Josefa Morais quando jovem em 29 de julho de 1946
Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
(Monge beneditino)
Salvador - BA – 26 de novembro de 2016
INTRODUÇÃO
Tive
o privilégio de conhecer e participar da vida desta família abençoada por Deus.
Também fui agraciado por participar de algumas aulas de catequese com dona Zezé,
como era conhecida na Vila de Apoti.
Pelo
seu porte refinado, tínhamos grande respeito e até um certo temor diante desta
guerreira de Deus. Quando nos encontrávamos diante dela, víamos uma figura de
uma inteligência admirável e de uma espiritualidade que nos impressionava. No
dia de seu falecimento em 20 de novembro de 1990 ao sabermos da
notícia que ela foi a óbito, toda a nossa Vila de Apoti, onde trabalhou com
muito amor na Capela de Santo Antônio, ficou enlutada. Porém ao mesmo tempo
felizes por ter mais uma intercessora no céu diante de nossa comunidade.
Outro
fato ocorrido é que meu irmão José Francisco dos Santos, aos 12 anos de idade
foi morar na casa de Josefa Morais (D. Zezé), para assim depois ingressar no
seminário menor de Surubim, Pernambuco. E minha família, mais tarde, mudou-se
da Rua São Pedro, para o seu sítio que se encontra na Rua Santo Antônio a
pedido do Senhor José Reis, em abril do ano de 1997. Sua casa estava sempre
aberta a Igreja, dizia ela: “que sua casa era dos Bispos e Padres”. Pois, hospedava
a todos que do clero viesse.
O
que mais me impressionava na figura de Dona Zezé era o seu grande amor pelo ser
humano! Tinha um jeito muito próprio em ajudar a quem precisasse. Quantos
pobres vinham a sua porta pedir-lhe ajuda. Principalmente no final de semana,
quando vinha do Recife para descansar em seu sítio na Vila de Apoti. Ela
atendia a todos com muita bondade juntamento com seu esposo e filha.
Aqui
expresso a família Reis Nogueira, minha gratidão e meu grande apreço!
Peço ao
bom Deus suas bênçãos sobre cada um de Vós.
Em Cristo Dom Gilvan Francisco dos Santos, O.S.B
Josefa Morais no jardim do casarão do Comendador Arthur Lundgren
Paulista, Pernambuco
Paulista, PE
Casarão do Comendador Arthur Lundgren
Paulista, Pernambuco
A igreja de Santa Isabel foi construída pela família Lundgren em homenagem a D. Elizabeth Regina, matriarca da família.
Interior da Igreja
Interior da Igreja
Uma Vida Santa
JOSEFA MORAIS NOGUEIRA
(Ir. Zezé de Souza)
*1919 +1990
A Ir. Zezé de Souza (Dona Zezé), nasceu em 19 março de 1919, em Bom
Jardim, Pernambuco, filha do Senhor Manuel Morais de Souza e de D. Maria José Morais de Souza. Seus
genitores eram descendentes de Franceses e Portugueses, mudaram-se para
Paulista quando a Ir. Zezé ainda era pequena. Foram à procura de trabalho. Eram
católicos praticantes e transmitiram a fé para a pequena Zezé.
Zezé
crescia e cada vez mais amava a Deus e a Igreja. Ela participava nas procissões
como anjinho. D. Maria, sua mãe, rezava noite e dia, era uma mulher muito
santa. O Senhor Manoel faleceu e Zezé ficou com a mãe e os irmãos e teve que
trabalhar para ajudar nas despesas da casa, sendo forçada a aumentar a idade
para poder trabalhar na tecelagem da fábrica dos Lundgren de Paulista. Seu melhor
amigo era o Padre Teodoro que a amava como a uma filha. O Padre Norberto também
a tinha em alta estima.
Por
seu jeito simples e autêntico despertava a inveja de muita gente e era
caluniada e perseguida, mas como ela mesma dizia: “Triunfava de tudo, porque tinha puros até os pensamentos”.
Ainda
jovem entrou na Pia União das Filhas de Maria e era chamada de “Zezé Feliz”, pois era um sinal de
alegria. Outros ainda a chamavam “a boa
Zezé”, por causa dos seus modos meigos. Trabalhou incansavelmente pela JOC
(Juventude Operária Católica). O seu Diretor Espiritual era o Padre Teodoro.
Ela
queria consagrar-se a Deus como freira, mas Deus lhe reservara outra vocação.
Na fábrica onde trabalhava, conheceu o jovem José Reis Nogueira Filho (*17 de novembro de 1926 - +17 de janeiro
de 1997), com quem se casara e tivera três filhos: Adriano Morvam Morais Reis Nogueira, Maria de Fátima Morais Reis Nogueira e Aulo Alexandre Morais Reis Nogueira.
O
senhor José Reis Nogueira Filho, era
filho do Senhor José
Reis Nogueira e da Senhora Francisca
Soares Nogueira.
Josefa
Morais, foi um exemplo de mãe, esposa e filha, pois cuidou de sua mãe com
solicitude até o fim de sua vida. Tinha seus pecados e defeitos, mas suas
grandes virtudes superava-os.
Como
mãe, educou seus filhos na moral e na fé católica, imitando a honestidade e a
fidelidade do pai. Como esposa, desempenhou o seu papel a exemplo das mulheres
louvadas nas Sagradas Escrituras. Ensinou aos filhos os caminhos do Senhor.
Enfrentou
com paciência e fé as enfermidade do corpo e agiu com equilíbrio e fortaleza de
espírito na morte súbita de seu primogênito, causando admiração a todos. Seu
primogênito morrera afogado, deixando três filhinhas e a esposa.
A
Ir. Zezé era uma mulher forte, santa, equilibrada, honesta e virtuosa. Trazia
consigo uma autoridade que fazia calar qualquer injustiça. Pregava a Palavra de
Deus com tanto entusiasmo e amor que chegava a encantar os corações dos
ouvintes. Era uma verdadeira missionária. Seu trabalho era a promoção da
dignidade humana. Trabalhava a partir da catequese de crianças e jovens para
alcançar os adultos. Era promotora da paz e da justiça. Falava de Nosso Senhor
Jesus Cristo com tanta doçura que seus olhos brilhavam como estrelas do céu.
Por
amar tanto a Jesus, entrou para Ordem Terceira de São Francisco, seguindo,
assim, os passos de sua santa mãe. Mais tarde sua filha também seguindo o seu
exemplo, tomou o hábito da Ordem Terceira. A Ir. Zezé já pertencia ao
Apostolado da Oração desde a juventude. Foi presidente deste movimento e da Pia
União e vice-ministra da Ordem Terceira de Paulista. Em Apoty (Vila pertencente a Cidade de Glória do
Goitá, PE), testemunhou a fé com heroísmo esplêndido, ao lado de seu esposo
(José Reis) e de sua filha (Fátima Reis).
A
vida da Ir. Zezé foi uma batalha. Um combate que mereceu a Palma da Vitória,
alcançada no dia 20 de novembro de 1990,
quando em meio a sonhos e colóquios divinos com o seu Deus e Senhor, sua vida
foi transformada e transportada para Deus, como diz o Apóstolo: “Para os que crêem a vida não é tirada, mas
transformada...” Ela morreu confortando o esposo e a filha que faziam as
últimas tentativas de socorro.
No
trajeto para o hospital, ela dirigia orações a Deus e pedia perdão pelos seus
pecados e intercalava as orações com palavras de conforto para a filha que a
segurava em seus braços e para o esposo que dirigia apressadamente para chegar
a tempo ao hospital. Mas sua hora de receber a coroa havia chegado e ali mesmo
no carro, ela entregou o seu espírito ao seu Deus e Senhor, como costumava
chamá-lo. Com muito zelo e saudade, sua filha, em meio a orações e lágrimas,
revestiu o seu corpo com o hábito da Ordem Terceira e seu corpo foi velado por
dois Padres: Padre Manoel Messias
Laurindo dos Santos, da Paróquia de Glória do Goitá, PE e Padre José Nivaldo da Paróquia da Boa
Vista. Após as orações próprias e cantos espirituais, seu corpo foi sepultado
no Cemitério Parque das Flores, em Jardim São Paulo, Recife, PE, ao lado de sua
mãe e seu filho, onde esperam a ressurreição dos mortos e a Vinda Gloriosa de
Cristo. Ela nos deixou um grande exemplo de amor e fidelidade e como
profetizou, deu frutos para a eternidade.
Texto do Irmão José Francisco dos Santos, O.F.S.
ALGUMAS FOTOGRAFIAS DA VIDA DE JOSEFA MORAIS E JOSÉ REIS NOGUEIRA
O Senhor Manuel Morais de Souza e Dona Maria José Morais de Souza, os pais de Josefa Morais.
Dona Maria a Mãe de Josefa Morais com seu neto Adriano, em Paulista, PE
Josefa Morais ainda jovem em Paulista, PE
José Reis jovem soldado
O jovem casal em Paulista, PE
Jovem em Paulista, PE
Jovem em Paulista, PE
Jovem em Paulista, PE
Com sua irmã Quininha em Paulista, PE
Com o Padre em Paulista, PE
Com o Padre em Paulista, PE
Dia do seu casamento em Paulista, PE
Dia do seu casamento em Paulista, PE
Com seus três filhos, Adriano, Mª de Fátima e Aulo em Paulista, PE
Seus três filhos, Adriano, Maria de Fátima e Aulo em Paulista, PE
Um retrato do casal
Ano Novo no apartamento da praia do Janga
Trabalhando no sítio da Vila de Apoti, Pernambuco
FRASES DOS ESCRITOS
DA Ir. ZEZÉ DE SOUZA, O.F.S
“Tive
a iniciativa de ir até ao confessor e depois de íntima confidência no tribunal
da Justiça Divina, experimentei um pouco da felicidade que goza os anjos no
céu”.
(12.03.1947)
“Sinto
no meu coração uma fé bem ardente no Coração Sagrado de Jesus”.
(26.04.1947)
“Os
nossos pecados falam sempre contra nós, deixando-nos sem paz e consolação”.
(03.06.1947)
“Meus
modos meigos, são dotes do meu coração e do meu espírito que são uma grande
fonte de generosidade”.
(03.06.1947)
“Eu
não ambiciono nada do mundo, eu quero passar por ele como se nele não tivesse
vivido”.
(13.06.1947)
“Sempre
fui vítima da inveja do povo, e também de calúnias infâmias, mas eu me sentia sempre
orgulhosa, cada vez mais alegre e feliz, triunfava de tudo isso, porque tinha a
minha alma, o meu corpo e o meu coração isento de pecados até os meus pensamentos”.
(18.07.1947)
“Quanto
mais rezo, mais quero me aproximar de Deus, mais me reconheço indigna e miserável”.
(29.07.1947)
“Em
mim se operam três fortes sentimentos: O meu amor que me incentiva a vida, o
remorso que faz sofrer e a confiança suprema em Deus”.
(29.07.1947)
“Nunca
se convença de sua dignidade, mas procure cada vez ser mais digno”.
(03.08.1947)
“Nada
vale mais, do que ter uma consciência limpa e sofrer por amor daquele que pode
recompensar”.
(06.08.1947)
“Não
sou capaz de proceder hipocritamente; jamais posso guardar em meu coração uma
pequena maldade”.
(06.08.1947)
“Meu
coração abraza-se de um verdadeiro amor e este amor há de dar frutos para a eternidade”.
(22.08.1947)
“Não
olho a beleza aparente, eu olho nas pessoas a grandeza de coração, a fortaleza
de espírito e a nobreza da alma”.
(15.10.1947)
“As
contrariedades da alma são mil vezes maiores que a do corpo”.
(26.10.1947)
“Zelarei
pela pureza do meu corpo não deixando que o mesmo se entregue a desejos que só
terei direito quando me casar”.
(26.10.1947)
“O
diabo não come nem bebe senão das artes que faz”.
(29.10.1947)
“O
verdadeiro amor é a imolação de nós mesmos por amor de outra pessoa”.
(29.10.1947)
“O
que eu admiro no mundo é a verdade, a justiça e a caridade, a onipotência, a
sabedoria e a misericórdia de Deus”.
(10.04.1948)
“Apesar
da minha ingratidão para com Deus, ele perdoa-me com doçura e me quer bem ainda”.
(06.07.1948)
“No
extremo do meu coração, existe um mundo não só de bondade e ternura, mas de
música e flores”.
(14.07.1948)
“A
oração é o momento mais feliz para uma alma piedosa, quando num colóquio
íntimo, entrega-se total e confiante ao seu Deus e Senhor.
(23.06.1984)
Ut In Omnibus Glorificetur Dei