). (MORALDI, 1999, p. 304-304).

 

Podemos perceber aqui o embaraço do governador Pilatos por causa das suas superstições. Por causa disso, ele ficava titubeando nas suas posições e não se decidia no caso do Nazareno.

 

Igualmente o Evangelho de Gamaliel (Tirado de Laha Maryam, “Lamentação de Maria” – Recensão etiópica), assim afirma:

 

“E os chefes dos judeus lá presentes como também os soldados de Herodes endureciam seu coração e queriam matá-lo. Tinham informado a Herodes que Pilatos e muitos dentre o povo estavam bem dispostos em relação a Jesus, e disseram: “Quando nos aproximarmos para crucificá-lo, a multidão se revoltará contra nós e, por incitação de Pilatos, libertá-lo-á de nossas mãos. Manda-nos, pois, logo tua ordem e teu exército para crucificá-lo”. Os judeus lhe tinham dado muitos presentes, a fim de que ele mandasse a eles sua força e seus soldados. Por isso, naqueles dias Pilatos não tinha saído com eles, a fim de que não se chegasse a um choque entre ele e os judeus. Pilatos e sua mulher amavam verdadeiramente a Jesus como a si mesmos. Ele tinha mandado flagelá-lo para comprazer aos maus judeus e para que seus corações se dispusessem mais favoravelmente e o deixassem ir, sem condená-lo à morte. Mesmo que Pilatos soubesse que suspenderiam na cruz a ele e sua mulher e filhos, se não o tivessem entregue a eles e não o tivesse dado à morte, jamais teria estendido a mão contra ele. Com enganos tinha feito Pilatos acreditar: “Se punires este homem obstinado, de modo que não cure mais ninguém em dia de sábado, depois nós não nos ocuparemos mais com ele e o repudiaremos”. Depois dessa encenação enganosa, Pilatos mandou flagelá-lo: pensava que as afirmações deles fossem verdadeiras” (Gamaliel 2,29-34). (MORALDI, 1999, p. 342-343). 

 

Por isso, vemos Pilatos vária vezes afirmar que não ver nenhum crime em Jesus pelo qual mereça a morte. E vemos titubear em suas afirmações, e por causa disso proclama a sentença de morte do Senhor; para a tristeza de sua esposa Cláudia Prócula. Aquela que momentos antes lhe pedira que não condenasse à morte tal homem, pois, este era justo.

 

Podemos ver bem de uma forma maravilhosa a obra cinematográfica de Mel Gibson, A Paixão de Cristo, onde ele explora muito bem este versículo do Evangelho narrado por São Mateus (Mt 27,19). Porém, sabemos que toda a narração do filme, ou quase todo, foram segundo as narrações das visões da Beata Anna Catharina Emmerich (1774-1824), da obra já citada acima.

 

Anna Catharina Emmerich era uma religiosa mística agostiniana (Ordem de Santo Agostinho), que teve várias visões da Vida, Paixão, Morte e Glorificação de Jesus.  Ela recebeu os estigmas de Cristo em seu corpo. Era uma pobre camponesa de família muito piedosa, nasceu na aldeia de Flamske, perto de Coesfeld, na westfália, no dia 08 de setembro de 1774. Desde a primeira infância, não cessou de receber do céu uma direção superior. Via frequentemente o seu Anjo da Guarda e brincava com o Menino Jesus. Nossa Senhora apresentava-se-lhe muitas vezes e também os Santos que eram seus bons amigos. Foi beatificada por Sua Santidade o Papa São João Paulo II em 03 de outubro de 2004, na Praça São Pedro em Roma.

Pois bem! Anna Catharina nas suas visões, cita a figura emblemática de Cláudia Prócula dez vezes nos capítulos 5 e 6, da sua Obra. Daí a importância desta personagem. E Anna Catharina vai mais além chegando a dizer que Cláudia Prócula após o episódio da sentença condenatória de Jesus, se convertera ao cristianismo. Assim, ela nos fala:

 

Enquanto Pilatos pronunciava a sentença injusta, vi Cláudia Prócula sua mulher, remeter-lhe o penhor e separar-se dele. Na mesma noite fugiu ocultamente do palácio e foi para junto dos amigos de Jesus, que a levaram a um esconderijo, num subterrâneo da casa de Lázaro, em Jerusalém. Vi também um amigo de Jesus gravar, numa pedra esverdeada atrás do tribunal do Gábata, duas linhas, que diziam respeito à sentença injusta de Pilatos e a separação da mulher do Procurador; ainda me lembro das palavras “JUDEX INJUSTUS” e do nome “CLÁUDIA PRÓCULA”. Mas não me recordo se foi do mesmo dia ou de alguns dias mais tarde; lembro-me apenas que nesse lugar do fórum estava um numeroso grupo de homens conversando, enquanto o outro homem, encoberto por eles, gravou aquelas linhas, sem ser visto. Vi que aquela pedra ainda está, desconhecida embora, em Jerusalém, nos alicerces duma casa ou duma Igreja, situada onde antigamente era o Gábata. Cláudia Prócula tonou-se cristã e depois de se ter encontrado com São Paulo, tornou-se-lhe amiga dedicada” (EMMERICH, 1996, p. 243-244).

 

Esta é uma das passagens mais significativas da beata, a respeito de Cláudia Prócula.

 

A Beata Anna Catharina Emmerich em um de seus êxtases

 

Segundo alguns dicionários bíblicos, Cláudia, era uma “cristã romana conhecida de Paulo e de Timóteo (cf. 2 Tm 4,21). Talvez a esposa de Pudens” (VINCENT, 1969, p. 122).

 

Igualmente, J. Dheilly no seu dicionário nos dá a seguinte definição: “Mujer cristiana de Roma, cuyo saludo transmite Pablo a Timoteo (2 Tm 4,21)” (DHEILLY, 1970, p. 235). 

 

Anna Catharina, em todas as passagens referentes a Cláudia Prócula, mostra-nos a preocupação desta mulher em querer livrar Jesus que era inocente, da sentença de morte que os judeus aspiravam contra o Salvador com tanta veemência e também por inveja. Ela por ser uma romana estava acostumada a ver coisas semelhantes na cidade de Roma.

 

Quanto ao seu sonho, não temos um relato no Evangelho, porque, o evangelista São Mateus, só diz que: “Sua mulher lhe mandou dizer…” que teve um sonho a noite, e que sofrera bastante por causa de Jesus que era justo, e nada mais a respeito dela nem do seu sonho. Porém a Beata Anna Catharina Emmerich nos dá um relato do sonho de Cláudia Prócula. De uma maneira fantástica. Vejamos como ela nos descreve tal sonho:

 

Conversou muito, tempo com Pilatos, conjurando-o por tudo que lhe era santo a não fazer mal a Jesus, o Profeta, o mais Santo dos santos e contou-lhe parte das visões maravilhosas que vira, a respeito de Jesus, durante a noite. Enquanto ela falava, vi-lhe grande parte das visões que tivera; mas não me lembro mais exatamente da ordem em que se seguiam. Recordo-me todavia, que viu todos os momentos principais da vida de Jesus; viu a anunciação de N. Senhora, o nascimento de Jesus, a adoração dos pastores e dos Reis Magos, as profecias de Simeão e Ana, a fuga para o Egito, a matança dos inocentes, a tentação no deserto, etc. Viu-lhe quadros da vida pública, virtudes e milagres; viu sempre rodeado de luz e teve visões horríveis do ódio e da maldade de seus inimigos; viu-lhe os inúmeros sofrimentos, o amor e a paciência sem limite a santidade e as dores de sua Mãe. Para mais fácil compreensão, eram esses quadros ilustrados com figuras simbólicas e pela diferença de luz e sombra. Essas visões lhe causaram indizíveis angústia e tristeza; pois todas essas coisas lhe eram novas, penetraram-lhe no coração pela verdade intuitiva; parte das visões mostraram-lhe acontecimentos que se deram na vizinhança de sua casa, como por exemplo a matança das crianças inocentes e a profecia de Simeão no Templo. De minha própria experiência sei bem quanto um coração compassivo sofre em tais visões; pois compreende melhor os sentimentos de outrem quem já os sentiu em si mesmo. Ela tinha sofrido durante a noite e visto muitas coisas maravilhosas e compreendido muitas verdades, umas mais, outras menos claramente, quando foi acordada pelo barulho da multidão, que conduzia a Jesus. Quando mais tarde olhou para fora, viu o Senhor, objeto de todas as coisas maravilhosas que vira durante a noite, desfigurado e cruelmente maltratado pelos inimigos, que o conduziam através do fórum, ao palácio de Herodes esse espetáculo, após as visões da noite, encheu-lhe o coração de angústia e terror. Mandou imediatamente chamar Pilatos, a quem contou, com medo e pavor, muitas das coisas que vira, porque não tinha compreendido tudo ou não sabia exprimir em palavras; mas pedia e suplicava e estreitava-se-lhe de um modo tocante. Pilatos ficou muito admirado e até sobressaltado pelo que a esposa lhe contou, comparava-o com tudo que ouvia cá e lá sobre Jesus, com a raiva dos judeus, com o silêncio de Mestre e as firmes e maravilhosas respostas que lhe dera às perguntas; ficou perturbado e inquieto; deixou-se porém, em pouco vencer pelas insistências da mulher e disse-lhe: “Já declarei que não acho crime nesse homem; não O condenarei, já percebi toda a maldade dos judeus.” Ainda falou sobre as declarações que Jesus tinha feito contra si mesmo e até tranquilizou a mulher, dando-lhe um penhor, como garantia da promessa. Não sei mais se foi uma joia ou um anel ou sinete que lhe deu por penhor. Assim se separaram” (EMMERICH, 1996, p. 213-214).  

 

Por causa disso, o Governador Pôncio Pilatos, que era muito supersticioso ficou muito temeroso diante da caso de Jesus o Nazareno. Certamente Pilatos já havia proclamado várias sentenças de morte a tantos outros condenados, e acompanhado outros casos de julgamentos, mas, nenhum como este do Galileu. Ainda mais com o pedido da sua esposa em favor do prisioneiro. Realmente, tudo isso, era muito embaraçoso para o Governador Pilatos. Como a casa de Pilatos era contígua ao fórum, insistente era os rogos da sua esposa Cláudia em favor de Jesus o Nazareno. “Atrás do palácio há ainda outro terraço mais elevado, com jardins e caramanchão. Esses jardins formam a comunicação entre o palácio de Pilatos e a casa da esposa, Cláudia Prócula…(EMMERICH, 1996, p. 206). 

 

Vejamos aqui a ternura e a bondade desta digna mulher e a sua angustia ao ver tanta malícia dirigida contra Jesus.

 

Cláudia Prócula, esposa de Pilatos, mandaram-lhe dizer por um criado, durante as últimas discussões, que desejava falar-lhe urgentemente. Quando Jesus foi conduzido a Herodes, estava escondida numa galeria alta, olhando com grande angústia e tristeza para o cortejo que passava pelo fórum” (EMMERICH, 1996, p. 211).

 

E ainda nos fala Anna Catharina Emmerich:

 

Pilatos, porém, foi chamado por um criado da mulher; retirou-se um instante do terraço e o criado mostrou-lhe o penhor que ele dera de manhã à esposa e disse-lhe: “Cláudia Prócula manda lembrar-vos vossa promessa (EMMERICH, 1996, p. 225).

 

E continua: Pilatos, lembrando-se à vista do penhor, da súplica da esposa, devolveu-lho, como sinal de que cumpria a promessa” (EMMERICH, 1996, p. 226). Mas Cláudia insiste no processo de Jesus para maior embaraço do Governador.

 

Cláudia Prócula, que estava muito angustiada pela hesitação do marido, mandou novamente um mensageiro a Pilatos mostrar-lhe o penhor e lembrar-lhe a promessa; ele, porém, lhe mandou uma resposta muito confusa e supersticiosa, da qual me lembro apenas que se referia aos deuses.” Quando os príncipes dos sacerdotes e os fariseus tiveram conhecimento da intervenção da mulher de Pilatos em favor de Jesus, mandaram espalhar entre o povo: “Os partidários de Jesus subornaram a mulher de Pilatos; se ele ficar livre, unir-se-á aos romanos e nós todos pereceremos” (EMMERICH, 1996, p. 236).

 

Outro fato interessante e muito belo na Obra de Catharina Emmerich é a compaixão de Cláudia Prócula, ou seja, uma mulher pagã que ao ver a Santíssima Virgem, naquele imenso sofrimento diante da visão de seu Divino Filho, tão desfigurado pelos maus-tratos dos carrascos, toma uma atitude surpreendente. Ela compadecendo-se da Santa Mãe de Jesus envia-lhe uns panos a Mãe de Jesus. A obra cinematográfica de Mel Gibson, A Paixão de Cristo, explora esta passagem de modo muito comovente. Vejamos a descrição que faz Anna Catharina Emmerich:

 

Quando Jesus, depois da flagelação, caíra ao pé da coluna, mandara Cláudia Prócula, a mulher de Pilatos, um fardo de grandes panos à Mãe de Deus. Não sei mais se julgava que Jesus ficaria livre e a Mãe do Senhor lhe devia tratar as feridas com esses panos ou se a pagã compadecida mandou os panos para o fim para o qual a Santíssima Virgem os empregou” (EMMERICH, 1996, p. 231). 

Os panos de Cláudia Prócula. 

Cena do filme A Paixão de Cristo de Mel Gibson.  


Porém, o Governador Pilatos por medo do Imperador e de uma insurreição do povo, bem como na sua covardia desejava agradar aos judeus, entrega Jesus à morte ignominiosa da cruz. Quanto a isto, ouçamos o que nos diz Catharina Emmerich:

 

Pilatos, que não procurava a verdade, mas apenas uma saída para a dificuldade, estava mais indeciso que nunca. A consciência dizia-lhe: “Jesus é inocente.” A esposa mandara dizer-lhe: “Jesus é santo.” A superstição dizia-lhe: “É um inimigo de teus deuses.” A covardia dizia-lhe: “É um deus e vingar-se-à.” (EMMERICH, 1996, p. 239).


E prossegue:


A ameaça dos judeus de acusá-lo diante do imperador, decidiu-se Pilatos a fazer-lhes a vontade, contrariamente à promessa que fizera à esposa, contrariamente à justiça e à própria convicção. Por medo do imperador, entregou aos judeus o sangue de Jesus, mas para a própria consciência não tinha senão água, que fez derramar sobre as mãos, exclamando: “Sou inocente do sangue deste justo, respondereis por ele.” (EMMERICH, 1996, p. 240).

 

Interessante que Anna Catharina nos dá até um relato da sentença de morte proferida por Pilatos contra o Salvador: 

 

“Compelido pelos Sumos Sacerdotes e o Sinédrio e ameaçado por uma iminente insurreição do povo, que acusavam Jesus de Nazaré de agitação contra a autoridade, de blasfêmia e de desprezo da lei judaica, exigindo-lhe a morte, entreguei-lhes o mesmo Jesus, para ser crucificado, não tanto movido pelas acusações, que em verdade não achei fundadas, mas para não ser acusado perante o imperador, de favorecer a insurreição e negar justiça aos judeus. Entreguei-O porque exigiram com violência a morte, como transgressor da lei; e com ele dois ladrões, já antes condenados, cuja execução fora adiada por maquinações dos judeus, porque queriam que fossem executados junto com Jesus” (EMMERICH, 1996, p. 242-243).


Pobre homem! Pobre Pilatos! Por não escutar a voz da sua razão nem a voz da sua esposa Cláudia. Que remorso este não sentiu pelo resto da sua vida após a morte de Jesus. Principalmente depois daqueles grandiosos sinais que sucederam à morte do Salvador. 










Amemos a Cruz do Senhor, porque nela só há Amor e somente Amor! 
(Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B) 

O trono de Cristo foi sua Cruz, com ela, ele, derrotou a morte. 
E nos resgatou de suas garras.

A Misericórdia do Senhor inundou o mundo inteiro.

Ele morreu, mas, em três dias ressuscitou vitorioso. 
E reinará pelos séculos dos séculos.


REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE JERUSALÉM (Ed. Revista). São Paulo: Paulus, 2002.

DHEILLY, J. Dicionario Bíblico. – Bacelona: Editorial Herder, 1970.

EMMERICH, Catharina Anna. Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus. / as meditações de Anna Catharina Emmerich. - São Paulo: MIR Editora, 1996. 

MORALD, Luigi. Evangelhos Apócrifos – Luigi Moraldi, tradução Benôni Lemos e Patrizia Collina Bastianetto. – São Paulo: Paulus, 1999.

VINCENT, Albert. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1969. 

Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9